4 de novembro de 2006

Noites Cariocas

Peculiar,acho uma boa definição para o Rio de Janeiro. Diversos morros recortam a cidade,volta e meia se vê um paredão rochoso ao seu lado.Hora os morros são cobertos pela mata nativa,hora pelas favelas que crescem de forma desordenada.Barracos amontoam-se verticalmente,abrigando famílias inteiras em poucos metros quadrados.Em algumas entradas para as comunidades os 'funcionários' montam guarda armados.Do outro lado,aqui é o único estado do Brasil que a polícia militar usa fuzis em rondas rotineiras,como blitz nos túneis.

O único temor do tráfico é o batalhão de operações especiais, devido ao treinamento dos policiais. Eles realmente acreditam na causa, 'manter a lei e a ordem', dificultando acordos ou subornos. A sede do Bope fica no Pereirão, local antes problemático. Há uma placa com os dizeres 'apague os faróis, ande devagar, não faça movimentos bruscos'; ao lado o símbolo do grupo, um crânio com dois revólveres cruzados. O Bope é a elite da polícia, suas inserções nos morros a bordo do caveirão quase sempre resultam em alguma prisão ou morte. Porém, como a corda sempre arrebenta para o lado mais fraco, os donos da boca escondem-se enquanto o pessoal da contenção troca tiros com os militares.

Não pode-se negar a violência,mas o cotidiano do bairro onde fiquei,Humaitá,é tranqüilo.Ando despreocupado,o que não significa desatento.Há várias coisas para se fazer,nesse ponto Florianópolis deixa e muito a desejar.Locais como Centro Cultural Banco do Brasil e Museu de Arte Moderna recebem exposições de todos os tipos,sem contar os locais pequenos,como o Espaço Culural Sérgio Porto.Sempre com mesinhas para um café e agradável bate-papo. Vi mostra dos trabalhos de Aleijadinho no CCBB e '100 anos de arte no Brasil' no MAM.Este também abriga exposição fotográfica exelente,com instantâneos de Sebastião Salgado,Evandro Teixeira e Walter Firmo,entre outros.

A prostituição é gritante,seja na rua,seja numa das várias casas noturnas 'especializadas' no serviço.O turismo forte gera emprego para várias pessoas,e também para as que tem no corpo o único meio de sobrevivência.Copacabana é um dos locais onde mais acha-se tal serviço.O Beco das Garrafas,berço da Bossa Nova,não abriga mais boa música,e sim dois puteiros.A única coisa que lembra os anos 60 é uma loja de discos e livros chamada Bossa Nova & Cia,que tenta trazer de volta o ambiente artístico ao local.

Duas coisas chamam-me atenção.À noite os sinais não significam pare,e sim reduza,pois ninguém respeita o vermelho.Compreensível,visto o alto índice de assaltos aos carros parados nos semáforos.É a cidade mais tabagista que visitei.Todo lugar,de barezinhos a colégios,vejo mais fumantes que não fumantes.Na lapa ou na praia,existem ambulantes com uma bandejinha cheia de cigarros,todo tipo e marca.E a procura é grande.

Em Ipanema vejo um rapaz ser levado pela guarda municipal por fumar maconha na praia.Bobeou.Em Floripa,acho que não seria assim.
Seguem as noites cariocas.

Um comentário:

Pedro disse...

falou o correspondente Pedro, diretamente do Rio de Janeiro.



Triste Rio, diferente daquele que as lentes captam sob o olhar somente de suposta cidade maravilhosa.







Peeedro! Você faz falta entre os aspirantes!!!

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