29 de dezembro de 2008

Por um jornalismo mais rock n' roll



Django Reinhardt - Swing



Estamos no meio do porre das comemorações de final de ano...

Em breve, voltaremos com a programação normal.

Aguardem.

Novidades para 2009

23 de dezembro de 2008



22 de dezembro de 2008



ponte que vai pro continente
FLN

18 de dezembro de 2008

Após um intrincado semestre, finalmente volto à fotografia. Quase três meses, muita ocupação, poeira na lente. O dia ajuda, tem sol e o centro está movimentado. Com certeza acabo o filme de 36, apenas com 10 já batidas. Quase havia esquecido o prazer de andar a toa pela cidade, coa bolsa a tiracolo, o infindável trocar de lentes para cada instantêneo. Atenção a tudo, os detalhes que escondem boas fotos, os momentos que podem ser mais rápidos que o clic. Enquanto uns passam engravatados, cujas profissões devem ser mais "sérias" que a minha, apenas uma coisa me passa pela cabeça: ainda bem que sou fotógrafo.
Algumas já estão prontas na minha cabeça faz tempo. O prédio da secretaria na esquina da tenente silveira com deodoro; o enorme grafite na ponte. Finalmente no gravados no iso 200. Sim, acho que foi uma saída proveitosa. Amanhã pego o cd coas fotos escaneadas, espero que fique bom.

9 de dezembro de 2008

Estava mais tranqüilo. Ainda confuso, porém, até mais do que pretendia. Chegou em casa antes do normal, não sabia quem devia ter encontrado, dúvidas que procurava se distanciar a cada gole. Normal, sua vida seria assim dali para frente. Dizem que jornalistas fundamentalmente bebem e fumam em quantidades consideráveis. Precisava se ajustar a profissão. O computador tinha uma série de páginas abertas, as quais não olhava nenhuma direito. O cinzeiro vermelho comprado na tok&stock de são paulo aos poucos era tomado pelas cinzas. A garrafa de black label aberta três dias antes quase cheia. Não se acostumara com tal bebida. Ainda assim, vagarosamente saboreava ou quase engasgava com o destilado. Não importa.

Pensava no búfalo da noite, filme mexicano que vira no outro final de semana. Não estava com ela, mas seria bom. A película quiçá encaixava-se bem com o que passava, e tinha um quê da vitalidade dos jovens. Um triângulo amoroso entre dois melhores amigos e uma meninna que acaba se envolvendo com ambos. O protagonista, além dela, tem outra na qual se refugia, talvez numa mistura de incerteza e alívio.

"Podia muito bem participar dessa história", pensa. Os cortes em seus braços já não incomodavam tanto, apenas completavam seu estilo, pensava. Sentado no sofá olhava a perna, fechada com motivos orientais, nas orelhas apenas o espaço vazio pouco menor que uma tampa de garrafa de cerveja. Os pés descalços arrastados no sofá, chico cantando as vitrines, gostava da canção. Meias encardidas do dia exaustivo agora encostam-se na parede, à espera de quem as leva ao tanque.

Foi até a janela, acendeu outro cigarro. Ficava a olhar a rua por minutos inunterruptos, acometido por uma espécie de transe que apenas a janela do 11º causava. Por que não, não... esvaiam-se idéias sem conclusões lúcidas. Deu outro gole no uísque, tossiu. Foda-se. Tenta escrever, não consegue. Ela não lhe sai da cabeça, era o que mais queria. Queria sossego, aproveitar cada coisa a seu tempo. A chuva que começa lentamente a cair tranquiliza um pouco. Pensa em ligar, talvez tenha medo. Impossível adivinhar o que acontecerá, o que de certa forma piora as coisas. Se ao menos agisse de outra forma. Na verdade, pensa, apenas foge do que mais tem vontade. O que não faz o menor sentido, mas quem disse que as ações de cada um precisam de sentido? As suas tinham sentido enquanto representavam a realidade que vivia. Lembrava do filme, podia sim ser diferente.

Sentou à frente do computador, num misto de inspiração e fúria, alguma coisa útil sabia fazer, pelo menos isso. Não beberia no gargalo, embora quisesse apenas pela sensação de quebrar alguma convenção. Idiota, pensava, para que. Acendeu outro cigarro, lembrou da viagem, da carona, ela sequer passava por sua cabeça. As coisas mudam quando menos se espera. Calçou o vans slip-on vindo de madri, catou uma camiseta. Nem precisaria passar no posto para abastecer o carro.

8 de dezembro de 2008





Florianópolis

4 de dezembro de 2008

Esporte, saúde e administração

Imagine um escritório de uma multinacional. Executivos de terno e gravata, ambiente sóbrio, pessoas trabalhando concentradas em suas “ilhas”, como se estivessem em um universo paralelo. Todos só se conversam por e-mail ou em reuniões demoradas em salas abafadas, quando o ar-condicionado está com defeito. Agora, esqueça isso e pense em um maratonista. Ao ar-livre, correndo e se preocupando apenas em terminar a prova. À sua volta, apenas prédios, paisagens e pessoas. À primeira vista, são coisas completamente distintas, certo? Errado. Leia esta história e entenda o porquê.

Desde os seis anos de idade, José Roberto Barros pratica esportes. Só de judô, foram 20 anos, nos quais disputou diversos campeonatos, como jogos abertos em São Paulo, estado onde nasceu, e até uma seletiva para os jogos pan-americanos. Pouco depois de terminar o Ensino Médio, mudou-se para Florianópolis, onde cursou Engenharia Mecânica na Universidade Federal de Santa Catarina. Formou-se aos 22 anos.

Porém, a correria da vida de um recém-formado o fez deixar um pouco os esportes em segundo plano. Dos 22 aos 32 anos, praticamente deixou de fazer atividades físicas. Em vez de pesos de halteres, carregou consigo 20 quilos a mais de massa corporal.

- Fiquei relaxado durante esse tempo. Só voltei a fazer exercícios depois de um problema no nervo ciático, em 2001, quando os médicos me proibiram de praticar qualquer atividade física – conta ele que teve que esperar o fim do tratamento para voltar às atividades.

Depois do problema, fazer exercícios apenas pela prática já não importavam. Ele percebeu que era necessário diminuir seu peso. Até o esporte a ser praticado mudou. Do judô, José Roberto foi às ruas, ou melhor, às corridas de rua. Com planejamento, decidiu participar da tradicional Corrida de São Silvestre, em 2002. Entrou em uma rígida rotina de treinamentos, correu e terminou a prova, que tem cerca de 15 km de extensão.

O gosto pelas corridas e o bom resultado dos treinamentos no que tange à sua forma física o fizeram planejar caminhos mais longos. Aumentou o ritmo de treinamento e, em 2004, correu a primeira maratona. De lá para cá, já foram cinco. No mês de novembro passado, correu a Maratona de Nova Iorque e terminou na 5300ª colocação no geral. Contudo, pela sua idade, 37 anos, correu na categoria mais forte, a mesma do vencedor, o brasileiro Marílson dos Santos. Dentre os corredores brasileiros, ele foi o 36º.

Só nessas provas, ele já percorreu quase 211 km. Seu objetivo é correr o equivalente a uma volta na linha do Equador, cerca de 45 mil km, até os 55 anos de idade. Segundo suas contas, ainda faltam 30 mil.

Mas para conseguir todos esses objetivos é necessário muito planejamento. Principalmente pelo fato de o professor conciliar a vida de casado, a de mestre em sala de aula, a de palestrante e, a de estudante – terminou o doutorado em engenharia de produção há poucos anos – e a de atleta. Tudo ao mesmo tempo, quase sem descanso. Para correr a Maratona de Nova Iorque, foram 1700 km percorridos ao longo deste ano. Isso significa, três pares de tênis, cada um custando cerca de R$ 500, e que duram por volta de 500 km cada um. Além disso, no ano passado teve uma lesão no quadril, que custou, além dos treinamentos, um tratamento com médico e fisioterapia. Em suas contas, cada quilômetro de corrida custa R$ 3.

Todos esses cálculos e metas são levados por ele à sala de aula, na universidade e nas palestras que profere em colégios de ensino médio, junto ao programa Unisul.Futuro, que o auxiliou com a parte de alimentação na corrida em Nova Iorque. Em seu computador, cada um dos treinamentos está guardado, com números que mostram desde a distância percorrida em cada dia até o gasto calórico e batimentos cardíacos em cada trecho.

Na Unisul Business School, José Roberto leciona a disciplina de Educação ao Ar-Livre. Nela, ele mostra aos alunos que o planejamento necessário para as atividades que propõe – como provas de mountain bike, por exemplo – não difere em quase nada do mesmo planejamento necessário para se gerenciar uma empresa. Segundo o professor, nessas atividades, os acadêmicos desenvolvem habilidades de relacionamento e gerenciamento que são fundamentais para o bom funcionamento de uma empresa.

O mesmo ocorre nas palestras da Unisul.Futuro. No programa direcionado a jovens em período de prestar o vestibular, José Roberto desmistifica a dificuldade da aprovação.

- Com a minha experiência nessas maratonas mostro que o difícil não é passar no vestibular. O problema é planejar como serão os estudos ao longo do ano e a preparação. Isso é o que difere aqueles que serão aprovados dos que não serão – avalia José Roberto.

2 de dezembro de 2008

O restaurante estava mais cheio que o habitual, talvez por chegar quase meio dia e trinta, quando normalmente almoçava trinta minutos antes. Tudo bem, pouca fila. Não, o cheiro da comida não lhe chama atenção, seu olfato percebe algo muito mais sutil. Olha para os lados, para a porta, não a vê. Reconheceria aquele cheiro em qualquer lugar. Pouco mais de dois meses, era normal que estivesse daquele jeito. Sua cabeça deveria estar pregando uma peça, além do mais perfumes não são exclusividade dela. Aquele, contudo, era sim exclusivo, embora só os dois soubessem.
Lembrava de cada passo, saíra cedo do pequeno hotel à rue pierre charron. Estava a alguns quarteirões da champs-elysèes, caminhava sem preocupações enquanto um manso sol aos poucos aparecia. Tiveram uma noite ótima, sempre achava que tê-la em seus braços era a melhor sensação do mundo, mas ali tudo parecia um pouco mais vibrante. A excepcional janta, sua pele clara coberta apenas pela camisa xadrez que sempre usava para dormir; o braço tatuado movendo-se furtivamente enquanto ela andava pelo quarto de paredes escuras e lustre majestoso. Mesmo o sabor do château lafite, degustado na varanda em um pequeno sofá verde-oliva centenário era melhor se junto ao dela.
Talvez fosse o ar da cidade, sempre ouvira histórias de paris. Encantava-se com a simplicidade e sensibilidade dos romances de truffaut, certamente ali os dois poderiam ser personagens de alguma de suas tramas. O comércio já estava aberto, pessoas para lá e para cá, às quais aquela paisagem era completamente trivial. Para ele não. Entrou em algumas lojas, pelo menos seu francês arrastado era bem compreendido. A loja de perfumes começou a ganhá-lo apenas pela vitrina, com antigas luminárias à óleo. Foi mais por curiosidade que adentrou, logo recepcionado por uma moça de pouco mais de 24 anos. Explicou que apenas conhecia a loja, que era brasileiro, que estava comemorando dois anos de namoro etc. A vendedora era de lens, estudava moda na capital. Também era-lhe muito atraente. Logo pegou um frasco de amostra, "é o que uso", borrifando duas sprayzadas nele.
Foi até uma estante, duma pequena caixa tirou um pequeno vidro azul, cujo formato lembrava a lâmina de uma faca; preso à tampa um L estilisado cravejado de pequenos brilhantes. "Comme un doux baiser intime et charnel...". Sua voz, seu cheiro, tudo naquele momento foi-lhe muito próximo, quiçá até demais. Não pensou, apenas pediu que ela fizesse um belo embrulho.
Saiu ainda um pouco entorpecido da loja, parou num dos cafés da famosa avenida e sentou na mesa da rua. Admirava o laço, o papel azulado, como se fosse uma obra de arte. Pediu um café com conhaque e canela, esticou as pernas e olhou o céu. Era um bom presente.

1 de dezembro de 2008

O encontro das águas

(para ser lido num dia de chuva)

Há dias, o sol insistia em não aparecer. A chuva já havia umedecido todos os grãos de areia e os saleiros pareciam potes de água salobra. Com um tempo desses, ela não era a única a saber que a combinação perfeita seria um livro e um cobertor em frente à lareira. A maior parte de seus amigos com certeza estava a fazer o mesmo. E ela não resistiu. Chegou à estante e, apenas na sorte, tirou um livro qualquer.

Shakespeare, Romeu e Julieta. Um clássico. E por que não? Eram as palavras do mestre do século 17 que haveriam de embalar a tarde de tempo fechado. Diferente dos últimos dias, nesse, ainda não chovera. Apenas o frio persistia. Preparou um chá de limão e deitou envolta com as cobertas pesadas.

A história triste do casal mais famoso da literatura, naquele dia, a comoveu. Enfim, a chuva chegara. Não era forte, apenas uma garoa. Nem vento havia. Em meio ao enredo do livro, ela não conteve as lágrimas e uma delas caiu no mesmo instante em que uma gota de chuva bateu e grudou na vidraça.

Seriam apenas duas gotas: uma lágrima e uma de chuva. Água doce e salgada, separadas pela janela de vidro. Assim como o jovem Montecchio jamais poderia ficar junto à bela senhorita Capuleto, como a água e o óleo, as duas gotas permaneciam inertes em seus lugares.

Ela percebeu as duas gotas. Em sua mente imaginou um amor à primeira vista entre aquelas duas pequenas porções líqüidas. Poderia uma lágrima se apaixonar por uma gota de chuva? Ela observou as duas, atentamente. A janela, não poderia abrir, pois a gota de chuva se moveria e talvez sumisse. Mas ela podia controlar o criado-mudo, onde a lágrima ainda persistia sem evaporar.

Incrivelmente, a cada movimento que levava a lágrima mais próxima da janela, a gota de chuva também se movia. “Querem se encontrar”, pensou ela. Ao contrário do usual, ao se moverem, nem a lágrima e nem a gota d’água deixavam qualquer rastro nos centímetros que percorriam. Ela começou a achar que a brincadeira de outrora tinha se tornado algo sério.

Então, podem ter se apaixonado. Mas como aproximar a lágrima da chuva? Sim, numerosas canções e poemas já o fizeram. Entretanto, fisicamente a tarefa parecia impossível. Ela pensou bastante, mas não chegava a uma saída. Recolher as duas e colocar num mesmo recipiente poderia ser fatal para uma. E se a lágrima caísse no tapete ou a gota de chuva rolasse de vez pela janela? Queriam se unir, mas parecia impossível.

A distância entre a janela e o móvel tinha cerca de um metro. Além disso, o vidro impedia o contato com a gota d’água. Da mesma forma, o móvel de madeira poderia, em alguns segundos, absorver aquela lágrima, que insistia em permanecer sobre ele.

Ela arriscou. Lentamente, abriu a pesada janela de madeira. Cada milímetro erguido poderia ser fatal para aquela gotinha de chuva. Ela nunca abrira aquela vidraça com tanto cuidado. Em sua mente, os dois fragmentos líqüidos queriam realmente se encontrar. Romeu e Julieta tomaram conta de seus neurônios que, naquele momento, só queriam ajudar a que este possível “casal” se unisse.

A janela estava aberta, contudo ainda não era possível unir as gotas. Ela desistiu. Mas a brisa fria que entrava pela janela lhe era agradável. Resolveu deixá-la aberta. Deitou. Retomou a leitura. Caiu em si e percebeu que a brincadeira havia se tornado séria demais. Teria enlouquecido? Talvez não. Provavelmente, a magia das letras a hipnotizou por aqueles instantes. Esqueceu tudo e retomou sua vida. Os dias passariam e ela jamais lembraria daquele dia novamente.

Porém, ao seu lado, a física resolvia as coisas. Incrivelmente, as duas gotas começaram a evaporar ao mesmo tempo. Cada uma das moléculas, de uma gota e da outra, se misturavam lentamente com o ar. Se não era possível se encontrarem na “vida”, que assim seja na sua “morte”. Romeu e Julieta estavam juntos no éter. Ela só se deu conta quando terminou a última página do livro.

30 de novembro de 2008

O eco da contemporaneidade

Psicóloga, antropóloga e sociólogo falam sobre a possível relação entre o modo de viver em nossa sociedade e desequilíbrios de comportamento como a compulsividade



A tecnologia sempre evolui e traz cada vez mais praticidade ao ser humano. Hoje, o computador e a internet possibilitam a realização de tarefas em poucos minutos, transmitindo através de cliques ações que antes dependiam de idas ao supermercado ou ao banco. Compras, pagamento de contas, transições bancárias e até reuniões de trabalho podem ser feitas on-line. As chamadas redes de relacionamento mostram que inclusive a aproximação social das pessoas é priorizada quando acontece no meio virtual: o estudo Digital World (State of the Internet) avalia que 530 milhões de pessoas em todo o mundo visitam Orkut, MySpace, Facebook etc. Preocupamo-nos em saber quais são os novos e-mails na caixa de entrada do correio eletrônico, mas não nos empenhamos em dizer bom dia ao desconhecido que está no mesmo ponto de ônibus nas primeiras horas da manhã à caminho do trabalho.

Duas simples observações que podemos fazer em qualquer trajeto na cidade nos permitem perceber quão os hábitos urbanos tornam-se cada vez mais fechados. A primeira: a grande quantidade de automóveis que circula nas ruas com apenas uma pessoa em seu interior. Com o medo ocasionado pela violência, dar carona tem se tornado um fato pouco freqüente. A possibilidade de financiamentos e o transporte público que não corresponde às necessidades do dia-a-dia favorecem a proliferação de veículos particulares nas vias. O segundo hábito que podemos facilmente constatar tem relação com o número de pessoas que andam pelas ruas usando fones de ouvido, com a atenção voltada à música alta, bloqueando a percepção do que acontece ao redor. Essas duas observações remetem à individualização dos costumes sociais, fazendo com que o espaço urbano seja um lugar de convívio sem interação entre os seres.

Analisar o individualismo como propulsor do desencadeamento de sintomas psicológicos no comportamento humano consiste em uma relação perfeitamente possível na visão de psicólogos, antropólogos e sociólogos. A compulsão, por exemplo, pode estar ligada ao descontrole dos impulsos de compras, de alimentação, de diversão e de sexo. A sociedade em que estamos inseridos suscita atitudes dessa natureza, mas a professora e psicóloga Maria do Rosário Stotz lembra: “Freud já estudava isso no início do século passado. O sintoma não é novidade”. Em meados de 1900, portanto, a compulsão já existia. As mudanças constatadas por estudiosos e especialistas estão apenas na freqüência e no tipo de ação que desencadeiam a compulsividade. “Hoje, existe uma alteração lógica do tempo, tudo é mais rápido imaginariamente”, explica Maria ao falar sobre as condições da atualidade que propiciam o diagnóstico.

É fundamental o esclarecimento das diferenças entre o significado de compulsão para o senso comum e a compulsividade como patologia psicológica. O termo “compulsivo” é usualmente atribuído a pessoas que, por exemplo, abusam nas compras ou no consumo de alimentos, sem chegarem a condições extremas destes atos. Na interpretação da psicologia, porém, a compulsão consiste em uma doença. Neste caso, a intensidade e a causa são um pouco diferentes.

A compulsão trata-se de uma alteração da vontade - considerada uma função psíquica natural do ser humano. De acordo com Maria do Rosário, são quatro os estágios por que passa toda ação: primeiro, temos um desejo, uma intenção ou um propósito; depois, decidimos por satisfazê-lo ou não, ou seja, passamos pela etapa da deliberação com uma ponderação consciente dos motivos e conseqüências; a penúltima etapa é a da decisão; por fim, temos a execução, quando surgem as atitudes necessárias à consumação dos propósitos. Ao contrário do impulsivo, que pula as etapas de deliberação e decisão, um compulsivo passa por todas elas. O fato é que, na terceira etapa, o indivíduo com o sintoma da compulsão decide por não executar o ato e, ainda assim, não consegue responder à sua decisão e faz o que incoscientemente deseja.

A repetição e a freqüência de atos mentais ou de ações propriamente ditas caracterizam a doença. “A compulsão é um sintoma e o sintoma sempre serve para manter o organismo em equilíbrio, aliviando uma tensão psíquica e perseverando o comportamento”, detalha Rosário. Geralmente, o compulsivo evita falar sobre a doença e não gosta de demonstrar as atitudes em público.

Enquanto caminha, a garota precisa parar sucessivamente para encostar suas mãos nos lugares e objetos por que passa. Outra necessidade é a de pisar sempre no centro de cerâmicas ou lajotas no chão, sem atingir as linhas. Um rapaz verifica várias vezes se trancou a porta do carro, se tudo do que precisa está na mochila, se desligou o ferro. Não consegue manter a calma quando não repete a ação, no mínimo, cinco vezes em um curto espaço de tempo. Isso os perturba, apesar do breve alívio decorrente da ação necessária. A psicóloga Mara Regina de Souza conta que o compulsivo se exclui e individualiza seus atos. Para ela, a doença hoje em dia é mais freqüente e isso é resultado do modo de viver contemporâneo. “Vivemos em uma sociedade que cultua o consumo, em que tudo é rápido. As pessoas querem acompanhar isso e muitas vezes não podem”, detalha Mara.

Na visão da antropologia e da sociologia, a crítica aos hábitos urbanos atuais não diverge deste argumento. A professora Sônia Maluf, antropóloga e pesquisadora da área de saúde mental e cultura contemporânea, aponta a perda dos espaços de sociabilidade como a principal causa de manifestações comportamentais como a compulsividade. “O que se percebe é que vivemos uma cultura de excessos, consumo, informação. O regime capitalista cria dispositivos de dissociabilização”, comenta Sônia.

A antropóloga utiliza o exemplo dos shoppings para ilustrar sua fala, lembrando que antigamente o costume de encontros e conversas nas praças das cidades era uma tradição social. Hoje, a praça tem vitrines, é cercada pelo consumo e quem circula por ela não interage com nada além dos produtos à venda. Isso gera uma incompletude no ser e, conseqüentemente, uma necessidade de compensação que ele muitas vezes encontra em atos como a compulsão. A diferença do que propõe a psicologia, no entanto, está no fato de que a antropologia compreende a enfermidade como um fenômeno resultante de uma manifestação conjunta; ou seja, a compulsão não é entendida como algo individualizado e patológico, mas sim como um acontecimento ligado ao esvaziamento coletivo, uma conseqüência da angústia social.

A sociologia também critica a sociedade contemporânea. Felipe Jovani, professor e sociólogo, cita a mídia como motivadora da reversão comportamental do ser humano. “As pessoas são muitas vezes compelidas a serem compulsivas devido a incessantes propagandas televisivas dirigidas ao consumo”, exemplifica. Felipe compara o grande volume de novidades e atualizações tecnológicas constantes ao estímulo inconsciente ao consumo provocado nas pessoas.

Em comum aos diferentes pontos de vista está a existência da angústia de alguém acometido pela compulsão. Quando uma pessoa passa a causar sofrimento a si e aos indivíduos que com ela convivem, a melhor indicação é a procura de ajuda com tratamentos psicológicos ou alternativos. Vale lembrar que a sociedade não é a única culpada por este tipo de comportamento, mas pode ser um fator que contribui com o incentivo a determinados hábitos que afastam socialmente os seres humanos.

28 de novembro de 2008

Somos problemas sociais

Era para ser um post comemorando o fato de estarmos com tudo pronto para a formatura. Como a Li...! já disse, seremos sempre aspirantes, pois não deixaremos de aprender coisas novas a cada dia de nossa jornada. Contudo, descobri, nesta semana, que eu e todos os meus colegas da oitava fase seremos mais um estorvo na sociedade (e na conta bancária de nossos pais).

O motivo: não somos jornalistas! Não importa termos terminado todas as matérias do curso e só aguardar pela colação que ocorrerá no fim de março. O problema está na burocracia da lei trabalhista. Mesmo que arrumemos vagas de trabalho, sem o registro profissional não seremos contratados.

E o que nos falta para fazer o registro? Precisamos do certificado de colação de grau, que nos será entregue no dia da formatura. Sem isso, não é possível dar entrada no pedido, que deve ser feito na Delegacia Regional do Trabalho.

Antes disso, como diz Alessandra, colega de estágio minha e do Pedro e que está na quarta fase do curso, somos "problemas sociais".

27 de novembro de 2008

A cabeça não se desvencilha dos pensamentos que remetem ao ontem. Ainda é recente demais! E, pelo esforço, esse sorriso, essas lágrimas de alegria e as explosões de felicidade devem ser mastigadas, ainda, por muito tempo! Pensando nisso - e em complementação ao post do Samuka [que acho, sim, pertinente! Nós merecemos!] -, escrevi algumas palavras que me vieram no impulso dessa sensação tão boa. Este blog ganha um temperinho a mais e entra em uma nova etapa a partir de então. Ele nos significa muito e faz parte de todo este processo. Obrigada a todos que contribuíram, de alguma forma, com qualquer pedacinho desta trilha!



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Sem título que caiba



Tensão. Nó na garganta. O corpo não responde às tentativas de sôssego. O tempo passa rápido, aumenta o compasso; o coração inventa de acompanhá-lo e acelera. São quatro meses revertidos em 15 minutos. Ou melhor, mais do que isso: são quatro anos revertidos em 15 minutos. Não, é ainda mais: 21 anos em 15 minutos. Talvez seja por esse motivo que, no ato, os ponteiros parecem não cumprir com sua tarefa de percorrer um quarto do círculo no pulso. As palavras saem descontroladamente, ora tropeçando em gagueiras, ora escorregando em esquecimentos breves. Por fim, os aplausos. Missão cumprida será? Chegam os comentários, as sugestões, alguns elogios, as provocações. Mais uma vez, o tempo faz suas trapaças. A espera é agoniante. Os minutos se desdobram.


É 10.


Opa, tem matemática aqui? 21 anos divididos em (4 vezes 12 meses); subtrai-se (4 vezes 30 dias) e tudo isso equivale a 15 vezes 60 segundos. Acabou? Não. E não há matemática que dê ou faça conta da infinitude. A camisa de jornalista vinha sendo tecida durante o cálculo passado para ter como resultado o vestir para caminhar por ora, sabe-se lá para que onde. Por isso, aspirações continuam. O aprender vem com o sempre.




Aspirantes a jornalistas hoje, amanhã e depois. Agora, nota 10!
Pedro disse que deveríamos publicar isso, mas sou contra. Como a Li...! não está, vou dar essa colher de chá ao pirralho (dois anos mais novo que eu) e enfim falarei disso. Ainda acho que um pouco de humildade seria bom neste momento, mas há uma voz em desacordo com isso.

Sim, nós três fomos premiados com nota 10 nas apresentações de nossas monografias, ocorridas durante esta semana. Por termos obtido nota final superior a 9, nossos trabalhos estarão disponíveis em breve para download na página da biblioteca da Unisul. Informaremos a respeito também.

Os temas apresentados foram:

Arielli: Jornalismo com humor: análise discursiva da versão brasileira do programa televisivo Custe o Que Custar
orientação: Ms. Helena Santos Neto

Pedro: A cobertura do Diário Catarinense sobre a Revolta da Catraca em 2005
orientação: Ms. Marta Scherer

Samuel: Podcast: acontecimento discursivo?
orientação: Ms. Helena Santos Neto

Antes que eu me esqueça, parabéns também a todos os nossos colegas de curso, cujas notas, segundo soubemos até este momento, são muito expressivas também.

23 de novembro de 2008

Engraçado, apesar - ou por causa - de ser fotógrafo, não é meu hábito parar para olhar fotos "de família". Acabo ficando mais preocupado em ensaios ou coisas do tipo, e as que na verdade significam mais para mim ficam um pouco de lado.
Parei para pensar nisso hoje de tarde, enquanto mostrava as fotos da viagem a bh para pai e mãe. No meio do monte de instantâneos eu, meu primo aloprado e a namorada dele comendo fígado com jiló no mercado municipal, ou com minha prima tomando café na travessa. Puta merda, não é ruim lembra isso, mas de certa forma é ruim ver que momentos tão bacanas passaram e hoje resumem-se a boas lembranças. Esse tempo lá foi muito bom para mim, talvez seja por isso.
Os passeios no pátio savassi, jogos no minerão, um boteco melhor que o outro, placas adesivadas, cafés da manhã engraçados e animados, mais uma dezena de coisas; sobretudo estar com pessoas das quais muito gosto. Mas isso é o bom da fotografia, nos remeter a coisas boas, e fazer com que sempre lembremos delas. De certa forma realmente paramos um momento do presente e presevamo-nos para sempre. Não é a toa que ela fez tudo que fez e representou tamanha mudança na vida do homem. Isso é o principal da brincadeira. Ainda bem que sou fotógrafo.

22 de novembro de 2008

Não tem quase ninguém na livraria catarinense. Também, com a chuva que cai ninguém muito certo viria para o centro sábado de manhã. Eu vim. Faz três meses que não pára de chover em florianópolis. Nesse período o sol apareceu em no máximo umas quatro ocasiões. Duas delas com chuva junto. Não fala-se mais "tá chovendo hoje", mas sim "tá chovendo muito/pouco hoje". De qualquer forma, minha competente capa de chuva funcionou até a livraria, onde fui pesquisar um pouco mais sobre tatuagens para minha reportagem. Não lembro direito o nome do livro, mas era da cosac&naif. Feito para adolescentes na verdade, linguagem simples, bem explicativo. Ou seja, me forneceu bastantes informações úteis. Sobretudo para poder dizer que na índia alargadores são símbolo de superioridade espiritual e intelectual. Ainda pondero se passarei para oito milímetros. Indo embora ainda deu tempo de espiar alguns discos, mas nada que chamasse a atenção - ou melhor, que chamasse a atenção e o preço idem. Essa semana volto lá, de repente levo o dvd do los hermanos, está R$ 25.

19 de novembro de 2008

Uma palestra "muito bonitinha"

Chuva, gripe ou afazeres monográficos: nada impediria os aspirantes de estarem presentes em mais uma oportunidade de assistir ao Marcelo Tas.

Às 19h05 descemos do carro depois de muito contar com a sorte para conseguirmos uma vaga próxima à Assembléia. Dentro, as cadeiras vagas não passavam de três dezenas. A penúltima fila não é de todo mal quando você encontra a quantidade ideal de cadeiras para sentar junto aos amigos.

Sem ar condicionado ou ventilação, o clima abafado do auditório não foi obstáculo durante as duas horas de palestra. Marcelo Tas falou sobre tecnologia utilizando situações da própria vida como exemplo. Lá estava, na parede, o garoto que entrou na faculdade de engenharia e acabou contemplado por uma bolsa de jornalismo nos Estados Unidos. Foi na New York University que descobriu o computador ao entrar num andar do prédio da universidade onde nunca havia estado. Assim, teve início a paixão pelas novas possibilidades de comunicação.

Todo conhecimento e toda experiência do âncora central do CQC foram driblados pelo aparelho que comandava a apresentação no computador. "A gente tá sempre aprendendo a mexer!", justificou Tas quando trocou muito rápido as projeções e se atrapalhou ao usar a ferramenta.

Um momento bacana foi a pergunta que instigou a platéia: "Que invenção mais acelerou o conhecimento humano?". Dentre as alternativas, estavam a roda, a eletricidade, o livro, os números e o computador. A única resposta capaz de derrubar a pegadinha da questão foi justamente a que ninguém ousou falar. Tas recordou o episódio do surgimento da imprensa e ressaltou a importância dos livros para a difusão do conhecimento. O detalhe é que as primeiras impressões não tinham páginas numeradas e somente mais tarde, com números, pessoas em diferentes lugares tiveram a possibilidade de estar em lugares diferentes olhando para o mesmo lugar, ou "a mesma tela", nas palavras do palestrante.

De uma forma muito simples, o homem multimídia explicou a invenção do PCM (Pulse Code-Modulation) pelo inglês Alec Reeves, em 1938, e brincou: "ele foi o cara que inventou a pirataria!". Isso porque o PCM é uma atribuição numérica à ondas sonoras, uma espécie de decodificação, que permite a troca e a cópia de arquivos sem perda de informações, tanto em aparelhos eletrônicos como na rede mundial de computadores.

O último conselho de Marcelo Tas foi o "tempo presente". Ele ressaltou que vivemos sempre ansiosos com o que está por vir ou angustiados com o que já foi, esquecendo-nos de que a única ação possível é no agora. Finda a palestra e prontos para seguir o que nos foi aconselhado, os Aspirantes foram em busca de seus objetivos a fim de trocar idéias com o careca mais brilhante e simpático do Brasil.

No primeiro contato, interceptado por seguranças, conseguimos entregar a ele um papel com o endereço deste humilde blog. Depois, já no espaço externo da Assembléia, os quatro meses transformados em 50 páginas da minha monografia (cujo tema contempla o CQC) foram entregues ao Tas enquanto ele entrava no carro num ato encorajado por meu amigo Pedro. Não vou dizer que minha pesquisa está digna de elogios, afinal o tempo é muito curto. Mas...digamos que um dos caras que mais admiro no meio jornalístico está com um texto "bem feitinho" em mãos, apesar do improviso da impressão e dos rabiscos entre as palavras.

Loucura, custe o que custar.



"Beijo, me liga" pra Mari, que esteve com os Aspirantes no evento!




Marcelo Tristão Athayde de Souza parece mesmo cultivar os cabelos dentro da cabeça: aqueles neurônios cabeludos guardam uma inteligência e um carisma de se admirar. Camiseta preta, sem estampa e com mangas compridas; óculos quadrados e com armação grossa, também preta. O assustador professor Tibúrcio, o Telekid, o Ernesto Varela ou o âncora do CQC: Marcelo Tas esteve ontem em Floripa, na Assembléia Legislativa do Estado de Santa Catarina, ministrando uma palestra sobre criatividade na mídia digital. Faltaram cadeiras e sobraram aplausos.






Post saindo do forno...calma aí!

17 de novembro de 2008

Os trutas do DC



Se não me engano, foi Antônio Conselheiro, lider do grupo de pessoas que participaram do movimento que culminou na Revolta de Canudos, quem previu que o Sertão virará mar.

Bom, se é verdade, eu não sei. Mas se depender do que ocorreu no município de Urubici, no PLANALTO Oeste de Santa Catarina, os moradores daquela região tão devastada pelas secas constantes podem ficar esperançosos.

Como podemos ver nessa imagem, publicada na manhã de hoje pelo Diário Catarinense, os moradores de Urubici trocaram as varas de pesca e as minhocas para pegar trutas nos rios da região pelas tarrafas e barcos de pesca de tainhas.

Não entendeu? Clique na imagem acima e leia na seqüência: manchete --> foto --> legenda.

14 de novembro de 2008

Ainda deitada esticou os dedos e abriu uma fresta na cortina. Sol. Duas semanas que não acordava sem ver o céu cinza. Não reclamava, nem gostava muito de praia mesmo. De qualquer forma, achou ótimo num movimento rápido abrir toda a cortina, deixando a luz do sol aquecer sua pele clara e seus braços riscados. Um vento fresco e revigorante entrava pela fresta na janela, agitando seu top cinza.

Vasculhou o chão à procura das pantufas de urso - presente do irmão - mas só via tênis e meias sujas. Olhou embaixo da cama, por alguma razão elas sempre paravam ali. Passava pouco das oito, sua cabeça ainda doía um pouco. Foi até a cozinha, as garrafas ainda estavam sobre a pia, cinco copos sujos, cinzeiro transbordando. No balcão potinhos com restos amendoins, castanha, batatas fritas prontas, toalha esfarelada. Merda - pensou - bem que aqueles putos podiam ter limpado alguma coisa. Abriu a sala, o dia combinava com algo descontraído. Foi até o som e deu play no disco da Orquestra Imperial.

13 de novembro de 2008

Por um jornalismo mais rock n' roll



Jimi Hendrix - The Wind Cries Mary

Uma pequena homenagem deste singelo blog ao baterista Mitch Mitchell, que morreu ontem, em Portland, nos Estados Unidos, aos 61 anos. Ao lado de Jimi Hendrix e Noel Redding, Mitchell fez parte daquele que, na minha opinião, foi o maior power trio da história do rock, o Jimi Hendrix Experience.

12 de novembro de 2008

Onze de novembro de 2008. Data que ficará marcada para toda nação avaiana como dia do tão sonhado retorno à primeira divisão. Não pretendo discorrer muito, outros o farão; apenas demonstras a alegria de uma torcida que nunca cansou de apoiar o time. Foram dez anos de luta, por vezes chagamos muito, muito perto. Mas o avaí sempre empacava, acumulava a pecha de morrer na praia.

Esse ano muitos - e eu certamente estou nesse grupo - ainda tinham um pé atrás, e confesso, os campeonatos anteriores não ajudavam muito. Porém, como todos na ilha sabem, o avaí "fax côsa". Montou um grupo que proporcionou momentos mágicos à torcida, de gol de goleiro à bicicleta perfeita; passando pelo passe para trás que é difícil de entender mesmo vendo duas vezes.

Tomara que em 2009 o clássico não aconteça somente no catarinense. Onze de novembro, noite que Florianópolis adormeceu sob o manto azul e branco.

9 de novembro de 2008

As luzes do ônibus atrapalhavam um pouco, mas não a impediam de dormir. Chovia levemente, as gotas caiam suaves sobre sua face. Fechava os olhos, aquela sensação lhe era boa. Mal viu quando o motorista parou. Abriu os olhos, a porta já estava aberta. Entrou calada, passou pelas fileiras de bancos ocupados; sentou no fundo como sempre fazia. Não cumprimentara ninguém, estava longe dali. As luzes dos postes já estavam acesas, percebia-as diferentes, como se nesse dia tudo estivesse um pouco mudado.

Acordou pouco depois das duas da tarde. O pequeno apartamento tinha as janelas abertas, sobre a mesa da sala/cozinha livros, caneco sujo de café, cinzeiro, maço de gauloises, mais livros; uma blusa e a bolsa xadrez penduraras nas cadeiras. Levantou do sofá-cama lentamente, foi até o balcão que dividia sala e cozinha, pegou a moka usada. Trocou o pó, colocou água e pôs no fogo. No som de três cds bajofondo, meganoidi e jorge ben. Deu play no segundo. As olheiras não incomodavam mais, de qualquer forma foi até o banheiro e lavou o rosto. Olhou-se no espelho, o cabelo solto com corte repicado, 12mm nas orelhas, a faixa tatuada no ombro. Sentou no balcão, tomou o café, comeu bolo de cenoura. Enquanto comia foi até a sacada, olhou o bairro, tinha saudades de sua terra, sua família, porém não queria voltar; sentia-se bem onde morava.
Terminado o café da manhã, sentou na poltrona, colocou o cinzero sobre a bancada da sacada. A fumaça subia lentamente, embaraçando ainda mais sua mente; esticou-se, pensava na noite anterior, em nada, em tudo. Ali ficou por quase uma hora, imersa em pensamentos que a acalmavam. Começava uma garoa, deixou que o vento soprasse e a molhasse suavemente. Terminado, em lentos passos caminhou ao banheiro, tirou a toalha pendurada no box. Tirou o short, a camiseta recortada pouco acima do umbigo. Tomou seu banho alegremente, gostava disso, sua mente ainda viajava enquanto a água quente escorria sobre sua espádua.
Entreaberta, a porta do armário exibia uma bagunça organizada. Vestiu short listado - como a maioria dos que usava -, a camiseta comprada na internet com ilustração de sua amiga paulista escondia o sutiã branco de bolinhas. Escolheu calça skinny azul-escuro, entre diversos tênis espalhados pelo chão pinçou o superstar cano alto, branco com as tiras pretas. Pegou a pasta, um pacote de bolachas maizena, desceu três andares pela escada. Ainda chovia. Devolveu o cumprimento do porteiro, ceratamente o ônibus não passara ainda.
Quase uma hora até a universidade, culpa do trânsito caótico. Pelo menos tinha mais tempo para descansar. Chegando, a chuva prosseguia, foi direto para a praça de alimentação. Caminhava lentamente, ainda levemente aérea. Ninguém de sua sala havia chego. Entrou, olhou as mesas, as pessoas sentadas, achou aquilo tudo engraçado. Riu, sentia-se feliz por poder rir. Não ligava para o que os outros pensasem, se ligasse não teria a tatuagem escapando da cobertura das mangas curtas. Apenas ria, discretamente, de si e de sua felicidade. Pediu um café, com mais leite, sentou numa mesa do canto, próximo da rua, enquanto comia o lanche trazido de casa. Avistou dois colegas vindo do ponto dos ônibus, dali a pouco a aula começaria. Devia estar mais quente na sala, tinha um pouco de sono. Dormiria bem lá.
vs.II
Quando cheguei ela tomava café e comia bolo de cenoura.

7 de novembro de 2008

Por um jornalismo mais rock n' roll



The Pixies - Is she weird (acústico)


Atrasou um pouco, mas tá aí a dica musical quase alternativa do final de semana.

6 de novembro de 2008


rua augusta/sp
se bem me lembro foi coberto por uma parede de tijolos.

5 de novembro de 2008

Do sentido das seis [da tarde]

São através de passos cotidianos que atravessamos ruas do desconhecido.

[quando temos sentido para percebê-los, claro - seja lá qual for o sentido de sentido aqui escolhido].

O uníssono dos saltos faz música com as calçadas das seis da tarde. É chegada a hora de encerrar mais um dia e dar-se conta de que vem por aí um amanhã. E um depois, e depois, e depois, sem cessar, sem saber o que vem sabendo a que vem. Daqui parte a inspiração; do fechar os olhos para acordar no diferente, ainda que num pouco de mesmo.

Grandes micos que pagamos

"Meu coração
não sei porque
bate feliz
quando te vê"

Sim, eu cantei isso, junto com toda a minha turma da terceira série do primário, em frente ao resto do colégio. Detalhe: eu estudava no Instituto Estadual de Educação. Ainda hoje é a maior escola pública da América Latina.

A única "vantagem" disso é que lá, os alunos do primário ficam separados dos alunos do ginásio e 2º grau.

Lembrei disso ontem e resolvi postar aqui.

Você já passou por um grande mico também? Conte-nos aí nos comentários.

4 de novembro de 2008

Não acordei tão cedo quanto gostaria, mas tudo bem. A verdade é que poderia muito bem sentar na frete do computador e escrever uma simples introdução e conclusão - nada se comparado às outras quase 50 páginas. Porém, quando chega a hora de dar um ponto final no árduo trabalho, o que me acontece? Por três vezes fiz a mesma coisa, e nada sai. Desconfio ter desenvolvido uma espécie de ligação inconsciente com minha monografia, e agora não consigo terminá-la.
Que merda isso. Na verdade ela não está inteira, faltam dois ou três parágrafos para amarrar o capítulo terceiro - além das partes já citadas. E, claro, vasculhar dois livros de teorias do jornalismo (traquina e pedro souza) atrás das páginas donde tirei conteúdos e não referenciei corretamente no texto. Faz parte, nada anormal para quem conseguiu apagar duas páginas prontas - mas hoje competentemnte refeitas. Embora eu ache que a primeira versão ficou melhor.
Então, ao invés de escrever o que deveria, faço café, abro caixa de e-mails, ponho fluido no zippo, olho o movimento na rua, escrevo neste blog. Nada mal, se a data de entrega não fosse depois de amanhã. Quase meio-dia, acho que vou preparar o almoço.

31 de outubro de 2008

Por um jornalismo mais rock n' roll



The 5.6.7.8 s - I Walk Like Jayne Mansfield

Para quem não lembra, faz parte da trilha do filme Kill Bill vol. 1.

p.s.: ainda me caso com uma japa baterista!

30 de outubro de 2008


Elas estavam na mesa de fora, logo vi. De dentro do tabalho já as percebia, o café foi por acaso, só para sair mesmo. Caminhei devagar até o bar, uma usava óculos, a outra tinha o cabelo curto, bem com cara de argentina. Ambas com alargadores maiores que o meu, deveria ter uns 20mm. A argentina calçava um tênis sem cadarço, estilo slip-on, mas o da Rainha, azul escuro. A outra uma sapatilha engraçada, verde-escura. Sobre a mesa uns cadernos de desenho, canetas variadas.


Peguei meu leite com café e sentei próximo. A argentina levanta, vejo uns desenhos de sapatos de mulher. Só podiam ser da moda ou design mesmo. A de óculos usa short de risca de giz, e tem a perna tatuada com flores ou algo do gênero. Foi comprar café e uma barra de chocolate, e volta com uns pirulitos também. Afasta um pouco o caderno, olha o desenho. Olha, enquanto abre o diamante negro. A outra pega um pirulito, concentrada, não sei o que desenha. Enquanto come o chocolate olha para os lados, como se verificasse o ambiente. Está de costas para mim, a outra senta à sua frente em diagonal - na minha frente.


Acabando o lanche, pergunta como está o desenho da outra. Ela pára, tira os óculos, mexe no piercing no lábio. Não ouço o que reponde, apenas que solta o cabelo e arruma a blusa azul marinho que esconde um sutiã verde-limão de alças finas. Parece ser um trabalho de aula, deve ser melhor do que escrever matérias. Embora não tenha sol, ela troca os óculos por escuros de lentes quadradas. Na bolsa entreaberta uma caixa de remédio para dor de cabeça, um isqueiro cor-de-rosa, carteira amarela de borracha - com cara de comprada na oscar freire.


Já a bolsa da argentina é bem pequena, ela deve carregá-la dentro da mochila cinza com alguns rabiscos, da qual tira um pulôver com gola alta. Venta um pouco, garanto que há um cachecol entre suas coisas. O meu ficou na sala. O isqueiro rosa acende um palheiro, a dona da mochila reclama da fumaça. A de óculos inutilmente o segura abaixo da mesa. Vejo que têm uma palavra tatuada no antebraço, pequeno, delicado. Não consigo ler. O café acabou, mas a matéria ainda não está pronta. Volto ao expediente. Com certeza tem horas que escrever é muito chato.

28 de outubro de 2008

Um, dois...Um, dois, três, vai!

Garagem mostra vocação e abre espaço para bandas fazerem sua estréia



Por volta das 21 horas de sexta-feira (24), o primeiro acorde balançou as janelas das casas do bairro Pedra Branca, em Palhoça. Era o início de mais uma edição do Garagem. O festival de bandas da Unisul reuniu nove bandas ao longo de duas horas e teve de tudo: de punk rock ao reggae, além de cantos africanos.

A primeira banda a subir ao palco foi Tapa na Colméia. Tocando com a atual formação desde a segunda metade do ano passado, o grupo que inclui integrantes vindos de Imbituba e de Florianópolis. O punk do grupo já foi visto em outros palcos da Grande Florianópolis. No Garagem, a banda liderada pelo vocalista Gene Rocker chegou também para lançar o seu primeiro cd, intitulado “De volta para o passado”.

A banda Ehoe, que começou a tocar no início deste ano, estreou no Garagem. O sonho deles é o mesmo de todos os outros que subiram ao palco naquela sexta: poder viver de música. Em seguida, o grupo Árvore Sagrada, que acabou sendo a surpresa da noite. Com um som completamente diverso do que se esperaria em um festival de bandas universitárias. Cantos africanos de paz, contrapuseram os acordes pesados do rock n’roll.

“Estamos muito felizes em participar, em transmitir nossa mensagem. Se formos premiados nossa alegria será maior ainda”, disse Sarah Gomes acadêmica 8ª fase de Naturologia. Mal sabia ela que o grupo ficaria com o segundo lugar do festival.

Logo depois, vieram os já nem tão adolescentes da Caravan 87. A banda formada por sete integrantes tem apenas uma mulher, a vocalista e estudante de jornalismo Arielli Secco. A banda, na qual tocam os dois irmãos de Arielli, diz viver um novo momento agora. Seus objetivos são “escrever, reescrever e reunir composições para iniciarmos uma divulgação do nosso trabalho na internet e tocarmos o que gostamos de tocar”, conta a vocalista.

Os Quantos também estrearam no Garagem. A banda de Palhoça está a apenas três meses ensaiando. Dizem que, quando começaram, não sabiam do festival da Unisul. O músico Luiz Guilherme conta que o mote da banda “é levar uma mensagem de paz através de suas letras”.

A última participação feminina veio com a banda ZIG, da vocalista Daliane Lebage. Eles já tocam juntos há cerca de um ano e dois meses, mas o show no festival foi apenas a terceira apresentação do grupo de São José, que tem influências de pop rock nacional e internacional.

Então, o reggae tomou conta do palco. A banda Livre Consciência, que ficou em terceiro lugar, nas palavras do vocalista, Piero Diogo, acredita que “o que vale é a musica. Ela existe para somar e não para dividir”. Eles já são veteranos. A banda toca junta há três anos.

Os últimos acordes punks chegaram com a banda Stallones, de São José. Em seguida, a banda Não Contém Glúten fechou o festival, lá pelas 23 horas. Os músicos acabaram levando o título de melhor banda. Eles só tocam músicas autorais, mas ainda não gravaram seu primeiro álbum. Atualmente, divulgam seu trabalho pela internet, no site www.naocontemgluten.palcomp3.com.br.

“Queremos gravar um cd e estamos na busca desse objetivo, com poucos recursos e pouca idade, mas cheios de vontade de revolucionar o mundo. Por isso roupas estranhas, musicas próprias, e tudo mais que for diferente ou até, estranho”, revela o vocalista Ted Pepito.

Este ano, o Garagem não foi só das bandas. No lado direito do palco, o artista Rodrigo Guerra desenhava um painel especial para o festival. Natural de Porto Alegre, vive em Florianópolis há 14 anos e inspira sua arte na “rua, no urbano, na arquitetura”.

O público também foi protagonista da festa. Ainda que reduzido, devido principalmente ao mau tempo, garantiu a animação. Os fãs da banda Os Quantos ainda levaram para casa o prêmio de 300 reais, escolhidos como melhor torcida. As bandas que ficaram com os três primeiros lugares ganharam prêmios de 900, 700 e 500 reais, respectivamente.



Colaborou na reportagem: Alessandra Oliveira, 4ª fase de jornalismo.
Na foto, os integrantes da banda vencedora.

27 de outubro de 2008

Bajofondo - El Mareo

A qualidade do vídeo não é a melhor, porém além da música ser excelente foi a primeira vez que vi o conjunto em ação



graff

24 de outubro de 2008

23 de outubro de 2008

Por um jornalismo mais rock n' roll

The Grateful Dead - Casey Jones


Queria que as ruas daqui tivessem nomes mais interessantes, como em BH.
Pium-í, Passatempo, Boa Esperança, muito mais poético.

18 de outubro de 2008

Vive la Fête
Acabei não fazendo o podcast (ainda) do vive la fête, que já passou por sp, brasília e hoje se apresenta no rio. Porém, a passagem dos belgas por cá não fica em branco. Segue matéria feita no programa metrópolis, da tv cultura.


10 de outubro de 2008

Podcast Aspirantes #2

Releve-se se falei demais. A banda é muito boa.

Acabando a monografia faço um intensivo de movie maker.

7 de outubro de 2008

Por um jornalismo mais rock n' roll

Lennon ao vivo, tocando música do famoso álbum branco dos Beatles. Uma bela canção.

John Lennon - Yer Blues

6 de outubro de 2008

Maldito cursor

O maldito cursor pisca na tela do computador. Escrever é mais difícil do que parece. Às vezes, as palavras insistem em nos faltar. Mas ele continua piscando. Está à espera de alguma letra. Qualquer que seja. Quem programou este maldito com certeza não tem alma. Escritor não é.

Ele me encara. Pisca de maneira irritante. Escrevo apenas para não ver mais esta pequena coisa que pensa que é gente. Quando as letras saem do teclado para a tela, ele cessa a espera. É como uma criança que fica alegre por receber um presente. Eu o vejo assim.

Queria conversar com ele. Perguntaria se algum dia já se irritou por me ver ficar horas olhando para ele, sem ganhar uma letrinha sequer. Nem mesmo um símbolo, como um ponto ou um travessão. Diria que ele me faz muito mal. Não é sempre que há inspiração. E quando há, palavras talvez não sejam a melhor maneira de expressá-la.

Sim, meu colega de trabalho, é preciso que alguém lhe ensine isso logo. Nem todo sentimento pode ser descrito. Ao menos, não com palavras. Você não se cansa de ficar piscando o dia todo? Em seu lugar, mudava de postura ou de profissão. Ficar o dia inteiro na tela dos outros, piscando e piscando e piscando... Quem pensa que é? O computador é meu, a tela é minha. Sabe que você invade minha privacidade ao piscar e piscar...

Mais que isso. Você desafia meus sentimentos, minhas dores. Faz-me sofrer mais. Não sabia ainda? Oras, realmente, como você é mesquinho… e cínico!

Ainda entro nesta tela. Eu o desafiarei. Por que não expressa, você, seus sentimentos?

Ah, sim. Como sou tolo. Você não sente. Apenas aguarda. A próxima letra, por favor.

Fecharei a janela agora. Desculpe se fui grosso. Nos vemos mais tarde. Com um texto melhor. Ou não.

5 de outubro de 2008



av. dos bandeirantes/BH

3 de outubro de 2008


Bom lembrar, já que não vi a rede globo noticiando isso. Tirado do fenaj.org.br

Mais de 70% da população brasileira quer jornalista com diploma
A pesquisa de opinião nacional FENAJ/Sensus, divulgada nesta segunda-feira (22), em Brasília, registra que a grande maioria da população brasileira é a favor da exigência do diploma para o exercício da profissão de jornalista. Dos dois mil entrevistados em todo Brasil, 74,3% se disseram a favor do diploma, 13,9% contra e 11,7% não souberam ou não responderam.

Os dados foram muito comemorados pela Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ) e pelos Sindicatos de Jornalistas. Para o presidente da Federação, Sergio Murillo de Andrade, este é melhor apoio que a campanha poderia obter e o resultado da pesquisa renova as forças dos que estão lutando pela regulamentação profissional. "Esses números da pesquisa mostram que a população brasileira tem a real dimensão da importância do jornalismo para o País e que quer receber informações de qualidade, apuradas por jornalistas formados".
Murillo afirmou, também, que esses dados ficam ainda mais importantes com a proximidade da votação da exigência do diploma pelo STF e espera que ministros percebam o desejo da sociedade. "O STF tem a chance de mostrar à população que anda junto com seus anseios, reconhecendo que jornalismo precisa ser feito por profissionais com formação teórica, técnica e ética e que o jornalismo independente e plural é condição indispensável para a verdadeira democracia".
A Pesquisa FENAJ/Sensus quis saber, também, o que a população acha da criação do Conselho Federal dos Jornalistas. Para a pergunta: o sr. (a) acha que deveria ou não deveria ser criado um Conselho Federal dos Jornalistas, para a regulamentação do exercício da profissão no País – como as OAB's para os Advogados e os CREA's para os Engenheiros, o resultado foi que 74,8 % acham que o Conselho deveria ser criado, 8,3% que não deveria ser criado, para 6,5% depende e 10,4% não sabem ou não responderam. A última pergunta relacionada ao tema foi sobre a credibilidade das notícias. Parte dos entrevistados, 42,7%, disseram que acreditam nas notícias que lêem, ouvem ou assistem, 12,2% que não acreditam, 41,6% que acreditam parcialmente e 3,5% não sabem ou não responderam.

A Pesquisa foi realizada de 15 a 19 de setembro, com dois mil questionários aplicados em cinco regiões brasileiras e 24 estados, com sorteio aleatório de 136 municípios pelo método da Probabilidade Proporcional ao Tamanho – PPT. A margem de erro é de mais ou menos 3%.

2 de outubro de 2008

Por um jornalismo mais rock n' roll

Esse é um post um pouco diferente dos anteriores. Vejam o garoto de oito anos no vídeo abaixo e comentem, seus cães leprosos do oceano. (Gostaram da tiradinha capitão de navio pirata?)

30 de setembro de 2008



A Fórmula da Reportagem





Quem passasse pelo hall do espaço hipermídia na noite da última sexta-feira poderia pensar que ali acontecia apenas mais uma reunião de alunos. Acadêmicos de jornalismo e cinema saboreavam os acepipes feitos pelos também acadêmicos da gastronomia. Um olhar mais atento, todavia, indicaria o motivo do ágape: entre os jovens, um senhor de cabelos brancos, olhos profundos e pesado casaco belisca alguns dos petiscos enquanto toma guaraná. Aproveito para ter meu O Gosto da Guerra autografado. José Hamilton Ribeiro, o repórter do século, preparava-se para sua palestra no encerramento da Semana da Comunicação da Unisul.

Passava pouco das sete e meia quando Zé entrou no auditório do bloco C. Após as formalidades, foi-lhe entregue um prêmio da Massey Ferguson, ao qual o repórter não pode comparecer. Sentado à mesa, Zé começa a falar sobre grande reportagem. Cita frases de Joel Silveira e Rubem Braga, dizendo que “um bom texto começa com letra maiúscula e termina com ponto final”. Levanta, vai até o cavalete e escreve a sua fórmula para feitura de boa grande reportagem: GR=(BC+BF)X(T.T’)n.

Senta novamente, deixa a equação de lado e aponta alguns fatores que considera fundamentais: cuidado com superlativos, usá-los com provavelmente ou possivelmente. Tentar dar uma alma feminina ao texto. Sobre isso, brinca que a notícia é uma fofoca confirmada, e comenta o avanço das mulheres nas redações: “daqui a pouco elas dominam se deixar”. Na questão imparcialidade, “é uma quimera” afirma. Lembra da cobertura de guerra, onde dificilmente se diferencia o que deixa de ser informação e vira traição.

Sua incrível simplicidade pode fazer com que algum desavisado não pense que é este cidadão o maior ganhador da história do Prêmio Esso, vencedor em sete edições. 72 anos de vida, sendo 52 dedicados ao jornalismo – a carreira, aliás, começou na Faculdade Cásper Libero, ao contrário de muitos colegas de profissão que exerceram a carreira apenas “na prática”. Além de jornalista, é também bacharel em direito. Dentre seus livros estão O Gosto da Guerra, sobre a experiência no Vietnã; Os Tropeiros, no qual conta a história da reportagem feita pelo Globo Rural que refez os 1.760km percorridos nos séculos 18 e 19 entre pampas e sudeste; e Música Caipira – As 270 Maiores Modas de Todos os Tempo.

Zé diz ter aprendido três coisas em sua vida, “azeitona preta é tingida, as torneiras quentes geralmente são as da esquerda e de ovo de cobra não nasce passarinho. O resto, tem que aprender todo dia”. Explica, então, sua fórmula da seguinte forma: GR significa grande reportagem; BC é um bom começo; BF um bom final; T representa o talento e T’ o trabalho; elevados a n, ou seja, o quanto for preciso. Por fim, dita a lei de Newton do jornalismo – não aquele Newton, mas Nilton Pelegrini, câmera da Globo: “matéria atrai matéria na razão direta da pauta e no inverso ao quadrado da preguiça”. Não é a toa que Zé Hamilton chegou onde chegou.

29 de setembro de 2008

O PRIMEIRO ROUND




O palco torna-se o ring e o soar do gongo fica por conta da vibração do público. All stars acionam pedaleiras e sincronizam bumbo e chimbal com as baquetas. O cheiro de cigarro toma conta dos ares, o que indica que a Célula está lotada. O lugar é pequeno, literalmente quatro paredes. Ali, todos se encontram e as batalhas entre bandas acontecem. Três grupos por vez sobem ao palco, semanalmente, a partir das 23 horas. O público que entra à casa tem acessórios punks ou convencionais, piercing na sobrancelha ou chapinha nos cabelos, all star, salto alto ou coturno, chapéu ou bandana, jeans básico ou estilo inusitado. Ao lado do viaduto do bairro João Paulo, as noites de sextas-feiras fazem ecoar os versos que embalam a luta pela afirmação musical na Ilha.
A semelhança com o filme não está só no nome. Além do caráter de resistência dos músicos, as regras remetem àquelas impostas pelo personagem de Brad Pitt nas telas. Todos devem estar por dentro do código do duelo sonoro.





regra n° 1 - você faz suas próprias músicas;
regra n° 2 - você faz suas próprias músicas;
regra n° 3 - a festa é toda sexta na Célula ;
regra n° 4 - os shows duram 40 minutos;
regra n° 5 - são sempre três bandas e um DJ;
regra n° 6 - quem chegar até às 23h só paga R$5 pila;
regra n° 7 - banda que começar de palhaçada não toca;
regra n° 8 - se quer brigar vá para outra festa, aqui a luta é outra.
(fonte: http:// http://www.clubedaluta.mus.br/)






A união da classe musical de Floripa é a nova forma que o Clube da Luta experimenta para apresentar a música a quem se dispõe a ouvir. Diante de tudo o que não existia para os artistas da cidade, as bandas locais não se deixaram conformar e tampouco se acomodaram com a situação. Se outrora não havia espaço e valorização, hoje as perspectivas do sucesso não estão aquém como estavam. “Infelizmente os artistas musicais daqui têm que lutar pra mostrar o seu trabalho”, registra Maurício Alves – baterista da banda Gubas e Os Possíveis Budas. Esta necessidade alimentou a sede pela luta, que está aí para quem quiser encarar.


Encontros entre duas ou três bandas que aconteciam aqui e acolá nas noites de Floripa passaram a ser parte de uma mesma idéia em setembro de 2006. “O Marcinho (banda Tijuquera) teve a atitude de juntar isso”, explica Jean Mafra ao se referir aos projetos Samambaia Convida, Circuito Aerocirco e Berbiga’s Rock Night, precursores do Clube da Luta. A partir de então, a ousadia não ficou em segundo plano: no Espaço Fios e Formas, embaixo da ponte Hercílio Luz, oito bandas passaram a se apresentar freqüentemente a fim de conquistar público e um lugar ao sol.


Para o vocalista Gustavo Barreto, que é músico há 15 anos, a iniciativa é inédita em Floripa e vem como resultado de uma perspectiva de valorização da produção artística local, deficitária já há algum tempo. “O Clube surgiu para que as pessoas comecem a fazer sua crítica musical e criem um sentido de identificação com a música produzida aqui”, Gustavo afirma.


Hoje, são 16 bandas integrantes do Clube da Luta. Samambaia Sound Club, Gubas e os Possíveis Budas, Jeremias sem Cão, Aerocirco, Maltines e Andrey e a Baba do Dragão de Komodo estão entre elas, que se alternam em apresentações na nova casa do projeto, a Célula Cultural. Os duelos contam com os solos de guitarra e com performances animadas reveladas de acordo com o estilo. Para se aquecer do frio, valem desde requebradas de quadris nos sons mais grooves até as chacoalhadas de cabeça acompanhando os sons mais rock and roll. Aqui vale a analogia: o lugar tem se tornado a célula embrionária da música em Floripa. Um dos produtores dos eventos do Clube, DJ Zé Pereira, observa: “é preciso que as pessoas de Santa Catarina reconheçam que aqui tem música de qualidade”.


Seja por meiose ou mitose, a música ali se reproduz e vence o espaço da membrana celular: no mês de aniversário de dois anos do projeto, a luta recebeu uma nova aliada para divulgação. No início de setembro, uma parceria com a emissora MTV foi selada oficialmente no show de lançamento do CD ao vivo da Aerocirco. Com a crescente presença de apreciadores na Célula e com a projeção que os lutadores vêm atingindo, uma coisa é certa: o primeiro round já tem um vencedor.

28 de setembro de 2008

Zezão grafitando em São Carlos, SP. Vídeo bem bacana.

20 de setembro de 2008

As luzes do ônibus atrapalhavam um pouco, mas não a impediam de dormir. Chovia levemente, as gotas caiam suavemente sobre sua face. Fechava os olhos, aquela sensação lhe era boa. Mal viu quando o motorista parou. Abriu os olhos, a porta já estava aberta. Entrou calada, passou pelas fileiras de bancos ocupados; sentou no fundo como sempre fazia. Não cumprimentara ninguém, estava longe dali. As luzes dos postes já estavam acesas, percebia-as diferentes, como se nesse dia tudo estivesse um pouco mudado.
Acordou pouco depois das duas da tarde. O pequeno apartamento tinha as janelas abertas, sobre a mesa da sala/cozinha livros, caneco sujo de café, cinzeiro, maço de gauloises, mais livros; uma blusa e a bolsa xadrez penduraras nas cadeiras. Levantou do sofá-cama lentamente, foi até o balcão que dividia sala e cozinha, pegou a moka usada, trocou o pó velho por um novo, colocou água e pôs no fogo. No som de três cds bajofondo, soda stereo e jorge ben. Deu play no segundo. As olheiras não incomodavam mais, de qualquer forma foi até o banheiro e lavou o rosto. Olhou-se no espelho, o cabelo solto, 12mm nas orelhas, a faixa tatuada no ombro. Sentou no balcão, tomou o café, comeu bolo de cenoura. Enquanto comia foi até a sacada, olhou o bairro, tinha saudades de sua terra, sua família, porém não queria voltar; sentia-se bem onde morava.
Terminado o café da manhã, sentou na poltrona, colocou o cinzero sobre a bancada da sacada, terminou o preparo com uma aleda. A fumaça subia lentamente, embaraçando ainda mais sua mente; esticou-se, pensava na noite anterior, em nada, em tudo. Ali ficou por quase uma hora, imersa em pensamentos que a acalmavam. Começava uma garoa, deixou que o vento soprasse e a molhasse suavemente. Terminado, em lentos passos caminhou ao banheiro, tirou a toalha pendurada no box. Tirou o short, a camiseta recortada pouco abaixo dos seios, tomou seu banho alegremente, gostava disso, sua mente ainda viajava enquanto a água quente escorria sobre sua espádua.
Entreaberta, a porta do armário exibia uma bagunça organizada. Vestiu short listado - como a maioria dos que usava -, a camiseta comprada na internet com ilustração de sua amiga paulista escondia o sutiã branco de bolinhas. Escolheu calça skinny azul-escuro, entre diversos tênis espalhados pelo chão pinçou o all-star azul. Pegou a pasta, um pacote de bolachas maizena, desceu três andares pela escada. Ainda chovia. Devolveu o cumprimento do porteiro, ceratamente o ônibus não passara ainda.
Quase uma hora até a universidade, culpa do trânsito caótico. Pelo menos tinha mais tempo para descansar. Chegando, a chuva prosseguia, foi direto para a praça de alimentação. Caminhava lentamente, ainda levemente aérea. Ninguém de sua sala havia chego. Entrou, olhou as mesas, as pessoas sentadas, achou aquilo tudo engraçado. Riu, sentia-se feliz por poder rir. Não ligava para o que os outros pensasem, se ligasse não teria a tatuagem escapando da cobertura das mangas curtas. Apenas ria, discretamente, de si e de sua felicidade. Pediu um café, com mais leite, sentou numa mesa do canto, próximo da rua, enquanto comia o lanche trazido de casa. Avistou dois colegas vindo do ponto dos ônibus, dali a pouco a aula começaria. Devia estar mais quente na sala, tinha um pouco de sono. Dormiria bem lá.
Quando cheguei ela tomava café e comia bolo de cenoura.

OsGêmeos em entrevista no Jô.

19 de setembro de 2008

Por um jornalismo mais Rock n' Roll

Communication Breakdown - Led Zeppelin

Bom, apesar de ninguém ter comentado ou avaliado o post anterior, acredito que foi uma boa idéia colocar aquele vídeo aqui. Então, a partir de agora, começarei a postar, uma vez por semana, um vídeo de alguma banda de rock famosa, cuja música que tocará aqui não seja tão conhecida do grande público.

13 de setembro de 2008


Stickers/FLN

10 de setembro de 2008

Floripa parece ser terra de ninguém mesmo. Não sei qual débil mental (secretário de obras, prefeito, ou todos juntos) tem a brilhante idéia de fechar a Mauro Ramos perto do meio-dia e a Beira Mar às seis da tarde, horários em que quase não há movimento. E quem pega carro ou ônibus para ir à aula ou voltar para casa, foda-se.

8 de setembro de 2008

Aerocirco na Célula

Excelente. Não há melhor palavra para descrever o show do Aerocirco no último sábado, lançando seu trabalho ao vivo - também gravado no Célula. Passava pouco das onze e meia da noite quando Della, Maurício Peixoto, Lange e Henrique subiram ao palco. Colados nele - sim, próximo ao ponto que, se eu esticasse o braço poderia dedilhar o baixo - fãs amontoados cantando cada música do começo ao fim. Trata-se de uma banda que, tocando ao vivo, é tão boa ou melhor que em estúdio.

Num setlist com 25 canções, ninguém deve ter ido embora sem ouvir sua preferida. A minha (embora goste de todas) foi a teceira tocada, Hipnotizar. Enquanto o som rolava, Viti pintava uma figura roqueira numa tela, quiçá semelhante a dois integrantes da banda. Mais de duas horas com puro rock, cerveja, pulos no palco e cartola. Ah, e um liquidificador levado por uma fã.


Para quem não foi, é possível baixar o álbum através da página do Aerocirco, as intruções estão no www.aerocirco.com.br.

6 de setembro de 2008

LOST.ART

Faz tempo que conheço essa página, não sei como não falei dela antes.

http://www.lost.art.br/ é um site desenvolvido por e com fotos de Louise Chin e Ignácio Aronovich. Fotos de tudo - como a vida (que bonito isso). Desde sertão a cachorros estilisos.
Para facilitar, deixo aqui dois links que tem fotografias sensacionais. Só conferir.

http://www.lost.art.br/graff.htm - vários dos grandes grafiteiros brazucas

http://www.lost.art.br/2ndskin.htm - photo&art.

5 de setembro de 2008

Como não tem nada mais importante para se discutir mesmo, falemos de seleção brasileira. Leio que lula falou que a argentina era melhor que o brasil, o júlio césar ficou "brabinho" e falou mal do lula.
Por partes. Como torcedor, lula tem todo direito de achar a seleção uma merda - como de fato está. Como presidente, e é impossível ele se separar dessa condição, de fato achei meio inoportuno seus comentários.
Já o goleiro da seleção, disse que nosso presidente devia se mudar para argentina. Ora, forçou também. Que culpa tem o lula se de fato o messi está jogando demais, se eles ganharam a medalha de ouro nas olimpíadas e (pelo menos para mim) a seleção dos hermanos empolga mais que a nossa. Estamos em quinto (quinto!) lugar nas eliminatórias, e precisamos ganhas os próximos dois jogos, além de secar os outros, para chegar à liderança.
Numa boa, acho que nenhum dos dois está com muita moral para falar. Se fizerem bem seus trabalhos, está de bom tamanho.

4 de setembro de 2008

e isso em Dez/1984:



...

Foto tirada do jornal O Estado.

3 de setembro de 2008


BsAs

30 de agosto de 2008

Era sábado a tarde. Pelo barulho do outro lado, achei que fosse de algum call-center. Era.

-Boa tarde senhor. Me chamo (nome) e trabalho para a american express, o senhor tem um minuto?
-pode falar
-Informo que esta conversa está sendo gravada para sua segurança. Estou ligando para oferecer, em nome da american express, o cartão de crédito american express, ele é totalmente isento de anuidade, o senhor não pagará nada por ele. Além disso, o senhor tem direito aos serviços de encanador, marceneiro e eletricista, tudo em nome da american express. O senhor tem direito a uma visita, em qualquer horário, a um encanador com serviço no valora de até (x) reais, de um eletricista no valor de até (x) reais e um marceneiro no valor de até (x) reais. Os serviços são cumulativos, se o senhor não usa em um ano, pode usar duas vezes no outro, e se o senhor tiver um segundo cartão para um dependente, ele também tem direito ao benefício. Lembrando que o custo do cartão de crédito american express é zero, o senhor não paga nada por ele. O senhor trabalha em empresa pública, privada ou é autônomo?
-eu não trabalho
-ah, o senhor não tem fonte de renda?
-não
-entendi... bem, para ter o cartão de crédito american express o senhor precisa de uma renda mínima de mil reais por mês, e infelizmente o senhor não se encontra nessa condição, mas quanto tiver uma renda é só o senhor entrar em contato com a american express que nós poderemos lhe solicitar o cartão, tudo bem senhor pedro?
-tudo bem...
-a american express deseja uma boa tarde ao senhor
-boa tarde.

26 de agosto de 2008

Já se cantou em um samba "camarão que dorme a onda leva ...".

As lagostas, por sua vez, têm autonomia e me renderam muitos risos após ler a manchete a seguir:

Governo investiga entrada ilegal de lagosta em Bangu 8 para Cacciola


O link: http://www1.folha.uol.com.br/folha/brasil/ult96u437995.shtml

22 de agosto de 2008

Imaginem Hitler dirigindo a delegação brasileira em Pequim...

Encontrei esse vídeo, agora há pouco, no blog do Marcelo Tas. Foi enviado pela leitora dele Priscila Gomes.

Por falar nisso, estamos melhorando. Continuamos mostrando toda a nossa força olímpica com a conquista da segunda medalha de ouro (será mesmo?). Maurren Maggi, que não é a galinha azul, e por isso voa (que piada mais idiota, Samuka!), é a campeã do salto em distância.

Ainda temos chances de conquistar mais duas medalhas de ouro no vôlei. Se conseguirmos esse feito e mais ninguém que está à nossa frente (mas não muito também, né?) conquistar nada, chegaremos à honrosa 16ª colocação no quadro geral de medalhas. Pensem bem, ficaremos atrás de países como Jamaica e Bielo-Rússia. Isso sim é que é campanha.

Ah, e os argentinos continuam atrás. E que se dane o futebol. Vôlei feminino é mais legal e tem mais mulheres lindas, mesmo.

17 de agosto de 2008

Quase lá

Daqui a algumas horas, começará o nono dia de competições nas Olim Piadas de Pequim. No exato momento em que escrevo este texto, nosso país ocupa o valoroso 36º lugar no quadro geral de medalhas, com uma de ouro e quatro de bronze. Estamos muito próximos, para nossa felicidade, de alguns países que já chegaram lá e hoje são grandes potências olímpicas, como Etiópia, Geórgia, Cazaquistão, Zimbábue e Mongólia.
É possível que ainda não seja dessa vez que nosso Brasil il il chegará a ultrapassar tanto talento advindo de anos de trabalho duro nesses países. Mas isso não é motivo de preocupação. Londres está logo ali. Quatro anos passam rápido. Além disso, com a possibilidade de os jogos acontecerem no Rio de Janeiro, em 2016, os bolsos dos dirigentes poderão contar com investimentos maciços. Tudo para o bem de nossa pátria.
Que se cuidem também, China e Estados Unidos. Nós estamos chegando (ao fundo do poço).
Atualização às 21:27: Se serve de consolo, os argentinos só tem uma medalha de bronze, conquistada no Judô e, neste momento, ainda ocupam apenas o 63º lugar.

16 de agosto de 2008

é ouro

Queria ter escrito mais coisas relativas aos jogos olímpicos aqui. Muito mais. Nosso primeiro ouro, contudo, não poderia passar em branco.
Qualquer medalha que vem para nosso país deve ser comemorada - e muito - visto o grande descaso que aqui é dado ao esporte. A falta de políticas, estrutura, preparo talvez ainda nos tire muitas alegrias. E, mesmo assim, hoje o hino ouvido pelo mundo foi o brasileiro.
César Augusto Cielo Filho nada no Pinheiros, de São Paulo, e treina nos Estados Unidos. Havia ganho bronze nos 100m livre, e preparou-se para exibição de gala na última prova com Brasil na piscina. Antes da prova, se benze, faz uma última prece. O gesto seria repetido antes da subido no pódio.
Cesão fez muito mais. Deu à natação brasileira o primeiro ouro olímpico da história. Com 21s 30, superou adversários também vencedores, e comemorou feito criança. Além do recorde olímpico, lágrimas que se misturavam à água clorada. Os socos na água deviam exprimir o alívio de ver todo trabalho recompensado. Distância da família, treinos exaustivos, tudo valeu a pena. O Brasil estava no topo do pódio.
Não vou - nem cabe - comparar essa medalha com os sete ouros do Phelps. A comemoração, do brasileiro, contudo,valeu mais que todas do estadunidense. Cesão foi o único atleta que chorou ao ouvir o hino de seu país. E continuou chorando, até descer do pódio e chamar a equipe de natação para, junto dos colegas, compartilhar seu feito, sua alegria. Chorou, vibrou, extravasou; como um campeão tem que fazer. Cesão é o número um.

15 de agosto de 2008

Por um jornalismo mais Rock n' Roll

AC/DC Rock And Roll Ain't Noise Pollution Live 1996

1 de agosto de 2008

Ilustrada


Nação Zumbi em Floripa
Excelente show da Nação Zumbi, ontem, no John Bull. Apesar do ingresso com preço absurdo (R$ 30), a apresentação foi impecável. Mesclando guitarras altamente distorcidas com percussão forte, maracatus com ótima pegada no baixo, a Nação mostrou o que melhor sabe fazer.
Misturavam-se canções ainda pouco conhecidas, - do último disco, "Fome de Tudo" - com já tarimbadas: "Blunt of Judah" e "Meu Maracatu Pesa Uma Tonelada", do álbum homônimo à banda; "Hoje, Amanhã e Depois", do penúltimo trabalho "Futura". Além, sucessos da época de Chico Science, como "A Cidade", "Maracatu Atômico" e "Da Lama ao Caos". A ótima "Côco Dub (Afrociberdelia)" proporciona literalmente uma viagem a quem ouve, sem usar nada.
Para completar, uma pizza de mussarela e uma limonada no bar ao lado do John Bull. Uma hora e meia de batuques e gingados dá fome.
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