21 de dezembro de 2007

Aproveitando a ocasião. Faz um mês que os sem-estádio cairam para segunda divisão. Que na semana seguinte não se falasse em outra coisa, tudo bem (ainda por cima com essa imprensa galinhesca).
O que aconteceu, contudo: virou o assunto do ano. Episódios narrando a saga corintiana que culminou no descenso; intermináveis entrevistas pseudo-dramáticas; teorias de como um clube desse aporte chega ao fundo do poço...
Chega. Já falaram o suficiente, agora deixem o time em paz, joga a segunda divisão e ponto final. Inventem outro assunto. Em vez de darem importância merecida à Taça Brasil de saltos ornamentais, ficam nessa lenga-lenga de corinthians/série B. Que merda.

15 de dezembro de 2007

Série B 2008

Realmente, de vez em quando não gosto das piadas que vejo no Kibeloco. Agora, convenhamos, que esse vídeo vale a pena.


P.s.: Em homenagem ao Pedro

24 de novembro de 2007


Driin
Quando cheguei à Udesc não sabia quem era o entrevistado. Conhecia-o apenas “verbalmente”, pelo telefone. Liguei, ele disse que nos encontrávamos no hall do bloco amarelo. Perguntei à recepcionista onde era e fui. Havia algumas pessoas ali. Mas nenhuma era ele. Vejo um rapaz colando um cartaz, baixo, barba por fazer, all-star mais usado que o meu. “Pedro”, digo; ele olha para trás, sorri e me cumprimenta. Feitas as apresentações, vamos até a rua, de fronte a um prédio novinho – e branco. Será pintado pelas pessoas que participarão duma oficina que começará dali a alguns minutos, descubro. Antes, contudo, à entrevista.
Pedro Teixeira é designer, tatuador e grafiteiro. Nos muros seu nome é Driin, "é como o manezinho fala, Pedrin isso, Pedrin aquilo". Entrega-me um convite de exposição que fará com outros artistas – também entrega-os a algumas meninas que passam próximo a nós. –Você é bem comunicativo né?- pergunto. –Não, sou tímido para caramba-. –Não parece, foi entregar os convites para as meninas, e para aquelas quando viemos para cá-. –Ah, mas aqui eu estou em casa, passei sete anos nesse lugar-.
-Como é seu trabalho?- começo. Ele diz que o grafite é um vandalismo que adquiriu um status de arte, foi parar nas galerias. Todo mundo precisa trabalhar, pagar contas, se o artista pode fazer o que gosta e conseguir seu sustento, melhor do que fazer outra coisa. Conta que pinta em telas, interiores, trabalhos comerciais. Porém a maioria, e o que ele mais gosta, são as pinturas na rua. “O grafite tem que ir para galeria, mas não pode perder a realidade da rua, que é sua origem” explica. Indago se trabalhos como o dele ajudam na mudança da imagem do ‘pichador vândalo’ para um artista. Responde-me que o vandalismo é uma questão de valores. Para ele vandalismo é quando se pinta sem autorização. Todo dia somos obrigados a ver montes de anúncios sem estar com vontade, e isso pode porque é pago, está no jogo do mercado. O grafite não pode porque então, por que não rola grana? E, acrescenta, há tanta gente fazendo coisa pior, ali é só tinta.
Por sinal, a grana é curta. Como geralmente não recebe nada, Driin trabalha sempre no limite, usa tinta látex, rolinho, pega sprays emprestados, dá um jeito. O melhor, contudo, está nas latinhas: “o spray é ágil, dá todos os efeitos” explica. “Os desenhos são as pessoas da cidade se comunicando” opina, enquanto meche os braços tatuados – nos pulsos lê-se “luz” e “arte”. Se o clima é caótico, o desenho é caótico; se é bom, o desenho é leve. É esse clima que ele tenta exprimir, como a pintura ao lado da Catedral Metropolitana de Florianópolis, que está nessa página. “Tem que pensar nas meninas bonitas, e aí faz o desenho”.
Pedro grafita há dois anos, e além de tatuar e pintar também participa de oficinas para jovens carentes. A primeira foi no projeto Aroeira, agora está no centro cultural Escrava Anastácia, no morro da Caixa, centro de Florianópolis. “Com o grafite eles aprendem a projetar, dar seqüência aos trabalhos. Também desenvolve identidade, auto-estima, trabalho em grupo, criatividade”. Além disso, como no seu surgimento –quando jovens saiam dos guetos estadounidenses para deixar sua marca nas regiões ricas, dizendo “hey, estou aqui”- o grafite dá voz a quem não tem. Nobre tarefa.

23 de novembro de 2007

O vôo das borboletas



Até aquele dia éramos, todos, larvas em ovos, presos dentro das paredes da sala de aula. Nenhum de nós tivera experiência parecida. Era nosso primeiro desafio diante de uma grande reportagem. O local e o tema escolhidos ainda eram estranhos à maioria dos colegas. Eu era um dos poucos que sabiam em que tipo de terreno entrávamos. Como toda vida que acaba de nascer, estávamos confusos com o mundo que se abria diante de nossas pupilas ainda dilatadas com os primeiros sinais de luz daquela manhã.

Mesmo cursando a sexta fase de jornalismo, a insegurança ainda persistia em muitos de nós. Aliás, este é um defeito não só das escolas, mas do jornalismo de modo geral. O contato humano tem perdido espaço dentro das redações. No seu lugar, pessoas presas em suas mesas, telefones, e-mails. Não se fala mais com as pessoas diretamente, algo que deveria ser uma premissa da profissão. Os jornalistas, que antes agiam como borboletas, voando em busca de novas flores, atrás de uma boa história para contar, hoje têm as suas asas cortadas no nascimento e não conhecem mais o doce pólen que está em cada rosto, nas ruas.

Dia 19 de outubro. Era a primeira vez que íamos ao Centro Educacional Dom Jayme de Barros Câmara. Um veículo da universidade estava alocado para levar todos até o local, mas a reserva foi cancelada na véspera. Por sorte, como vários de nós estavam de carro, nos dividimos em quatro grupos e fomos.

Eu fui com Juliana Louzeiro, formanda de Psicologia. Ela nos auxiliou no contato com as crianças e com a diretoria do Dom Jayme. Ouvíamos música. Para meus ouvidos, a palavra música, nesse caso, deveria vir com aspas. Mas resisti à tentação para não me indispor com a moça. Juliana ajuda a coordenar o núcleo de estudos do curso que cuida de questões comuns ao tema deste jornal. Está usando a experiência obtida na parceria entre o Curso de Psicologia e a Organização Internacional do Trabalho (OIT) no Programa de Erradicação do Trabalho Infantil para produzir seu trabalho de conclusão de curso.

Ao chegarmos, confirmei que a realidade avaliada em três reuniões na sala de aula, preparativas à vivência, realmente era familiar à minha história. Minha mãe foi professora, durante quase 20 anos, em uma escola pública no Bairro Forquilhinhas, em São José. Só estudei lá por seis meses, mas acabei crescendo próximo àquele mundo, tanto da escola, quanto do bairro pobre e violento. Descemos do carro e cumprimentamos a coordenadora do Centro Educacional, Maria Samira Savi Pini. Ela nos levou a uma sala, onde conhecemos alguns dos personagens que o leitor encontrará nas páginas do Jornal Laboratório Fato & Versão.

O clima entre nós e as crianças ainda era pesado. Nós acabáramos de romper o ovo e, larvas jovens como éramos, até aquele instante, sequer conseguíamos nos integrar às crianças. Raquel Wandelli, nossa professora de Redação 3, nos ajudou a quebrar o gelo. Gravamos depoimentos sobre nossas expectativas para o futuro - algo do tipo: "o que eu quero ser quando crescer". Uma de minhas colegas, Tainá, pegou a deixa e continuou a brincadeira.

Devido à um problema com a preparação do material que nos apresentaria, Liane Vaz chegou ao Dom Jayme com quase uma hora de atraso. Ela faz parte do Fórum Estadual para Erradicação do Trabalho Infantil em Santa Catarina. Durante quase duas horas, discursou sobre o tema para nós, as crianças e os professores que ocupavam a sala. Em alguns momentos, o coração de todos era tocado por relatos que escapavam dos lábios das crianças, como o do menino que falou de uma prima pré-adolescente que cuidava, sozinha, de mais dois irmãos. Liane tentou abrir a percepção daquelas crianças sobre determinadas atividades às quais estavam expostas que eram formas disfarçadas de trabalho infantil. Ao final, foi a vez de Eliane Roque, do Fórum Catarinense de Exploração Sexual Infanto-Juvenil, dar um depoimento contundente, direto e emocionado.

Alguns de nós saíram da instituição próximo ao meio-dia - a previsão inicial era 11h. Ficou a promessa do retorno dentro de uma semana para conhecermos algumas das atividades do centro e, efetivamente, fazer as reportagens. Mas o que se passou naquelas horas já deixou marcas que levaríamos ao nosso próximo estágio de desenvolvimento. Histórias tristes, de trabalho pesado, de vida difícil, pobre, de fome e de miséria escondiam-se atrás de sorrisos abertos, olhos que ainda brilhavam e reluziam esperança. Já havíamos recebido nossa missão. Precisávamos contar essas histórias aos nossos leitores. Fomos à pupa, nossa próxima fase de evolução, sabendo que a tarefa de crescer, naquele momento, não seria fácil.

Abro aqui uma pausa para contar algo inusitado antes da nossa segunda visita ao D. Jayme: a minha volta até a Unisul. Eu, Carmine e Lisandra retornamos de carona com nossa professora. A excitação e a ansiedade pelas declarações que ouvíramos minutos antes a fez esquecer as regras de trânsito. "Lombada!", eu avisei, mas ela não viu e tocou direto. "Aqui você pára", tentei, sem sucesso, lembrar. Mas as placas vermelhas pareciam não ter significado. Acredito que ela não dirija sempre desta forma, mas, sem dúvida, a emoção tomou conta das decisões dela ao volante naquele dia. Em certo momento, Carmine segurou em minha mão e revelou: "Samuka, eu to com medo." Tendo este relato em mãos, o leitor pode deduzir que o final da história foi feliz e saímos todos ilesos.

Dia 19 de Outubro. Ainda éramos pupas ao sair da universidade. Não havíamos quebrado o casulo que nos aprisionava há uma semana. Dessa vez, não cancelaram nosso transporte. Fomos todos em uma van até o Centro Educacional. Era agora ou nunca. As borboletas tinham que voar. A programação do dia inclua um tour pela instituição. O propósito era conhecer os trabalhos desenvolvidos para ocupar o tempo das crianças e adolescentes, teoricamente, tirando-as do trabalho.

Não éramos os únicos que já se sentiram presos naquele lugar. Quando da fundação, o Dom Jayme era uma espécie de orfanato. Fazia parte da Fundação Catarinense do Bem-Estar do Menor (Fucabem). No entanto, os internos estudavam junto com crianças da comunidade local e, em alguns finais de semana, saíam para brincar fora do centro.

A primeira atividade que presenciamos foi a aula de dança, da qual participavam algumas meninas. Naquela pequena construção, todos perceberam que as pupas estavam se mexendo. Por mais incrível que possa parecer, a música de Wanessa Camargo e os movimentos das meninas no ritmo das notas que saíam do pequeno aparelho de som nos sensibilizaram. Logo depois foi a vez da aula de Tae-Kwon-Do. A disciplina dos meninos e os golpes que davam no ar pareciam bater diretamente nos casulos, ajudando as borboletas a se libertarem.

Caminhamos para ver a cozinha, na qual as crianças tinham aula de panificação. Ali as primeiras borboletas começaram a aparecer. O sabor das broas de amendoim que os alunos estavam fazendo adoçou o coração de alguns de nós. Depois foi a vez de vermos algumas oficinas de arte. As peças coloridas chamaram a atenção das borboletas, que romperam definitivamente seus casulos e foram atrás das peças mais parecidas com as cores de suas asas.

A partir daquele momento, todos já haviam escolhido os protagonistas das histórias que iriam contar, direcionado suas pautas e, principalmente, se transformado em borboletas. O passeio continuou. Fomos até o ginásio, que estava vazio, e depois cada um foi fazer o trabalho que lhe foi confiado.

A manhã passou rápido naquele dia. Não foi suficiente para que todos pudessem terminar as matérias que lhes foram delegadas. Alguns, como eu, retornaram ao Dom Jayme, fosse para trazer à memória tempos passados ou, simplesmente, completar o trabalho. No entanto, no momento da volta à faculdade, algo foi possível perceber nos olhos de todos. As borboletas, naquele dia, enfim, aprenderam a voar.

8 de novembro de 2007

Tarde de terça-feira, duas e vinte da tarde. Sol, rua Felipe Schmidt, centro da cidade. De repente ouço umas pessoas dizendo “corre”, “pega ladrão”. Logo forma-se um bolinho, em frente a uma loja de telefones celulares. Vou até o local, aos poucos tento furar a barreira humana ávida por desgraça alheia. Quando consigo ver, a cena é deprimente. Um homem, negro, cabelo desgrenhado, desses que aparenta ter o dobro da idade. Chuto uns 40 anos. Roupas sujas, chinelo velho, está deitado de barriga para o chão. Montado sobre ele um pm, galego, óculos escuros, segurando com força as algemas que prendem o outro pelo dedão – é um modelo pior que a convencional, para quem está preso. Confesso, fiquei chocado. O roubão –chamarei assim – argumentava que se o policial apertasse mais quebraria seus dedos. A figura dele dava pena, era um fudido ao qual provavelmente nenhuma outra chance foi dada. Não estou defendendo-o, se me roubassem eu também gostaria que pegassem quem o tivesse feito. Nesse caso, contudo, acho sim - sem balela – que o cara não tinha nem o que comer. Ninguém que está lendo isso sabe o que é passar fome, ver um filho chorar por não ter de comer.

Ficam ali uns 5 minutos. As pessoas ao redor tecem comentários, todos do tipo “é homem pra roubar, quero ver se é homem agora”, ou “dá uma coça que ele fica um tempo sem incomodar”. Quase tremi diante daquela cena, aquele ser humano degradado e marginalizado, excluído por nós, “classe média consciente”, que tem compaixão por um cão e tropeça num sem-teto, com chance de reclamar por ele estar ali. Dali a pouco chega um cara correndo, camisa e calção, gordo com bigode, pedindo licença. Pelo que entendi é o roubado. Pega suas coisas no chão, carteira, documentos e um boné. Ajuda o pm a levar o roubão, todavia não vi para onde. Estava empolgado com o ótimo texto que poderia fazer, entrei na Catarinense; pedi um cappuccino e comecei a escrever.

Que merda, que imprensa de bosta essa. O que eu devia ter feito? Ido atrás, falar com as pessoas (principalmente o roubão), saber de onde veio, por que estava ali? Acho que é isso que os manuais recomendam. Mas, e daí? No fim das contas estou, de um jeito ou de outro, aproveitando da desgraça do coitado para conseguir algo pessoal – minha matéria. No fim é tudo interesse próprio, eu vou dormir com um belo texto feito, você leitor deita e dorme, o cara deve ter apanhado um bocado na delegacia e fica tudo igual. Não muda nada, absolutamente nada. Cansei dessa profisão de merda que sobrevive às custas da desgraça alheia, dessa, hipocrisia toda. Não tem solução.

7 de novembro de 2007

Vozes do Aroeira



Segunda-feira, 17 de setembro de 2007. Mais um dia, mais um trabalho, mais uma história. O lugar é o mesmo onde, outrora, a morte era analisada; hoje, é o endereço de projetos incumbidos de impulsionar vidas. Até 2005, na Rua Tolentino de Carvalho, o prédio de número 01 correspondia ao Instituto Médico Legal, no bairro Estreito, Florianópolis. A partir de junho daquele ano, o Governo do Estado de Santa Catarina cedeu o lugar por um prazo de dez anos à Incubadora Popular de Cooperativas.
Do convênio com o Consórcio Social da Juventude se mantém o Aroeira, que existe desde 1994. Os consórcios são uma forma de atuação do Programa Nacional de Estímulo ao Primeiro Emprego, do Governo Federal. O Aroeira conseguiu ser o vencedor da licitação no Estado de Santa Catarina durante dois anos consecutivos. Existem, agora, expectativas para que o ano que vem seja o terceiro. Junior, coordenador do projeto, diz que mais de mil jovens com idade entre 16 e 24 anos participam do Aroeira. “São todos de comunidades carentes e o nosso objetivo é afastá-los da criminalidade através das oficinas e atividades que promovemos aqui no centro”, explica.
No prédio do IPC são muitas as salas em que os jovens exercem atividades.

- Há dois anos, no Aroeira 1, nossa preocupação era emergencial. Precisávamos realizar um trabalho rápido de resgate dos jovens. Tínhamos atividades relacionadas ao meio ambiente, à informática, à cidadania e à escolaridade - disse Junior.

Hoje, as oficinas dos primeiros anos de organização se tornaram cooperativas. As principais são: Soluções em Informática, a Cooperfloripa – responsável pela marca Solto Surf Wear, Estética Afro, Papel Reciclado, Marcenaria é Arte e Gastronomia e Panificação.
Para quem está na sala de recepção, o ar traz o cheirinho do pão que está no forno. - - O que produzimos aqui volta para as comunidades. Fornecemos, por exemplo, pão e pranchas de surf em quantidades significativas por um preço mais acessível aos bairros carentes ou trocamos por outra mercadoria - conta o coordenador. De acordo com Junior, isso tem sido um motivo de interação entre comunidades que, antes, eram rivais, contribuindo para um melhor relacionamento entre os habitantes.
No meio da conversa, a pauta do dia é redirecionada. Depois do panorama geral do projeto, Junior conta que um grupo de meninos, contemplado pelas oficinas dos primeiros Aroeiras, está prestes a gravar um Cd.

- Eles participaram de aulas de manutenção de instrumentos e acabaram montando um grupo de percussão.


Milhões de pessoas, milhares de barracos, feitos de madeiras ou tijolos, mas parecem inacabados. Meio metro separa uma casa da outra. De fundo toca essa base que pela burguesia é discriminada. Eu conheço. Tenho orgulho, bate no peito, essa música vem do gueto. A situação é ruim, mas ninguém se alarma. Então, acima do subsídio, eu me dedico a fazer esse relato, esse desabafo. A voz do excluído chegou. MNP: Movimento Negro Periférico.

- Os guris têm talento de sobra, só faltam oportunidades. – deixou claro o professor Nicolas Malhomme, que leciona teoria musical – O grupo tem nome: Os Khentes. Nome bonito, não é?

Nicolas toca bateria desde os 17 anos na periferia Sul de Paris, França, onde nasceu. Passou, então a se interessar por percussão afro-cubana, africana e afro-brasileira. Quando veio ao Brasil, foi integrante do Maracatu Nação Pernambuco de Olinda durante 5 anos. Chegou a Florianópolis em 1996, e já tocou com bandas locais e escolas de samba. Hoje, é integrante da banda Expedição. De acordo com Nicolas, o preconceito ainda é uma barreira para a capacidade dos meninos.

- Eu estou bem feliz em poder ajudá-los. Força de vontade eles já tem. É só um empurrãozinho que eles vão, estás entendendo? A idéia é eles poderem caminhar com as próprias pernas o mais rápido possível. É verdade, também, que existe um certo preconceito por eles virem das periferias, dos morros. Isso dificulta bastante. Por isso, acho que gravar é uma maneira mais rápida e eficaz de eles divulgarem o trabalho e conseguirem oportunidades como músicos – opinou.

Terça-feira, 23 de outubro de 2007.

Mais uma vez, o destino era o IPC, no Estreito. Por volta das 14h cheguei ao local e a Rose foi comunicar os 4 integrantes do grupo de percussão Os Khentes. Findas as apresentações, seguimos para a sala de música. Fechamos uma roda com as cadeiras e começamos o descobrimento.
Eles querem montar uma escola de música, já que os outros projetos terminaram na formação de cooperativas. Guilherme de Souza Pereira, 17, era o mais desinibido, no começo. Ele quer ser rico para poder fechar um clube e promover o evento que já tem nome: Talentos Anônimos.

- Viver de música aqui no Sul é foda -, disse Guilherme - Sou fã do Odilon! Pode anotar aí. Um dia quero ser que nem ele e escrever um livro sobre baterias de escola de samba. Ele é o mestre de bateria da Grande Rio!

Desde pequeno, Guilherme observava o tio, que passava pela rua com um pandeiro em mãos, quando ficava na casa da avó. Ele, então, quis aprender a tocar. O interesse pela música não ficou mais de lado. Hoje, faz parte da banda Fascinasamba. Contou toda a trajetória da união, desde a época em que participaram das oficinas de manutenção de instrumentos e do despertar da curiosidade pela percussão. Depois do Aroeira 1, permaneceram como monitores e deram cursos aos jovens do Aroeira 2.
Não são todos os integrantes que acompanham o projeto desde o seu início. Djavan Nascimento Costa, que completou 21 anos no dia 26 de outubro e Ângelo Luis Carvalho, 23, entraram mais tarde. Aos poucos, o desembaraço mostrou-se nos risos incontidos e nas constantes brincadeiras que, antes de me divertirem, quase me fizeram imaginar que eles não estivessem me levando a sério. Djavan parecia envergonhado:

- Daqui a pouco ela vai achar que é tudo brincadeira!

As músicas são escritas por ele, que pensa em fazer faculdade de música e de letras. A coincidência não está só no nome, mas também na afinidade musical: ele diz gostar das músicas do artista de quem tem o mesmo nome. Djavan diz se inspirar no que pensa sobre tudo, desde o funcionamento da sociedade até uma briga entre irmãos.

O cara já tá eleito, não tem jeito
Acostumaram
Faz parte, as promessas são onipresentes
E nós todos somos oniscientes
Pois o relato nasce pra isso
Soa nato
Não vou deixar me levar de novo, não
O sistema não vai me pegar
Eu represento a sigla do morro MNP
Movimento Negro Periférico

Ângelo também esteve em contato com a música desde pequeno. O pai toca violão e o irmão mais velho tem deficiência na visão e é cantor de rap. Com Rajan Gonçalves, 17, não é diferente:

- Tu nasce escutando, nasce no meio do pagode, ouve, gosta e acaba aprendendo.

O nome do grupo vem de uma expressão que todos eles costumam usar.

- É de tanto falar “eu sou quente, irmão...tu sabe que sou quente”. Aí precisava de um nome e decidimos assim – explicou Guilherme.


- É! Só reformulamos pra ficar mais louco – interrompeu Djavan.

- Mais louco por quê? Por causa da escrita? – perguntei.

- Sim! Pra ficar diferente, ficar mais pá... – respondeu, sorrindo.

Nicolas entrou à sala enquanto fazíamos algumas fotos. Contou um episódio que não deixou os meninos contentes.

- Eu estava procurando Cds de rap, e não encontrei em loja nenhuma! Perguntei pra um vendedor e ele me disse que se trazem esse tipo de Cd pras lojas, vai ter gente que vai entrar lá pra roubar – falou o professor.

- Não quero ganhar dinheiro com essas lojas, não! Nosso Cd não vai pra lugar assim – adiantou Djavan.

Você diz que nós não temos motivos pra se revoltar
Na moral vocês não sabem o que temos que passar
Pra botar rango na mesa
Ser um mano firmeza e não deixar a família
Passar necessidade
Você não conhece a dura realidade


Mal saiu do estúdio, o Cd foi deixado em minhas mãos. As gravações contaram com a participação de duas primas de Djavan, Clarisse e Bruna. O Cd de samba e percussão está em fase de produção ainda.

Arielli Secco

Uma observação.
Desisto de tentar colocar parágrafos no texto.

31 de outubro de 2007

O fim do meio impresso.




TV digital, internet, convergência de meios de comunicação. A tecnologia, sem dúvida, transformou para sempre a forma como lidamos com a comunicação. Tantas metamorfoses fizeram com que se abrisse a discussão sobre o fim do meio impresso. Será que o livro vai realmente acabar? E qual será o futuro dos jornais? Haverá espaço para o papel em um mundo completamente digital? O bate-boca sobre isso ganhou mais intensidade quando o New York Times anunciou que deixará de ter a sua versão impressa dentro de alguns anos e irá manter apenas sua página na rede.

Recentemente, dois jornalistas passaram por Florianópolis e deram a sua opinião sobre esse tema. Marcos Sá Corrêa, editor da Revista Piauí, disse que é questão de tempo para que o último jornal seja lido. De acordo com dados que ele pesquisou, em 2043, sairá a última edição de um jornal impresso no mundo. Isso porque os leitores habituais de jornal estão começando a entrar em extinção. Ricardo Noblat, também discursou sobre o tema e lembrou à platéia que o assistia na Assembléia Legislativa que se os jornalistas não se adaptarem às novas tecnologias, estarão fadados ao desemprego muito em breve.

No entanto, o que nenhum deles se deu conta, é que apesar do crescimento vertiginoso que os meios eletrônicos têm tido nos dois últimos anos (o Brasil já possui 39 milhões de internautas e é o país que possui o maior tempo per-capita de acesso no mundo, com 19 horas mensais), vivemos em uma sociedade de grande exclusão social. Hoje, o salário mínimo é de 380 Reais. Um computador que consiga um acesso razoável à rede não sai por menos de 1000 Reais. Além disso, há o fato de que é muito caro para entrar na rede. Dois minutos de ligação em Santa Catarina custam 25 centavos e os provedores de banda larga ainda são inacessíveis para boa parte das pessoas que compraram computadores ultimamente. A introdução da TV digital, proposta para começar em São Paulo em dezembro, não terá o mesmo valor da internet, visto que as possibilidades de interação são limitadas àquilo que o canal transmissor considerar importante. Fora que todos os aparelhos de televisão vendidos no país hoje, vão necessitar de um conversor de sinal.

Como se não bastasse, a falta de educação da população exclui ainda mais a população com menor poder aquisitivo. Para manusear um computador é necessário saber ler, escrever e interpretar em inglês e português para se entender os milhares de comandos e mensagens de erro que eventualmente aparecem na tela do PC. Além disso, há que se considerar que uma boa parte dos usuários acessa a internet para buscar humor barato, pornografia, bate-papo, orkut, etc.

No entanto, não se pode desconsiderar que a rede mundial realmente vai ditar o futuro da comunicação. A velocidade com que as informações podem ser publicadas e o número quase infinito de fontes, ajudam a criar uma nova era de democratização da comunicação. Os meios impressos infelizmente não podem competir com isso. Talvez seja esse o motivo de tantas pessoas considerarem que o fim dos jornais e revistas está próximo.

O que é possível fazer é repensar o modo de se fazer jornais e revistas. Investir em matérias com mais profundidade e conteúdo e deixar de lado a factualidade pontual e, muitas vezes, estúpida e superficial, pode ser uma saída. Levar as matérias para um lado mais social e humano. Há uma escassez de pautas desse tipo, em especial na grande mídia. Assim, ao invés de continuar em declínio, novas portas se abrirão para os jornais e revistas.

30 de outubro de 2007

Fala aí!
Claro que não farei uso de limitações: a quem quiser sugerir outras possíveis justificativas, que fique à vontade! Em se tratando deste blog, mais à vontade do que o normal! Não há nada pior do que escrever, jogar palavras, explanar idéias, tudo ao vento! Existe o link para comentários, intervenções, críticas. Conversar com o Sr. Eco é uma coisa muito repetitiva! Cansa!
Voltando à suplica: que diabos acontece?
Fatos da semana que me têm descabido à tolerância:
- O BOPE ora IBOPE...
Você liga a televisão e lá estão os famigerados homens de preto falando uma, duas, três, quatro vezes em cinco telejornais sobre táticas, combate "e tudo, e tal". Muito bem! Ops...eles trabalham para a sociedade ou para a imprensa? O filme retrata a realidade ou a realidade retrata o filme?
- O Paulo Coelho se pronuncia em conferência da FIFA...
Ahn? Já não basta o parvo encher páginas de futilidades envoltas em algo a que chamam de magia [supérflua] e ele ainda insiste em cuspir besteiras ao microfone? "Eu já vi conversas durarem 5 horas discutindo um jogo de futebol, mas eu nunca vi uma conversa de 5 horas sobre uma relação sexual" [COELHO, 2007]. Além de que o perfil do ilustre figura dos besta-sellers tem mesmo tudo a ver com futebol!
- Copa do mundo no Brasil em 2014...
O Brasil precisa mesmo de mais epifania para curar as intempéries da atmosfera social que já tem mais buracos do que a camada de ozônio. A política do pão e circo troca apenas os elementos: banana e futebol pra eles! Teremos um carnaval prolongado em 2014. Teremos os problemas prolongados até 2014. Teremos os problemas prolongados além de 2014. Se o Canadá e tantos outros países têm problema com a violência, por que é que o Brasil não pode ter? Sem contar com as pérolas do presidente ao discursar sobre a história do futebol...



Amanhã vai ser outro dia, amanhã vai ser outro dia..........

27 de outubro de 2007


Duas boas pedidas. Tegan e Sara Quin são gêmeas de Vancouver, no Canadá. Começaram a cantar após ganhar um concurso musical local. Lançaram o primeiro álbum há oito anos, e o último -The Con- é desse ano. Cantam em inglês (quiça em francês também) e fazem um indie com levadas bem interessntes. Quatro músicas podem ser ouvidas no http://www.myspace.com/teganandsara. O sítio oficial é http://www.teganandsara.com/.
A outra é literária. Recebi hoje -quer dizer, abri a caixa de e-mails hoje- mensagem de meu amigo Fernando Evangelista (repórter da Caros Amigos) informando que o sítio da Caros republicou uma matéria dele com Juliana Kroeger sobre o Curdistão. Eles andaram por lá em Março, na companhia do fotógrafo italiano Matt Corner, e a reportagem está em http://carosamigos.terra.com.br/.




21 de outubro de 2007

Do que é realidade.


.O boné era instrumento da timidez. “Não gosto de aparecer em foto”, alertou Cezar. Os olhos claros procuravam fugir ao contato. As confidências fluíam na conversa enquanto a cabeça permanecia ligeiramente inclinada para baixo. As palavras eram o sinal de uma confiança rápida, construída naquele mesmo instante - e que se mostrava necessária. Tem treze anos, freqüenta o Centro Educacional Dom Jaime Câmara pela manhã e vai ao colégio à tarde. Das 18h às 20h, vende os salgados que sua tia faz. “Minha mãe nunca me obrigou a nada. Faço isso porque eu quero. Ela só me proibiu de brincar com as outras crianças. Meu irmão brincava e virou maconheiro”.
A conversa foi interrompida pela convenção dos bons modos. A palestrante da Procuradoria Regional do Trabalho precisava falar sobre números. Pediam o nosso silêncio.
Depois das exposições sobre o Diagnóstico do Trabalho Infantil em Palhoça e em Biguaçu, realizado pela Organização Internacional do Trabalho, e sobre exploração sexual, a primeira pergunta de Cézar a mim:
- E o pessoal da tarde, como fica?
- Oi? - os ouvidos desatentos me fizeram indagar.
- É! As crianças que vêm pra cá de tarde! Eles vão ter isso também?
- Não sei, Cezar. Essas palestras são por causa do nosso trabalho, e viemos de manhã porque é nosso horário de aula.

- Mas tem que ter à tarde, também! É importante pra eles, né?
- Verdade! Vou ver o que consigo fazer.
Falei com a Samira, coordenadora do projeto Jornada Ampliada [uma execução do PETI - Programa de Erradicação do Trabalho Infantil - que acontece dentro do Centro Educacional Dom Jaime Câmara]. Já estavam combinando com os palestrantes para que fizessem a mesma coisa durante a tarde. Ela me agradeceu e aproveitei para me desculpar pela conversa com o Cezar, que por vezes pôde ter sido abusiva – embora eu soubesse que deveria ter aproveitado o momento e preferia ter atrapalhado a palestra a interromper a sede de confidência do garoto.

Cezar correu junto às outras crianças para o almoço. Antes, pedi a ele um abraço, que não me foi negado. Abraço apertado. Foi só o começo. Quem sabe, na próxima semana o boné já não seja mais tão utilizado.

17 de outubro de 2007

Devia ser nove horas, talvez um pouco menos. Tocava uma música tosca, desses hip-hop americano, bem alta no táxi. "Maestro Francisco Braga", falei para o taxista, que devia ter uns 30 anos. A rádio continuava com músicas que não gosto, e o cara todo empolgado, cantava, balançava a cabeça. Cada maluco que aparece, penso. Não muito longe de meu destino o taxista pergunta se me importo de ele acender um cigarro. "Não", respondo.
-você fuma?
-não.
-ah, então deixa, acendo outra hora, você não fuma é?
-não fumo cigarro
-ah, tu fuma uma maconha então
Murmuro algo que não diz sim nem não.
-é, quem hoje em dia não gosta de uma macoinha. o meu tá pronto já, daqui a pouco boto fogo.
-ah, tá pronto já é, para depois do expediente
-é, hoje à noite acendo
Vi que a situação poderia render boa história
-a maconha daqui é boa é?
-é, de primeira. tá aqui ó -enfia a mão no porta-objetos da porta e tira o baseado, enquanto quase entra na rua errada- saca só
Pego o pequeno cigarro, analiso, cheiro
-de onde é esse?
-tuiuti
-parece bom, é bem pura?
-é, tem só um negócio que eles usam para dar liga, mas é boa. Se quiseres a gente pode tocar fogo agora...
-não não, tô indo para casa agora
O carro pára na frente de meu destino, a corrida foi R$ 7,50. Abro a porta e o 0,50 do troco cai no bueiro. Paciência. Coisas do Rio de Janeiro.

29 de setembro de 2007

Noite de gala na telinha da Globo


Tá bom, tenho que admitir. Assisti sim ao último capitulo da novela ontem a noite. Não porque gosto de novela, nem porque quero saber quem matou quem, mas sim porque só iria jantar quando aquela porcaria acabasse. Por isso, mandei o controle remoto abrir a tela da Rede Globo algumas vezes enquanto a novela terminava.


Só que não sei se é por sorte que tenho o prazer de me deparar com detalhes que muitos deixam passar despercebidos por seus olhos. Em um dado momento, vi uma "sátira" ao Senado e a situação grotesca que acontece com o presidente da casa, Renan Calheiros. Uma personagem era questionada sobre a fonte de renda que recebia de seu amante para custeio de despesas particulares.


Contudo, o que me chamou a atenção não foi a cena em si, mas um detalhe que não vi ninguém comentar até agora. Caso não tenham percebido, o nome do senador interpretado por Denis Carvalho, era "Luis Fernando Cardoso". Não vou perder tempo explicando o nome dele, pois acho que o leitor já conseguiu perceber onde quero chegar.


Algumas horas depois, o Jornal da Globo abriu a sua edição com a matéria principal falando sobre o crescimento da Companhia Vale do Rio Doce. Desde ontem, ela se tornou a maior empresa brasileira, superando a Petrobrás. No entanto, desde o comentário de abertura do jornal, proferido por Willian Waack, passando pela reportagem de Guilherme Portanova e terminando com o comentário de Arnaldo Jabor, em nenhum momento foi citado que a empresa foi "doada" pela módica quantia de 3,1 bilhões de Reais.


Na verdade, Jabor deixou escapar que nos 10 anos desde a privatização, a empresa cresceu oito vezes. Segundo a reportagem, ela vale hoje 286 bilhões de reais. Qualquer calculadora simples pode comprovar que a empresa custava, na época do leilão, algo em torno de 35 bilhões de Reais. Além de tudo, quem assistiu ao jornal, ainda foi obrigado a ter que ouvir o comentarista dizer que "É espantoso que o velho PT pense em reestatizar a Vale, na linha dos malucos do MST, dirigidos por maoístas, criados por bispos da pastoral da terra."


Talvez - corrijam-me os que pensarem o contrário - reestatizar a Vale não seja realmente a melhor saída. Todavia, não dá para fechar os olhos e esquecer do roubo que a população brasileira sofreu há 10 anos, quando a empresa foi privatizada.


Em um tempo no qual o congresso estuda abrir uma CPI para investigar as denúncias que Renan Calheiros fez contra a Editora Abril, faço aqui um pedido para que se investiguem todas as grandes empresas de comunicação do país. Liberdade de imprensa sim, mas com responsabilidade e com justiça acima de tudo.

22 de setembro de 2007

Sem noção
Hoje foi o "dia sem carro", ou algo do tipo. Para as pessoas saírem de casa utilizando outros meios que não o automóvel. Legal, não sou pró-automóvel. Acho, contudo, que a população precisa ser bem servida no quesito transporte público. Algo que em Floripa é uma merda completa. Dia desses indo para aula - de busão - vi uma propaganda - noutro busão - para população utilizar mais coletivos, que é ecológicamente correto, mais sustentável, etc. Ótimo, todavia façam direito então. Que criatura que sai do bairro às 6h, pega três ônibus e chega no centro às 8h se animará a andar nesse sistema?
Florianópolis tem - além de duas tarifas únicas - um monte de terminais que foram pensados de um jeito, não funcionaram; foram adaptados e hoje são piores ainda. O salafrário do prefeito elegeu-se prometendo "abrir a caixa-preta do transporte", coisa que até hoje está na mesma. Aliás, na mesma não, porque com todos os rolos de cotisa, setuf e cia ele deve levar uns bons trocados, junto coa sua curriola. Eu não ligo de pegar ônibus em sampa. Pelo contrário, ia a vários lugares e raramente esperava mais de 10 minutos. Várias cidades tem sistemas que funcionam, positivos à população. Poderíamos muito bem, se vontade houvesse, ter um que funcionasse aqui também. Porém é muito mais interessante a quem manda na cidade que as coisas fiquem como estão. Mas essa é outra discussão.
Para finalizar, hoje teve apresentação da escola do Bolshoi no largo da catedral. Acabada a dança, foram os patetas do prefeito e secretário de transporte tirar fotos ao lado dos bailarinos (odeio esse tipo de autopromoção barata). Em seguida ganharam uma placa da Aflodef, por serviços prestados aos deficientes, sei lá, já tava indo embora. De qualquer forma achei um absurdo, uma cidade onde carros param em qualquer calçada, um monte de calçadas ainda tem buracos, prédios públicos sem acesso... Sem noção.
ps. Pergunte se prefeito e secretário foram de latão até o evento. Me agradas!

16 de setembro de 2007

Um Ano
Ele começou devagar, bem,talvez ainda seja. Porém, mesmo despretenciosamente, este inusitado blog chegou a um ano de vida. Sim, estamos há um ano no ar, com quase cem publicações entre artigos, fotos, opiniões, notícias. Em breve algumas receitas também. Muita coisa acontece em um ano. Naturalmente não conseguimos colocar tudo aqui, pelo contrário. Sabemos que por vezes deixamos a desejar. Nossa vontade de atualizá-lo nem sempre corresponde com o ato de fazê-lo. Sim, às vezes ele pode parecer abandonado, todavia o fato é que não passamos um dia sem pensar no AJ. Sempre queredo colocar alguma novidade, um link interesante, algo inovador e inesperado. Vontade, acreditem, não nos falta. Talvez tempo, dedicação, organização sim; vontade nunca. Assim chegamos a esse primeiro aniversário, sabendo que temos muito o que melhorar, mas, acima de tudo; sempre fazemos o melhor possível. Rumamos agora a mais uma etapa, cada vez menos aspirantes e mais jornalistas. Um degrau de cada vez. Mas sem parar.
Um brinde. E que venha mais um ano.
Aspirantes a Jornalistas

14 de setembro de 2007

A menina que seguiu a poesia



A manhã era chuvosa em Palhoça. O dia triste poderia servir como inspiração para as lágrimas que teimariam em cair alguns minutos depois do rosto dela, não fosse o motivo de tais gotas. Helen Francine veio até a Unisul para falar um pouco sobre a sua vida como jornalista e também sobre a experiência de mergulhar nas histórias do poeta catarinense Lindolf Bell. Histórias estas, que montam o livro “Quixote Catarinense”.

Helen nasceu em Lages, mas viveu a maior parte da sua vida em Balneário Camboriú. Suas paixões? As flores, a literatura e a cor lilás. E desde menina, a literatura já fazia parte de sua vida, inclusive trazendo influências para a pequena que marcariam toda a sua trajetória. Ela cita como uma dessas influências, a frase que leu “em algum lugar” e que não lembra o nome do autor: “Sem saber que era impossível, ele foi lá e fez”. As flores e a natureza em geral, também são fontes das quais a vida de Helen se nutre. Ela fala do hábito que adquiriu no curso de pós-graduação: abraçar árvores.

A conversa em vários momentos, torna-se um monólogo dela com os outros que estão na pequena sala com cheiro de mofo dentro da Unisul. Aliás, o cheiro se perde com a voz de Helen ao declamar poemas de Lindolf Bell já pelas 10h da manhã. Seus olhos se enchem de lágrimas quando ela se lembra de alguns momentos durante a produção do livro sobre o poeta. Muito antes de sequer imaginar a entrada na faculdade de jornalismo, os dois tiveram um único contato pessoal, que seria marcante para a então menina que ainda ensaiava suas primeiras letras no universo da poesia. Em 96, ouve um concurso no colégio onde ela estudava e Helen ficou com o primeiro lugar. Quem entregou o prêmio a ela foi justamente o poeta Bell que lhe disse no pé do ouvido: “segue o caminho da poesia”.

E a menina o fez. Continuou a escrever poemas. Não raro ela também os declamava em publico. Praças, reuniões com os amigos, até casamentos. Todos os lugares eram palcos para Helen mostrar o talento que estava começando a aflorar. Bell também era assim. Nos anos 60, ele fundou um movimento chamado de Catequese Poética, que consistia em levar a poesia até o público, onde quer que fosse.

Então um dia, veio a faculdade de jornalismo e lá a paixão por autores como Truman Capote, Tom Wolfe, Caco Barcellos e todos os autores que aderiam ao new journalism. A paixão foi quase tão instantânea quanto a que ela sempre cultivou pela poesia. Os textos sobre as mais variadas personalidades e lugares indicaram um caminho sem volta para a agora universitária Helen.

No entanto, a inspiração principal para escrever “Dom Quixote Catarinense” só viria no fim do curso. Helen fazia parte da recém inaugurada Academia de Letras de Balneário Camboriú, quando em uma das reuniões foi feita uma homenagem ao já falecido Lindolf Bell. Para receber a homenagem, a filha dele Rafaela Bell. Em seu discurso, Rafa – como a intimidade permitia a Helen assim se referir a filha do poeta – falou sobre as memórias que tinha do pai. Aquele discurso fez com que a estudante, a um ano da conclusão da faculdade de jornalismo, decidisse mudar os projetos que tinha em mente. Surgiu ali o embrião do que viria ser uma grande jornada em busca das histórias do velho poeta catarinense, quase esquecido pela literatura fora das fronteiras de SC.

Ela se emociona diversas vezes ao lembrar das coisas que aconteceram durante a produção do livro. Suas entrevistas, as aventuras em São Paulo, as dificuldades tanto financeiras quanto emocionais. Ela lembra que levou um ano para conseguir reunir e escrever as histórias sobre Lindolf Bell. Todas, divididas nos 24 capítulos que formaram o trabalho de conclusão de curso de Helen Francine.

Após o término da faculdade, Helen continuou a trabalhar na Rádio Univali, onde fez estágio durante o período acadêmico. Ela também é repórter da TV Mocinha de Balneário Camboriú. Ela diz que sempre busca trazer para suas matérias a poesia que sempre esteve presente na sua vida.

11 de setembro de 2007

Globalização maldita

O melhor de tudo nesse vídeo é a espontaneidade do moço.

Ayuda-nooooosssssssss!!!!!!!!!

4 de setembro de 2007

Esse foi para a revista FT, aula de planejamento gráfico II. Admito, não fui eu que fiz. Na verdade adaptei-o de uma revista, visto que tal trabalho visava apenas a montagem da revista, não o conteúdo em si. Em todo caso, a FT ficou perfeita, nada que não feche. Quanto ao texto, agora coloco-o aqui.
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As imagens produzidas por grandes fotógrafos - carinhosamente vistas enquanto matava alguma aula chata, aguardando o intervalo - pelo estudante de arquitetura sentado nas poltronas verdes da biblioteca da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP com certeza ajudaram a despertar o interesse pela fotografia. O livro era Image à la Sauvette, de Cartier-Bresson, e o leitor um dos maiores fotógrafos brasileiros, capaz de retratar o cotidiano das cidades como ninguém. Mas não as únicas.
Desde cedo o então acadêmico de arquitetura gostava de ver boas imagens. Esperava ansiosamente pela chegada da revista Realidade, na qual podia admirar instantâneos de Cláudia Andajur e Maureen Bisilliat, nomes que fizeram história na publicação entre os anos 60 e 70. Tais imagens povoavam e pululavam na cabeça do, à época, aspirante a fotógrafo. Hoje, com 39 anos de estrada, viagens e prêmios, ele continua disposto a encontrar a cada momento o que pode ser a foto marcante, o instante decisivo.
Profissional autônomo dedica-se principalmente à fotografia de cidades, ruas e todo tipo de edificação e situação. “Cidades são geniais já que, de repente, você depara com uma coisa que nem pertence a paisagem fixa, é aquela situação momentânea, que surge nas pessoas que passam, em uma luz que só está existindo naquele momento” diz Cristiano Mascaro. O paulista de Catanduva gosta de comparar seu trabalho coa literatura: “A fotografia é normalmente situada no universo das artes plásticas, mas também tem um compromisso narrativo muito próximo ao da literatura, que é o compromisso de contar uma história, o de desfazer e refazer a realidade, conforme escreveu Antônio Cândido. Acho isso incrível, porque, na literatura, você conta a história com as suas palavras, e aquilo acaba tendo uma ênfase muito maior do que simplesmente a descrição da realidade. A fotografia tem toda essa maneira de mostrar a realidade de uma outra forma, filtrada pelo olhar”.
O início da carreira de Mascaro deu-se no fotojornalismo, estimulado por colegas descobriu o desejo de realizar reportagens fotográficas. Numa atitude certeira bateu à porta de Cláudia Andajur, que além de admirar fora jurada num concurso onde Mascaro dividiu o primeiro lugar com outros dois fotógrafos. Através de Cláudia Cristiano foi apresentado ao diretor de arte da revista Veja – que seria lançada naquele 1968. Quando foi contratado não havia sequer se formado na FAU, mas em poucos meses o arquiteto estava trabalhando para a revista. Até 73 fotografou para Veja, período no qual também estudou por cerca de dois anos em Paris. Na volta para o Brasil, em pleno regime militar, não acreditou numa carreira como fotógrafo de revista. “Surgiu a chance de voltar para universidade para coordenar o setor de recursos audiovisuais. Eu queria documentar a cidade e a arquitetura paulista” conta. Nessa nova passagem pela FAU, onde passou mais 14 anos, Cristiano concluiu mestrado e doutorado. Contudo, “isso tudo (o campo da pesquisa) não me fascinava, eu queria mesmo era fotografar e fazer reportagens.

***
A premissa do fotojornalismo nunca o abandonou. “Considero que faço isso até hoje, porque o meu trabalho, apesar de ter caráter documental, não deixa de ser uma reportagem”. O gosto e a atração pela temática da urbe vieram da infância. Nas andanças pela cidade de São Paulo – indo à escola, casa de amigos ou ao cinema ver filmes em P&B – os prédios o impressionavam. Sempre atento aos arredores, o trajeto favorito era pela Avenida São João, com suas construções de todo tipo.
As fotos de cidades começaram ao fotografar a capital paulista na década de 80, quando fazia relatórios anuais para um banco. Tal função levou-o a outras cidades, bem como nos tempos de Veja. Trabalhos encomendados também ajudaram o fotógrafo a conhecer diversos lugares do país. Em 1998 clicou 28 centros históricos para o Projeto Monumenta, entre eles os de cidades pequeninas. Em seguida veio O Patrimônio Consumido, no qual fotografou os cem edifícios mais significativos para a arquitetura brasileira – trabalho efetuado em apenas cinco meses.
Cristiano acha que um dia trabalhará com equipamento digital, todavia não sabe quando esse momento chegará. Só o usa quando clica com sua digital compacta, usada como “bloco de notas”. “Estou esperando as coisas rolarem mais. Evidente que tenho a maior curiosidade, que vou ter de trabalhar com o digital; mas, enquanto existir o filme, vou tocando com ele”, afirma, realçando a segurança dos negativos: “Morro de medo de medo das minhas fotos entrarem num buraco negro”. O equipamento, tradicionais Nikon e a clássica Leica, série R.
Com simplicidade, fala do futuro: “Vou tocando minha carreira assim, tenho mais uns 20 anos de fotografia aí pela frente, e é assim que vou levando, não posso parar de trabalhar”. Ainda bem.


1 de setembro de 2007

De vez em quando é legal respirarmos um pouco.


Aí está o novo layout da página que eu troquei sem consultar ninguém, nem mesmo os meus colegas aí do lado. Se alguém não gostar é só avisar que nós voltamos para o modelo antigo.

Como diria um professor que eu tive...

A todos, um abraço, um beijo e um queijo.

31 de agosto de 2007

Mais informação no AJ. Fechamos uma parceria coa revista Placar, que agora colabora com este modesto blog. Toda semana o leitor poderá ver a tabela atualizada do campeonato brasileiro, embaixo da sessão arquivos.

30 de agosto de 2007

O cansaço me cabe, mas o sono não me toma. Longe de qualquer discurso melodramático ou de qualquer descrição exagerada, é este o estado em que me encontro. A insônia vem da angústia. Eis a cena que ecoa arrogância em minha memória recente:
A porta de um shopping, uma viatura de polícia, uma carroça carregada de restos urbanos e olhares desviados. Na entrada principal do shopping Iguatemi, a covardia despertou a atenção. Distraída pela conversa com uma amiga, demorei a perceber o rebuliço e não posso afirmar com convicção o que precedeu as ações. Surpreendi-me ao ver dois policiais, junto à parede, a agredirem, sem prudência alguma, um catador de papelão. Os socos e pontapés tinham como resposta o desespero de um homem algemado, ao chão, que suplicava por uma interrupção das agressões. Em frente à viatura (que manteve a sirene ligada o tempo inteiro, atraindo ainda mais a atenção dos passantes), parou um carro convencional, de onde desceu mais um homem uniformizado com os trajes da Polícia Militar. Durante dez minutos, pelo menos, a pancadaria não cessou. Os golpes eram dados com raiva, com fúria e impiedade. Um outro veículo, sem qualquer distinção que o identificasse como policial, parou no meio da rua e o motorista, fardado, desceu para participar da confusão.
Assumo a falta de informações sobre as atitudes do catador de papelão que ocasionaram a ação da polícia militar. Porém, acredito que a partir do momento em que um ser humano está algemado, sem possibilidade de qualquer resistência física, não existe necessidade de brutalidade. Aquele homem que foi espancado transita pelas ruas ao redor do shopping todos os dias com seu cavalo e a carroça, recolhendo o lixo reciclável. Como cidadã e futura jornalista, a cena a que assisti terminou o meu dia de forma indesejável. Fui infeliz no sentido de não ter corrido atrás de detalhes no momento. Eu saía do trabalho e não tinha nenhuma câmera comigo para fazer algum registro, além de todo o cansaço que eu carregava em meu corpo. Resta-me, por ora, apenas manifestar meu descontentamento e minha insatisfação para com essas pessoas que acreditamos serem capacitadas e devidamente treinadas para lidar com situações como a ocorrida.
Hoje tentarei descobrir alguma razão (se é que ela existe) para o fato. O post é um desabafo e o relato de um furo, antes de jornalístico, pessoal, pela falha e pelo alerta que isso tudo me significou.
Arielli Secco

28 de agosto de 2007

Mais um desses textos que, corriqueiramente, escrevemos para aulas que colocam em pauta discussões batidas e têm o final feliz de sempre: o bem vence, todos estão conscientizados acerca das desigualdades e o caos tem solução.
O Diabo veste Prada


O nome do filme traz a mesma marca que os sapatos vermelhos aos pés do papa. Boas atuações, Oscar para a atriz Meryl Streep (que, convenhamos, de Cruela Cruel para Miranda Priestley não foi grande diferença), o tradicional jogo de câmeras Hollywoodiano e o glamour do mundo da moda. O filme permite duas análises: a de que ele mostra os bastidores da moda como um mundo de poder e de estrelismos, ou a de que ele tem elementos suficientes para vir a ser uma crítica às banalizações da vida pós-moderna.
A cena inicial é o retrato puro e simples da uniformização provocada pelo que é convencionalmente chamado de “beleza”. Mulheres supostamente diferentes se maquiam em frente ao espelho e vestem as roupas da moda a fim de se enquadrarem ao padrão. A Impressão que se tem é de uma auto-fábrica a que todas se submetem. Os cílios postiços, os tecidos esvoaçantes e o salto alto forjam uma imagem plástica, irreal. Já antes de Cristo, filósofos como Aristóteles discutiam a beleza em um patamar diretamente relacionado ao bom, ao amor, à felicidade, diretamente interligados com a alma, a essência, o ontológico dos seres. Uma beleza construída, não comprada. Como pode o ser humano, então, ter perdido tanto ao restringir o belo a marcas, a cores estampadas artificialmente no rosto e à aparência?
Acredito que, antes de relacionar tal fato com hábitos como consumismo, é preciso aprofundar a questão ao sentimento humano: à ansiedade, à solidão e à necessidade de se sentir parte de um segmento social fruto de impressões. Não se usa o que se gosta, pois o gosto se confunde ao que está destacado nas páginas ou nos programas de televisão como “o que está na moda!”. As pessoas não se interligam simplesmente por afinidade ou por compaixão, e sim pelos óculos, pela bolsa ou pelo tênis da vez. A sociedade da espetacularização (conceito proposto por Guy Debord) provoca uma sensação de satisfação àqueles que estimam valores materiais em lugar de valores construídos pela vivência. Uma marca não passa de um vazio. Uma ideologia superficial é difundida em outdoors e em formas diversas de publicidade a troco de um nome bordado em uma etiqueta, supervalorizando um objeto que pode não passar de um pedaço de tecido. Encontramo-nos na sociedade dos signos, a que não se atribui significado algum além do capital, ao contrário do que é proposto pela semiótica. Tudo é fabricado para ser exposto e desfilado nas passarelas de asfalto, que são as mesmas por que pisam pessoas à margem do glamour.
A coisificação do ser pode ser explicitamente identificada no filme quando a editora-chefe da revista Runway, Miranda Priestley, chama sua nova contratada como segunda assistente, Andrea (a mocinha inocente que só queria conseguir um bom emprego como jornalista e que sempre criticou o mundo da moda) de Emily (nome da superior primeira assistente). Isso prova, além do poder e da submissão, que não havia diferença para a editora levar em consideração que existia uma pessoa trabalhando, com nome, personalidade e sentimentos. A própria Andréa, aliás, submeteu-se a desrespeitar-se: re-personalizou-se para se enquadrar na função que a cabia. Sempre humilhada por seu modo de se vestir e pelo seu modo de lidar com os fatos, ela passou por uma transformação que provou ser supérflua e temporária ao final do filme. O final feliz foi que, mesmo tendo mudado seu modo de se vestir e de lidar com as pessoas, seu pensamento permaneceu o mesmo e falou mais alto em uma das últimas cenas, quando a Andréa-que-não-Emily virou as costas para a vida que levava como assessora da editora da Runway para voltar à busca pelo emprego que realizaria verdadeiramente seu sonho como jornalista, ainda que isso não equivalesse a glamour e purpurinas.
A essência é a mesma. Todos temos alma, todos temos corpo. Alguns compram aparências mais caras que outros. E a única diferença é uma etiqueta.
Arielli Secco

24 de agosto de 2007

Essa semana estava numa sala de espera, acabei pegando uma veja. Era meio velha, era desse ano. Comecei a leitura pelo final da revista. Tinha uma matéria de peixes abissais, interessnate. Também um "guia" de águas minerais. Até aí tudo bem, mas quando chegaram as primeiras páginas... Primeiro um artigo, tratava da ocupação da USP pelos universitários. Escrito por um, acho que era economista, sei lá. Posso estar enganado, contudo se bem me lembro jornalista não era não. Enfim, o artigo era uma bosta, só que artigo é assim mesmo, a opinião do cara.
Virando a página, a pérola. Uma matéria - pelo menos pretendia ser - sobre a ocupação. Não era assinada. Gostaria de tê-la em mãos, garanto que era bem engraçada. Ri na sala de espera. Tem coisas que só veja faz por você. Dizia que os estudantes não tinham direito de protestar. Que a USP é de São Paulo, aquilo era uma agressão. Comparava-os a traficantes, completando com uma legenda "até a polícia apanhou". Acho que esse repórter não foi até o local. Ainda mencionava que ajudavam os uspianos "um tal de Mab" (sic) e o MST. Claro, todos patrocinados pela União Soviética com a intenção de instalar o socialismo no Brasil. Os adjetivos, sem comentários, toda linha comunistas-anacrônicos-baderneiros-rebeldes sem causa. Só faltou falar que o cabeça da ação foi o presidente Fidel Castro, patrocinando tudo com os tais dólares cubanos.
Hoje, na hora do almoço, assistia o jornal do almoço. Passa uma matéria sobre a ocupação da reitoria da Ufsc, em seguida o comentário do Luis Carlos Prates. Puta merda, não sei como dão espaço pra isso, nem jornalista esse sujeito deve ser. Primeiro deu todo discurso reacionário pré-fabricado inerente à sua turma (um absurdo, todas as medidas precisam ser tomadas para acabar com isso, desordeiros, etc). Fechou o comentário dizendo que "estudante só tem um direito: estudar. O resto é dever". Não concordar cò ato, até vai. Porém soltar uma dessa, francamente. O cara não deve ter noção da função que ocupa, que imprensa não é para falar a merda que bem entender e fica por isso mesmo. Mas o pior é que no fim fica mesmo.
Fiz esse comentário no http://aquiearrabaldes.blogspot.com/. Olhei bem e resolvi colocá-lo também aqui

Muito rende o pertinente assunto. Ainda que não seja verão, aproveito a temática da incorporação do público como privado para lembrar dos bares e hotéis do Jurerê. Seja final de semana, seja terça-feira; ocupam todos metade da praia com suas cadeiras e gurda-sóis. Não importa se o cidadão chega cedo, lá estão dezenas de cadeiras vazias ocupando a areia. Como infelizmente quase ninguém se arrisca a ficar no meio, ficam quase áreas privadas - faixa de areia do beach village, do el divino, etc. Sem contar as músicas que tais bares obrigam todos que estão num raio de quatro km a ouvir. Só uns bate-estaca de merda.

23 de agosto de 2007

Antes de mais nada, vou explicar o motivo do seguinte texto. Descobri hoje que existe um concurso da revista Piauí onde a cada mês os editores dão uma frase qualquer e os postulantes devem enviar um texto de até 3000 caracteres. O melhor é publicado na edição do mês seguinte da revista. Quando vi isso, larguei tudo e escrevi o texto que segue. No entanto, a minha ignorância me impediu de ler o regulamento. Perdi o prazo para envio. De qualquer maneira, decidi não jogá-lo completamente fora. Ei-lo:


O Condenado




Não havia mais nada para ser dito. Meses e meses de espera e o ato fora consumado. Ele caminhava sem rumo em volta de si. Kafka ou Poe nunca imaginariam uma situação como esta. Seus pés flutuavam em um carpete sujo. As paredes revestidas de madeira davam um ar sóbrio ao local. Ele queria ajuda, porém, o homem era muito orgulhoso para isso.


Dois caras o acompanharam até a porta. Pensou ter ouvido alguém chama-lo antes de sair. Que se dane! Quem eles pensam que são? Será que pensam em alguma coisa? Só sei de mim. Agora sei com certeza. Sei tudo o que vai acontecer comigo. Mas não me assusto. Aceitarei o que aconteceu. Perdoarão-me pelo que fiz.


Ele continuou a dar seus passos. Ainda acompanhado pelos homens. Pensou em sair correndo. Desistiu logo. Os homens o acompanharam até um carro preto. Colocaram-no lá dentro e sentaram-se na frente. O veículo saiu da inércia. Os 115 cavalos relinchavam alto. Logo não se veria mais o prédio em que outrora ele estava.


Seguiram dentro do carro por mais de duas horas. As luzes da cidade também ficaram para trás. O destino já estava traçado. Em poucas horas chegaria a sua vez. No banco da frente os homens riam alto e tiravam chacota do passageiro. Em momento algum ele pensou em revidar qualquer uma das ofensas que lhe eram dirigidas. Baixou a cabeça. Baixinho, pediu um cigarro. Ninguém deu a mínima. Resignou-se e não falou mais nada durante todo o trajeto.


No outro lado da cidade, o homem traído dormia calmamente. Ao seu lado, uma senhorita 24 anos mais nova. Deitaram e rolaram por longos cinco minutos. Dormiram em seguida. Os pêlos do tornozelo dele grudaram na colcha de chenile.

19 de agosto de 2007


Um registro: dia internacional da fotografia. Há cento e noventa e oito anos o click congela o tic-tac por um instante; em um papel.



O piscar de olhos que se eternaliza. Etéreo eterno.
Arielli Secco

9 de agosto de 2007

Aí vai um fato constatado mais do que ao acaso e que resultaria em uma bela analogia caso eu não estivesse com o tempo curto para postar: aos curiosos, basta abrir uma janela do servidor da internet, digitar o endereço www.votabrasil.com.br e "Confirme!" [vulgo enter].


Um tanto quanto bizarro.

4 de agosto de 2007

http://www.fazendomedia.com/novas/politica040807.htm

Ótima reportagem. O Pan acabou, mas as confusões continuam.
Ontem à noite a banda Aerocirco fez show lançamento do clipe "ser quem sou", no Teatro Álvaro de Carvalho. O evento começou 20:30, com apresentação da Maltines, outra banda aqui de Floripa, bacana. Já estavam no palco quando chegui, após pagar entrada de R$ 5 - ou seja, de graça. Sentei na penúltima fila. A Maltines faz um rock com eletrônico, meio indie. Batidinha bem ritmada na batera, efeitos de teclado. Tocaram, hum, acho que uns 30 ou 40 minutos. Depois o palco foi arrumado para a atração principal, um telão exibiria o clipe. Um cara cujo nome não lembro subiu no palco para as "formalidades", falou umas besteirinhas enquanto não davam jeito no telão e saiu dizendo que não ficaria contando piadas até que o mesmo ficasse pronto. A impressão é que todos no teatro se conheciam, um grupo de amigos qe se reúne para fazer um som. Passados uns minutos o clipe começou a ser exibido, porém não tinha som. Nova tentativa sem sucesso e na terceira a música foi ao vivo. Todos de preto - mesmo figurino do vídeo - executaram "ser quem sou". Fábio Della, voz e guitarra, anunciou que não houve problema, a banda queria mostrar o primeiro clipe musical mudo. O show prosseguiu animado, um rock forte e vibrante. O teatro não estava lotado, porém abrigava bom público, que acompanhava com entusiasmo os músicos Fábio, Maurício Peixoto (guitarra), Henrique Monteiro (bateria) e Rafael Lang (baixo). A conhecida "eu não conheço" não ficou de fora, além de outras boas do quarto disco, Liquidificador. Após o final do show, mesmo sem ter programado o bis, voltaram ao palco - atendendo entusiasmados pedidos da platéia. Repetiram a canção do clipe, tocaram mais algumas músicas e fecharam com a ótima "hipnotizar". Sai do teatro pouco antes das onze, e elegante nevoeiro cobria Florianópolis. Tomei um táxi e fui-me batucando sobre o cd Liquidificador, comprado na saída do show.

30 de julho de 2007

Paninas

Acabou o Pan. Foram duas semanas de esportes, coisas engraçadas da nossa imprensa e muita bajulação - nunca vi tanta gente se orgulhando em ser brasileiro.
-Até que estava legal a cerimônia de encerramento. O Telefunka, banda mexicana que tocou, som interessante. Apresentação da Fernanda Abreu foi comédia. Não entrarei no ponto do funk carioca ser uma bosta,Vir pro encerramento cantar dizendo que ali estava a favela e não sei mais o que. Me mostra um morador de comunidade carente que assistiu um jogo do futebol feminino ou qualquer outro evento fechado. Tão achando que todo mundo pode pagar o ingresso baratinho dos estádios e ginásios? E os índios tocando, que piada. Tiraram toda terra dos ciotados, extraviaram sua cultura, ninguém dá a mínima para a questão indígena no Brasil. Mas põe eles para tocar no Pan.
-Orçamento dez vezes maior que o previsto, um monte de picaretagens no Cob, instalações que serão privatizadas, dinheiro do povo direto para o bueiro -ou pior, para bolsos alheios-, comunidades carentes cujas condições só pioram, todo mundo achando que o Rio está uma maravilha porque foi sede do Pan. Apesar de tudo isso quero fazer um texto sem problemáticas políticas, tratando apenas de esporte. Deixo essas questões para o http://brasil.indymedia.org/pt/green/2007/07/388805.shtml.
*****
-A partida final de futebol feminino foi boa, temos equipe de qualidade e ano que vem acredito no Ouro olímpico.
-Uma pena as meninas do vôlei terem perdido. Depois de Atenas, nova derrota em solo brasileiro. Sorte para elas no Grand Prix.
-Ouros para basquete e futsal. Espero que, este na copa e aquele nas olimpíadas, repitam o bom resultado.
-A delegação brasileira, composta por 659 atletas, angariou 161 medalhas. Foram 54 ouros, 40 pratas e 67 bronzes.
-São duas potências no Pan: Os Eua, que lideram jogos olímpicos sem dúvida sairiam daqui na liderança do quadro de medalhas. Cuba, como sempre, foi o segundo lugar. E Cuba, sem dúvida, é um exemplo. Seu trabalho de base não visa a formação de atletas, mas de cidadãos. O resto é consequência.
-Gostaria de ter algo mais a escrever, contudo não lembro muita coisa. Talvez numa próxima oportunidade.
-O oi de Mário Vazquez Raña foi impagável

24 de julho de 2007

Paninas

Começou o Pan do Brasil. Começou semana passada, e não escrevi nada. Neste domingo acaba, e não poderia deixar de escrever algo sobre tal evento. Adiante vem mais.
-A medalha que mais curti foi a do taekwondo. Além de ser uma figura, Diogo Silva é um dos muitos atletas sem apoio que, enquanto milhões são investidos nas insatalações esportivas, fica sem nenhum centavo de patrocínio ou governo. Nosso país gastou com estrutura em 2007 mais do que em quatro anos em apoio a atletas. Por isto o desabafo de Diogo na final foi muito, muito pertinente. Bem como o de Natália Falavigna, que merecia o ouro. Bem como toda equipe dessa arte marcial.
-O futebol feminino dá show. É mais gostoso vê-las do que o time da Copa América. Jogam para frente, soltas, sempre visando o gol. E proporcionam cada lance... Queria a Marta no Palmeiras.
-Bom ver o Brasil faturando medalhas em esportes pouco conhecidos. Como: Ouro no pentatlo moderno fem. e patinação artística mas.; prata no boliche duplas mas; bronze no squash e badmington. E que os tradicionais também vão bem, como natação, ginástica e judô.
-Eua são fora de cogitação. É uma potência mundial. Cuba é um exemplo, como em quase tudo. O Brasil está bem à frente do Canadá, objetivo do COB para esse pan.
-Não entendi porque as seleções de futsal e basquete não usaram seus uniformes tradicionais, e sim um "genérico" com a bandeira nacional. Já o futebol usa o "oficial". Será que tem algo relacionado a dinheiro?

22 de julho de 2007

Ilustrada


21 de julho de 2007

Na última semana aconteceram as eleições para a Federeção Nacional dos Jornalistas. Até gostaria de ter me aprofundado um pouco mais no assunto, em todo caso.
Duas chapas concorreram, Orgulho de ser Fenaj e Luta Fenaj. Ambas tem posições parecidas em assuntos como monopólio da grande mídia e coisas do tipo. Num ponto, contudo, há grande divergência. A Orgulho de ser Fenaj defende a criação do Conselho Federal dos Jornalistas e a formação específica para o exercício da profissão. A Luta Fenaj propõe que essa é uma carreira que não pode ser regulada, e que toda pessoa pode ser jornalista - sem necesariamente ser formado.
Com 3.614 votos - contra 1.239 da Luta Fenaj - a Orgulho de ser Fenaj foi reeleita para mais um mandato de três anos.

20 de julho de 2007

É ritmo... É ritmo de festa...



Começa a contagem regressiva para a regeneração da política brasileira. Hoje morreu o senador Antônio Carlos Magalhães. Com certeza, a maior parte dos mortos no acidente com o avião da TAM nesta terça não se importaram que deixemos um pouco o luto por eles de lado para comemorar este dia.

Antônio Carlos Magalhães está na política há mais de 40 anos. Entre seus grandes aliados sempre estiveram Roberto Marinho, José Sarney, Collor. Sua política consistia em, literalmente, acabar com todos os adversários.

Apoiou plenamente a ditadura militar. Fez parte da UDN (União Democrática Nacional, partido de direita) e da ARENA (Aliança Renovadora Nacional, partido do governo militar). Teve três mandatos de governador na Bahia. Em todos os anos que atuou na política, poucas vezes seus apadrinhados perderam as eleições.

Durante o governo de Sarney, foi ministro das comunicações. Sua trajetória neste cargo ficou marcada por diversas concessões liberadas em troca de favores políticos. Em 2001, um mais um escândalo de grandes proporções se abateu sobre a carreira do coronel baiano: ele foi acusado de ter violado o painel de votações do senado.

A única coisa que não deixa este dia completo, é que ainda há alguns outros "medalhões" como ACM na política brasileira. Mas se a justiça brasileira é lenta o bastante para não deixá-los pagar com duras penas todos os males que trouxeram à este país, com certeza o tempo e a idade tratarão de levá-los para longe de nós.

Mesmo assim, o dia de hoje deveria ser declarado como feriado nacional, pois a esperança que traz o falecimento do coronel baiano para o povo sofrido deste país é, sem dúvida, comparável ao dia da Independência.

18 de julho de 2007

Pergunta idiota...


Durante a cobertura do acidente envolvendo um avião da TAM em São Paulo, um repórter da Band News faz a seguinte pergunta a um membro da defesa civil:


"Como as pessoas do entorno do aeroporto estão se sentindo em relação ao acidente?"
Eis que o congresso se safou



Que as vacas me perdoem, mas comparar os integrantes do congresso brasileiro aos seus filhos é o mínimo que pode ser feito em um momento como este. Após semanas de intensa cobertura sobre o dinheiro supostamente irregular do presidente do Senado, Renan Calheiros, parecia que ia fazer aquela casa ao menos ficar com as bochechas vermelhas com um pouquinho de vergonha de si.

Mas agora tudo se foi. A única cor rubra que se verá neste país nos próximos meses será o das chamas da imensa tragédia ocorrida nesta terça-feira (18/07/06). A mídia brasileira não vai mais tratar de outro assunto daqui por diante. Milhares de "especialistas" tratarão das possíveis causas do acidente que vitimou, provavelmente, mais de 200 pessoas (até o momento da escritura deste ainda não haviam sido divulgados nenhum número oficial de vítimas totais) no aeroporto de Congonhas em São Paulo.

É óbvio que este blog sente pelas vítimas e pelas famílias que devem estar sofrendo pelo que ocorreu. No entanto, a nossa opinião é de que tudo o que acontece é resultado de diversos fatores juntos ou separados. Desta forma, acreditamos que o acidente em São Paulo, é resultado dos diversos desmandos contra a legislação do país, cometidos pelos políticos e seus financiadores há diversos anos. Sem dúvida, se eles tivessem uma maior preocupação com o povo desta nossa terra tão sofrida, dificilmente tragédias como essa e outras mais aconteceriam com tanta freqüencia.

A única coisa que nos cabe agora é lutar contra a impunidade que reina no Brasil e exigir de todas as autoridades que os responsáveis pelo ocorrido no aeroporto paulista sejam severamente punidos. O crime não está apenas naquele que rouba uma galinha para alimentar a família. O crime está também naqueles que levam o cidadão a roubar a galinha.

Esperamos também, que a mídia nacional pare de transformar este tipo de acontecimento em um grande show de imagens e depoimentos oficiais que não acrescentam absolutamente nada. No que for ao alcance deste blog, tentaremos buscar o máximo de informações daqui por diante para acrescentar mais conhecimento e menos sensacionalimo barato ao nosso leitor.

Mais uma vez, expressamos a nossa tristeza para com as vítimas e suas famílias. Que a justiça seja feita!

Arielli Guedes Secco
Pedro Brandão Ramos
Samuel da Silva Nunes

16 de julho de 2007

Futebolísticas - Uma visão nada imparcial do esporte nacional

Copa América 2007
-E, quem diria, o Brasil ganhou. Pois é, nosso país deu uma de Argentina. Foi para cima, solto, marcou bem e não deixou de atacar. Já os hermanos fingiram que eram o Brasil, dormindo em campo, criando quase nada.
O futebol apresentado pela Argentina credenciava-os ao caneco. Fizeram todos os jogos muito bem, à exceção de um - o de ontem. O Brasil foi o oposto, começou mal, continuou mal e resolveu jogar direito na decisão. Minha opinião não muda, eles tem um time melhor. O fato de sermos bi não anula as péssimas partidas apresentadas pela seleção. Mas Dunga pode, e vondade não deve faltar, mandar toda imprensa e corneteiros de plantão ficarem quietos.
Outro que mostrou trabalho e respondeu à altura um caminhão de reclames foi Júlio Baptista. Entrou bem na seleção e deve continuar titular. Nisso concordo com Dunga, seria injusto no próximo jogo tirar quem estava na Copa América. Ronaldinho e Kaká que esperem um pouco - o problema é manter o nível da equipe sem os dois.
Robinho foi melhor da competição e artilheiro. Mas continuo achando que Riquelme bate um bolão.
Tevez foi um bosta, normal para um ex-galinha. Palácio é melhor.
Doni não fez má competição, contudo não o acho goleiro para a seleção.
Temos agora as eliminatórias e Copa das Confederações. É esperar para ver.
O México passou pelo Uruguai por 3x1 e assegurou a terceira colocação. Mereceram.
O Pan está aí!
-Papo de boteco. A Adidas foi a marca mais presente nessa Copa América, patrocinando quatro seleções: Argentina, México (ex-Nike), Paraguai (ex-Puma) e Venezuela (Anfitriã). Brasil e Estados Unidos vestiram Nike. A Puma apareceu na camisa do Uruguai, Marathon na do Equador, Lotto na da Colômbia. A Whitsport estava com a Bolívia, no Chile a Brooks. Não descobri a do Peru.
-Nos pés dos atletas brasileiros, a Nike é quase unanimidade. Calçam suas chuteiras Hélton, Maicon, Daniel Alves, Juan, Alex, Gilberto, Cléber, Gilberto Silva, Mineiro, Elano, Júlio Baptista, Diego, Robinho e Afonso. Doni e Fernando usam Lotto, Josué e Alex Silva Puma e Vágner Love e Ânderson Adidas. Nove jogadores preferiram chuteiras na cor branca, oito escolheram pretas e três azuis.

12 de julho de 2007

Futebolísticas - Uma visão nada imparcial do esporte nacional

Copa América 2007
-Achei que Argentina x México seria uma partida bastante equilibrada. Não foi bem assim. No começo os mexicanos estavam em igualdade, e em durante toda a partida criaram algumas chances interessantes. É boa equipe. Contudo a Argentina foi bem superior. Achei que seria um jogão. Acertei. O onze argentino é muito, muito habilidoso. Tocam bem a pelota, criam e fazem. É bom vê-los atuar.
-Poderia ser 3x2, 1x0, mas o fato é que os hermanos fizeram três e não tomaram nenhum.
-Como em 2004, a final é o maior clássico -arrisco- mundial. E com todos os ingredientes que um jogo desses precisa: Brasil desacretitado e sem apresentar bom futebol; Argentina dando espetáculos e com aparente favoritismo. Eles querem revanche, nós ganhamos a última edição com o time "B" após empate nos acréscimos.
-Messi pode fazer seu segundo gol por cobertura. Doni que se cuide.
-Riquelme chegou ontem ao quinto gol na competição. Robinho tem seis. A final dirá o artilheiro da Copa América 2007. E o melhor jogador do torneio.
-A diferença que mais me emputece é a postura das equipes. Os argentinos estão jogando com alegria, com vontade. Entram em campo animados, com imenso prazer de servir à sua seleção. Já os brasileiros ficam apáticos, falta aquela gana de ser campeão. Talvez não dêem à seleção o valor que ela tem. Não quero ser demagogo, mas atuar pelo Brasil é representar nosso país, nossa gente. É a única com cinco copas do mundo, e daqui sairam muitos dos maiores jogadores da história. Deveriam pensar melhor na responsabilidade de vestir a amarelinha.

11 de julho de 2007

Futebolísticas - Uma visão nada imparcial do esporte nacional

Copa América 2007
-Brasil começou bem a partida. Movimentava-se, dava bons toques, tinha vontade de jogar. No bate rebate Maicon não descperdiçou. Mas o selecionado apagou-se junto com a torre de iluminação - com a diferença que esta acendeu de novo. A pressão deu lugar ao equilíbrio no decorrer da primeira etapa. O Uruguai empatou com Forlán; depois de falta cobrada pelo lateral direito o questionado Júlio Baptista colocou o Brasil na frente novamente. A etapa final começa chata, jogo monótono. Ficou sem graça até 24 min, quando Abreu igualou o placar. O onze canarinho até tinha maior posse de bola, todavia não transformava isso em oportunidade. Com 2x2, penalidades.
-Robinho bateu bem, esperou para ver qual lado Carini escolheria. Forlán avacalhou e recuou para Doni. Seguiram assim as cobranças: (o=marcou, x=perdeu) Juan-o; Scotti-o; Gilberto Silva-o; Gonzales-o; Afonso-x; Rodriguez-o; Diego-o; Abreu-o; Fernando-x; Garcia-x; Gilberto-o; Lugano-x. Brasil 5x4 Uruguai. E venha outra final.
-Forlán quase não tinha aparecido, mas a missão do atacante é marcar. Quando Doni rebateu mal ele estava ali para marcar. Recoba sentiu lesão e saiu no intervalo. Sorte nossa, bate muito bem na bola.
-Oscar Ruiz e auxiliar, amigos do nosso país. Doni deu cada avançada que foi uma avacalhação.
-Carini é bom goleiro.
-Gilberto Silva foi amarelado ontem e está fora da final. Provavelmente joga Elano.
-Vocês conhecem o Abreu?
-O Brasil teve postura ruim na maioria dos 90 min. Se tivesse jogado com a vontade demonstrada no início da partida podia ter ganho no tempo normal.
-Foi no sufoco. Que sirva de lição, o Brasil podia ir para cima e tentar resolver o jogo, contudo se acovardou e viu a celeste quase ficar com a vaga. Precisamos esperar até a 7ª cobrança para confirmar a clasificação.
-Durante o tempo normal não estava muito preocupado com o resultado. Porém no final, "puta merda" pensei, "essa porra vai pros pênaltis mesmo". E nos pênaltis, não tem como o cara não pular do sofá.

8 de julho de 2007

Futebolísticas - Uma visão nada imparcial do esporte nacional
Copa América 2007
-Mesmo com o apoio da fanática torcida, a Venezuela foi goleada pelo Uruguai por 4x1. Embora na primeira fase os donos da casa tenham apresentado melhor futebol, ontem a celeste confirmou ter um time superior. São nossos próximos adversários.
-Porque demorou tanto? Finalmente a seleção canarinho apresentou o que todos esperavam. Com um jogo alegre e objetivo, foi a primeira partida onde o onze brasileiro demonstrou vontade. Jogou solta, criando chances, indo para cima dos chilenos sem se amedrontar. O 6x1 dá moral e mostra que o Brasil está vivo na competição.
Até a defesa, apesar do golaço do Suazo, portou-se direitinho.
Valdívia no banco, não dá.
Robinho chegou a seis gols e é o artilheiro da Copa América. Vem jogando muito o garoto. Destaque ontem para Vágner, que fez o seu e movimentou-se bem.
Está certo, aos poucos o time se entrosa. Porém não justifica as atuações pífias da primeira fase. Estariam tentando enganar os adversários? Ou seria uma pegadinha com os torcedores brasileiros?
Deixemos de lado por esse instante os problemas do Chile.
-Noutra goleada, o México despachou o Paraguai com sonoro 6x0. O jogo praticamente comoçou com um gol -de pênalti aos 4 min- e um homem a mais para os mexicanos -o goleiro Bobadilla foi expulso. Paraguios desorganizados, mexicanos ligados; os gols sairam naturalmente.
-Primeiro tempo chato entre Argentina e Peru. Não parecia a Argentina que desfilou nos primeiros jogos. Contudo, no segundo bastou um minuto para Riquelme marcar, recebendo passe de Tevez - que havia acabado de entrar. Para não dar má impressão, e ficar fora das goleadas das quartas de final, os hermanos fizeram mais três. O 4x0 confirma a qualidade da melhor equipe da Copa América até agora. E a maestria de Riquelme.
-Teremos pois Brasil x Uruguai na terça e Argentina x México na quarta. Prometem ser jogões.

5 de julho de 2007

Futebolísticas - Uma visão nada imparcial do esporte nacional
Copa América 2007
- México e Chile fizeram um amistoso que classificou ambos. Ficaram no 0x0. Brasil ganhou com um pênalti meio capenga. Coitado do Equador, volta para casa com três derrotas. Que jogo ruim, uma merda mesmo. Até acho pode passar pelo Chile -adversário das quartas- mas tá feia a coisa.
- No grupo A só empates na última rodada. Peru 2x2 Bolívia; esta volta para casa, aquele segue. Venezuela 0x0 Uruguai, ambos continuam.

4 de julho de 2007

Uma perna a menos, jornalismo a mais

Para que alguém consiga o título de repórter do século, é preciso mais do que prêmios. Mais ainda quando se trata do século da televisão, do século da Revolução Russa, do século do rock n’roll, do século da guerra fria, do século das duas grandes guerras mundiais. O século XX ficou na história como referência cronológica para diversos acontecimentos. Conteúdo para o jornalismo não faltou. Para tanto, exemplos como o compromisso de José Hamilton Ribeiro com a abordagem envolvente e aprofundada dos fatos é fundamental para que a prática jornalística faça parte dessa mesma história. O livro Repórter do Século traz uma reunião de textos premiados escritos pelo jornalista que esteve no hospital ora para acompanhar os primeiros transplantes de órgãos no Brasil e retratar a situação alheia, ora para tratar-se depois de acidentalmente pisar em uma mina no Vietnã e transformar sua dor em palavras.
Acima de tudo, Repórter do Século desmistifica a máxima de que o jornalista deve se distanciar do acontecimento e ficar o mais próximo possível da imparcialidade. Para expor uma história em demasiados detalhes e ocupar, inclusive, as entrelinhas do papel, José Hamilton Ribeiro, antes, viveu todas as palavras que escreveu. A coletânea conta com sete reportagens que receberam o prêmio Esso de jornalismo e mais a reportagem sobre o Vietnã. A grande maioria delas foi publicada na revista Realidade, que na década de 60 foi a contribuição brasileira para o Novo Jornalismo (reformulação na prática jornalística iniciada nos Estados Unidos por nomes como Truman Capote, Gay Talese, Norman Mailer, etc. e vigorada nas décadas de 60 e 70).
A produção jornalística de José Hamilton Ribeiro possui ritmo e elementos que envolvem o leitor. Ele opta pela elaboração de perfis de personagens como pano de fundo para as histórias. O repórter do século trata de assuntos relacionados à medicina e à ciência com naturalidade, familiarizando o leitor. As informações trazidas nas reportagens podem ser levadas a essa perspectiva, visto que são assuntos já desatualizados e que ocasionalmente não interessam a um leitor comum que esteja a procura de entretenimento com a leitura.
O livro termina com as perguntas mais freqüentes a que José Hamilton Ribeiro responde. A mais curiosa tem uma resposta original e ágil. Ele diz: “Num programa de auditório no Rio, de tevê, me perguntaram, visto que continuei minha carreira no jornalismo, se era difícil ser repórter com uma perna só. Respondi: ‘É mais difícil do que com duas, mas é mais fácil do que com quatro’”.
Arielli Secco

2 de julho de 2007

Futebolísticas - Uma visão nada imparcial do esporte nacional
*Copa América 07
-Resultado enganador ontem em Maturin. O Brasil não jogou bem e contou com uma estrela para fazer os três gols. Até uns 15 min do primeiro tempo a seleção portou-se bem, depois o Chile se encaixou e dominou a partida, com defesa que anulava a maioria dos ataques brasileiros. Numa investida brasileira Vágner sofreu pênalti que Robinho converteu. Na etapa final Ânderson foi substituido por Júlio Baptista, e a movimentação no meio melhorou um pouco. Mesmo com passes errados e desordenado o Brasil conseguia alguns ataques. O Chile também, e Suazo poderia ter marcado se o auxiliar não marcasse impedimento - equivocadamente. Ainda teve outra grande chance, após dar 14 dribles dentro da área Suazo chutou mal e Juan salvou. Poderia ser o empate. Num jogo pouco criativo, Robinho fez a diferença.E deu os números finais. No segundo recebeu de Vágner Love e encobriu Bravo; no terceiro driblou dois e chutou no canto. Brasil 3x0 Chile.
-Maicon, substiuido por Daniel Alves após se machucar, dificilmente pega o Equador. Ocorreu-lhe uma luxação no ombro.
-Não gosto de bajulação, mas ontem realmente Robinho desequilibrou. Foi o diferencial a favor do Brasil, além da infelicidade das investidas chilenas. Valdívia fez boa partida, mas não jogou tudo que sabe.
-Contra o México Diego foi mal e substituiu-o Ânderson. Ontem Ânderson foi mal e Júlio Bapbista entrou. Caso vá mal a próxima opção de Dunga para o meio pode ser Élton.
-Doni não seria um bom costureiro.
-Sucedeu o embate Brasil x Chile México x Equador. Bom jogo. No primeiro tempo os mexicanos atacaram bastante e numa lambança da zaga equatoriana Castillo abriu o marcador. O Equador permaneceu pouco disposto a atacar. No segundo tempo, contudo, a postura foi completamente diferente. Reasco entrou e os equatorianos mostraram que também sabem ir para cima. Pressionaram o México, que se fechou e ficou no aguardo de erros do adversário, que se expunha bastante. O Equador teve diversas chances e merecia empatar, mas como diz o ditado "quem não faz leva". Blanco, que havia acabado de entrar, tocou para Bravo marcar. Desestabilizou o onze equatoriano, aquele momento muito melhor na partida. Ainda descontou com Méndez, mas ficou nisso. Uma pena, pois fez por merecer um empate o Equador.
-Sábado, pelo grupo A, Bolívia 0x1 Uruguai e Venezuela 2x0 Peru.
-O pré-jogo do Sportv foi muito bom. Maurício Noriega e PC Vasconcelos comentavam, enquanto Victorino Chermont e Marco Aurélio Souza traziam os detalhes do campo, expectativa de torcedores, todo clima da Copa América. Acho os comentários do Nori muito pertinentes. Nos programas do dia seguinte à partida, completa cobertura.
-Pretendia acompanhar o jogo na Band, mas o placar ocupaca quase um quarto da tela. Acabei no 39.
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