9 de dezembro de 2008

Estava mais tranqüilo. Ainda confuso, porém, até mais do que pretendia. Chegou em casa antes do normal, não sabia quem devia ter encontrado, dúvidas que procurava se distanciar a cada gole. Normal, sua vida seria assim dali para frente. Dizem que jornalistas fundamentalmente bebem e fumam em quantidades consideráveis. Precisava se ajustar a profissão. O computador tinha uma série de páginas abertas, as quais não olhava nenhuma direito. O cinzeiro vermelho comprado na tok&stock de são paulo aos poucos era tomado pelas cinzas. A garrafa de black label aberta três dias antes quase cheia. Não se acostumara com tal bebida. Ainda assim, vagarosamente saboreava ou quase engasgava com o destilado. Não importa.

Pensava no búfalo da noite, filme mexicano que vira no outro final de semana. Não estava com ela, mas seria bom. A película quiçá encaixava-se bem com o que passava, e tinha um quê da vitalidade dos jovens. Um triângulo amoroso entre dois melhores amigos e uma meninna que acaba se envolvendo com ambos. O protagonista, além dela, tem outra na qual se refugia, talvez numa mistura de incerteza e alívio.

"Podia muito bem participar dessa história", pensa. Os cortes em seus braços já não incomodavam tanto, apenas completavam seu estilo, pensava. Sentado no sofá olhava a perna, fechada com motivos orientais, nas orelhas apenas o espaço vazio pouco menor que uma tampa de garrafa de cerveja. Os pés descalços arrastados no sofá, chico cantando as vitrines, gostava da canção. Meias encardidas do dia exaustivo agora encostam-se na parede, à espera de quem as leva ao tanque.

Foi até a janela, acendeu outro cigarro. Ficava a olhar a rua por minutos inunterruptos, acometido por uma espécie de transe que apenas a janela do 11º causava. Por que não, não... esvaiam-se idéias sem conclusões lúcidas. Deu outro gole no uísque, tossiu. Foda-se. Tenta escrever, não consegue. Ela não lhe sai da cabeça, era o que mais queria. Queria sossego, aproveitar cada coisa a seu tempo. A chuva que começa lentamente a cair tranquiliza um pouco. Pensa em ligar, talvez tenha medo. Impossível adivinhar o que acontecerá, o que de certa forma piora as coisas. Se ao menos agisse de outra forma. Na verdade, pensa, apenas foge do que mais tem vontade. O que não faz o menor sentido, mas quem disse que as ações de cada um precisam de sentido? As suas tinham sentido enquanto representavam a realidade que vivia. Lembrava do filme, podia sim ser diferente.

Sentou à frente do computador, num misto de inspiração e fúria, alguma coisa útil sabia fazer, pelo menos isso. Não beberia no gargalo, embora quisesse apenas pela sensação de quebrar alguma convenção. Idiota, pensava, para que. Acendeu outro cigarro, lembrou da viagem, da carona, ela sequer passava por sua cabeça. As coisas mudam quando menos se espera. Calçou o vans slip-on vindo de madri, catou uma camiseta. Nem precisaria passar no posto para abastecer o carro.

6 comentários:

Mari ☮ disse...

Goooooosto dos textos!

Fran, disse...

seus textos sempre deixam aquela dúvida de... pq o início ai, por que um fim agora?

a cabeça doser humano em algumas horas fica clara quando você 'narra' ela x}

ps: Tomaaaaaa figayrinha \o/

Anônimo disse...

texto interessante viu
sabe odeio pc lento
da vontade de meter balla nele

Youko Watanabe disse...

Pedro,

muito bom teu texto, e concordo qd diz q nao precisamos de uma razão para fazer algo..
bom vir aqui e encontrar palavras q me fazem pensar..

... disse...

"Dizem que jornalistas fundamentalmente bebem e fumam em quantidades consideráveis".

Assim vc compromete a categoria!kkkk

Excelente texto Pedro!

Tamo junto!

abs

Youko Watanabe disse...

Oi Pedro, acho que nao cheguei a te contar que a Izzie na verdade é a Youko.
Acho que esqueci de dizer.. rs, mas nao muda nada, continuo gostando de vir aqui..
beijos

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