29 de setembro de 2007

Noite de gala na telinha da Globo


Tá bom, tenho que admitir. Assisti sim ao último capitulo da novela ontem a noite. Não porque gosto de novela, nem porque quero saber quem matou quem, mas sim porque só iria jantar quando aquela porcaria acabasse. Por isso, mandei o controle remoto abrir a tela da Rede Globo algumas vezes enquanto a novela terminava.


Só que não sei se é por sorte que tenho o prazer de me deparar com detalhes que muitos deixam passar despercebidos por seus olhos. Em um dado momento, vi uma "sátira" ao Senado e a situação grotesca que acontece com o presidente da casa, Renan Calheiros. Uma personagem era questionada sobre a fonte de renda que recebia de seu amante para custeio de despesas particulares.


Contudo, o que me chamou a atenção não foi a cena em si, mas um detalhe que não vi ninguém comentar até agora. Caso não tenham percebido, o nome do senador interpretado por Denis Carvalho, era "Luis Fernando Cardoso". Não vou perder tempo explicando o nome dele, pois acho que o leitor já conseguiu perceber onde quero chegar.


Algumas horas depois, o Jornal da Globo abriu a sua edição com a matéria principal falando sobre o crescimento da Companhia Vale do Rio Doce. Desde ontem, ela se tornou a maior empresa brasileira, superando a Petrobrás. No entanto, desde o comentário de abertura do jornal, proferido por Willian Waack, passando pela reportagem de Guilherme Portanova e terminando com o comentário de Arnaldo Jabor, em nenhum momento foi citado que a empresa foi "doada" pela módica quantia de 3,1 bilhões de Reais.


Na verdade, Jabor deixou escapar que nos 10 anos desde a privatização, a empresa cresceu oito vezes. Segundo a reportagem, ela vale hoje 286 bilhões de reais. Qualquer calculadora simples pode comprovar que a empresa custava, na época do leilão, algo em torno de 35 bilhões de Reais. Além de tudo, quem assistiu ao jornal, ainda foi obrigado a ter que ouvir o comentarista dizer que "É espantoso que o velho PT pense em reestatizar a Vale, na linha dos malucos do MST, dirigidos por maoístas, criados por bispos da pastoral da terra."


Talvez - corrijam-me os que pensarem o contrário - reestatizar a Vale não seja realmente a melhor saída. Todavia, não dá para fechar os olhos e esquecer do roubo que a população brasileira sofreu há 10 anos, quando a empresa foi privatizada.


Em um tempo no qual o congresso estuda abrir uma CPI para investigar as denúncias que Renan Calheiros fez contra a Editora Abril, faço aqui um pedido para que se investiguem todas as grandes empresas de comunicação do país. Liberdade de imprensa sim, mas com responsabilidade e com justiça acima de tudo.

Um comentário:

Anônimo disse...

É tudo mesmo muito sinistro. E esses escândalos desaparecem das lentes da mídia e consequentemente da sociedade. Parece que nada aconteceu. Afinal a classe média não se interessa por esse tipo de coisa. abs Wagner (Guy Corrêa) - amigo da Arielli

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