17 de outubro de 2007

Devia ser nove horas, talvez um pouco menos. Tocava uma música tosca, desses hip-hop americano, bem alta no táxi. "Maestro Francisco Braga", falei para o taxista, que devia ter uns 30 anos. A rádio continuava com músicas que não gosto, e o cara todo empolgado, cantava, balançava a cabeça. Cada maluco que aparece, penso. Não muito longe de meu destino o taxista pergunta se me importo de ele acender um cigarro. "Não", respondo.
-você fuma?
-não.
-ah, então deixa, acendo outra hora, você não fuma é?
-não fumo cigarro
-ah, tu fuma uma maconha então
Murmuro algo que não diz sim nem não.
-é, quem hoje em dia não gosta de uma macoinha. o meu tá pronto já, daqui a pouco boto fogo.
-ah, tá pronto já é, para depois do expediente
-é, hoje à noite acendo
Vi que a situação poderia render boa história
-a maconha daqui é boa é?
-é, de primeira. tá aqui ó -enfia a mão no porta-objetos da porta e tira o baseado, enquanto quase entra na rua errada- saca só
Pego o pequeno cigarro, analiso, cheiro
-de onde é esse?
-tuiuti
-parece bom, é bem pura?
-é, tem só um negócio que eles usam para dar liga, mas é boa. Se quiseres a gente pode tocar fogo agora...
-não não, tô indo para casa agora
O carro pára na frente de meu destino, a corrida foi R$ 7,50. Abro a porta e o 0,50 do troco cai no bueiro. Paciência. Coisas do Rio de Janeiro.

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