20 de setembro de 2008

As luzes do ônibus atrapalhavam um pouco, mas não a impediam de dormir. Chovia levemente, as gotas caiam suavemente sobre sua face. Fechava os olhos, aquela sensação lhe era boa. Mal viu quando o motorista parou. Abriu os olhos, a porta já estava aberta. Entrou calada, passou pelas fileiras de bancos ocupados; sentou no fundo como sempre fazia. Não cumprimentara ninguém, estava longe dali. As luzes dos postes já estavam acesas, percebia-as diferentes, como se nesse dia tudo estivesse um pouco mudado.
Acordou pouco depois das duas da tarde. O pequeno apartamento tinha as janelas abertas, sobre a mesa da sala/cozinha livros, caneco sujo de café, cinzeiro, maço de gauloises, mais livros; uma blusa e a bolsa xadrez penduraras nas cadeiras. Levantou do sofá-cama lentamente, foi até o balcão que dividia sala e cozinha, pegou a moka usada, trocou o pó velho por um novo, colocou água e pôs no fogo. No som de três cds bajofondo, soda stereo e jorge ben. Deu play no segundo. As olheiras não incomodavam mais, de qualquer forma foi até o banheiro e lavou o rosto. Olhou-se no espelho, o cabelo solto, 12mm nas orelhas, a faixa tatuada no ombro. Sentou no balcão, tomou o café, comeu bolo de cenoura. Enquanto comia foi até a sacada, olhou o bairro, tinha saudades de sua terra, sua família, porém não queria voltar; sentia-se bem onde morava.
Terminado o café da manhã, sentou na poltrona, colocou o cinzero sobre a bancada da sacada, terminou o preparo com uma aleda. A fumaça subia lentamente, embaraçando ainda mais sua mente; esticou-se, pensava na noite anterior, em nada, em tudo. Ali ficou por quase uma hora, imersa em pensamentos que a acalmavam. Começava uma garoa, deixou que o vento soprasse e a molhasse suavemente. Terminado, em lentos passos caminhou ao banheiro, tirou a toalha pendurada no box. Tirou o short, a camiseta recortada pouco abaixo dos seios, tomou seu banho alegremente, gostava disso, sua mente ainda viajava enquanto a água quente escorria sobre sua espádua.
Entreaberta, a porta do armário exibia uma bagunça organizada. Vestiu short listado - como a maioria dos que usava -, a camiseta comprada na internet com ilustração de sua amiga paulista escondia o sutiã branco de bolinhas. Escolheu calça skinny azul-escuro, entre diversos tênis espalhados pelo chão pinçou o all-star azul. Pegou a pasta, um pacote de bolachas maizena, desceu três andares pela escada. Ainda chovia. Devolveu o cumprimento do porteiro, ceratamente o ônibus não passara ainda.
Quase uma hora até a universidade, culpa do trânsito caótico. Pelo menos tinha mais tempo para descansar. Chegando, a chuva prosseguia, foi direto para a praça de alimentação. Caminhava lentamente, ainda levemente aérea. Ninguém de sua sala havia chego. Entrou, olhou as mesas, as pessoas sentadas, achou aquilo tudo engraçado. Riu, sentia-se feliz por poder rir. Não ligava para o que os outros pensasem, se ligasse não teria a tatuagem escapando da cobertura das mangas curtas. Apenas ria, discretamente, de si e de sua felicidade. Pediu um café, com mais leite, sentou numa mesa do canto, próximo da rua, enquanto comia o lanche trazido de casa. Avistou dois colegas vindo do ponto dos ônibus, dali a pouco a aula começaria. Devia estar mais quente na sala, tinha um pouco de sono. Dormiria bem lá.
Quando cheguei ela tomava café e comia bolo de cenoura.

Um comentário:

Fran, disse...

Se o Fernando estivesse aqui diria que você faz um belo perfil.
ygyusgyaugsyuags :)

Gostei do post do show do Aerocirco(ótima idéia levar um liquidificador \o/)

O comentário é parecido, mas é meu :D

ps: meu blog não é o melhor do mundo x/

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