31 de maio de 2009

Frase da semana

Nunca fui muito adepto à idéia de uma Copa aqui no Brasil. O principal motivo pelo qual sempre vetei o intento é o fato de se investir dinheiro público em clubes privados, que juntos com a CBF obrigam o incauto torcedor a pagar R$ 50 para assistir ao Avaí. Caso não acreditem, esse foi o preço do ingresso, na Geral, para a primeira partida do Leão na série A, do Campeonato Brasileiro. Façam-me o favor!

E não me venham com o papo de que essas obras seriam bancadas por meio de parcerias com a iniciativa privada. No final das contas, todos sabemos no que vai dar: dinheiro público nas mãos de gestores inescrupulosos, que comandam nossos clubes falidos. Estamos no Brasil, aposto (e torço para queimar a língua) que menos de um ano antes do evento, pouquíssimas obras estarão adiantadas e o governo terá de intervir com verbas para finalizar tudo.

Sendo assim, fico feliz com o fato de Florianópolis não participar dessa onda de roubalheira que ocorrerá até 2014. A única coisa que me deixa realmente chateado é que a partir de agora seremos obrigados a ler frases como a de Marcos Castiel, do Diário Catarinense, dizendo o seguinte: "Crônica de uma morte anunciada. Inclusive com um retumbante furo de reportagem internacional protagonizado pelo Cacau Menezes".

Sim, o colunista mais amado das patricinhas e playboys da cidade e mais odiado do meio acadêmico, em Florianópolis, há cerca de três semanas adiantou a notícia, que mexeu com a mídia brasileira. A própria CBF emitiu comunicado desmentindo Cacau. Agora, além de não termos um joguinho sequer, ainda teremos que agüentá-lo se vangloriando da nota para sempre. Então, bola pra frente rapeize.

30 de maio de 2009

Aparências

Eles procuravam uma casa pequena, à beira de um lago, com muita natureza em volta. Encontraram um apartamento nojento, com vista para um mar de balas perdidas. Sonhavam em ter cada um seu próprio carro, nem precisava ser dos mais caros. Dois anos depois, encaravam três horas por dia no transporte coletivo.

Ambos prometeram, na noite de núpcias, manterem seus belos corpos da juventude o máximo de tempo possível. Seis meses depois ele ostentava uma barriga de chope e ela já havia engordado 8 kg. Ele garantiu que iria respeitá-la durante o horário da novela e nunca trocaria de canal para ver o jogo. Depois de três finais de semana juntos, as quartas, sábados e domingos se tornaram os dias do bar, onde ele enchia a cara com os amigos e nem assistia direito o futebol.

Ela aprendeu a cozinhar quando ficaram noivos. Por pouco não chegou a fazer curso de gastronomia. Tudo para agradar o futuro marido. Hoje eles almoçaram bife seco, arroz empapado, batata queimada e feijão velho.

Como todos os casais, juraram fidelidade eterna no altar. Agora, ele sempre estica as quartas-feiras na casa da primeira mulher que vê no bar e ela dorme de madrugada, depois de horas em frente ao computador, fazendo sexo virtual.

Os amigos de longa data olham para os dois e lembram-se daquele belo casal indo ao Cinema ou namorando no parque. Eles acham difícil entender por que mudaram tanto. Mas a convivência faz coisas incríveis com as pessoas.

No namoro, ele nunca falava um palavrão sequer. No casamento, seu vocabulário resumia-se a palavras de baixo calão. Ela só saía com o namorado cheirosa, sempre tomava banho. O problema é que eles costumavam se ver poucas vezes na semana. Justamente nos dias em que a garota ficava uma hora embaixo do chuveiro.

Ele andava com um belo carro e dinheiro não era problema. O pai dele era rico e liberava o automóvel. Ela usava roupas caras, mas, apesar de trabalhar bastante para pagá-las, nunca pagou uma conta de supermercado.

Ambos se amavam nas aparências. Todavia, se conheceram tarde demais.

20 de maio de 2009

Sobre nossas cabeças...

Momento curiosidade! Aí vai um vídeo que Marcelo Tas publicou em seu blog e que achei interessante! Direto do túnel do You Tube...





De acordo com as informações publicadas com o vídeo, cada pontinho amarelo na imagem equivale a um avião e o tempo do vídeo representa 24h.

18 de maio de 2009

Pauta que pariu 2!

Não, este post não é nenhuma continuação do que levou o mesmo título há alguns dias. Mas o motivo que me leva a escrevê-lo é o mesmo e me parece conveniente a idéia [no retrô da gramática] de intitular dessa forma todas as postagens referentes a assuntos cabeludos e escabrosos! A pauta que pariu da vez é:

Aprendi com meus pais a sempre arrumar o quarto e a casa antes de receber visitas. Acabei entendendo isso como educação. Sabem como é: da arrumação simples até aquela bela "geral", é comum deixar as coisas no lugar, varrer a sujeira e aparentar um mínimo de ordem. Pois bem! Agora vamos brincar de imaginar que nossa casa é a cidade, ou o estado.

Durante muito tempo se falou em Congresso do Conselho Mundial de Viagem e Turismo nos noticiários de Santa Catarina, sempre ressaltando a importância do evento e do significado da vinda de grandes investidores e bacanudos para cá. Traduzindo: WTTC.

Findo o acontecimento, pode-se perceber que há um ar de disfarce nas manchetes e no que se tem falado a respeito da conferência.

O otimismo do governador de Santa Catarina, Luiz Henrique da Silveira, não parece estar sustentado por perspectivas tão animadoras dos ilustres executivos. Entre 133 países, o Brasil aparece em 130º e 110º lugares quando a questão é [in]suficiência na segurança e no transporte, respectivamente.

Um exemplo tão representativo está na manchete que estará em destaque amanhã por aqui: "Greve de ônibus começa às 9h30 de terça-feira em Florianópolis". Sem contar com toda a poeira e móveis fora do lugar.


Bom, ao menos as pontes Colombo Salles e Pedro Ivo Campos ganharam um azul de um convênio entre a Celesc e a Prefeitura de Florianópolis! Agora basta mais um evento para que terminem a colocação dos guard rails na travessia...

13 de maio de 2009

Brasileirão 09

Pois começou mais um campeonato brasileiro. Todo ano a imprensa inteira escreve que esse ano o campeonato está incrível, será o melhor dos últimos anos etc.
Sim, sempre falamos isso. Mas, de fato, sou obrigado a concordar que 2009 reserva grandes jogos no - na minha opinião - melhor nacional do planeta. Equipes muito bem montadas, bem preparadas e com nomes de peso. A primeira rodada já agradou, com excelentes partidas. Fiquei tentando conferir (ao mesmo tempo) flu x são paulo e cruzeiro x fla. Dois jogões. Sem contar corinthians e inter. E, esta é a maior graça do brasileirão, são várias equipes nas quais ninguém pode dizer "ah, esse não ganha de jeito nenhum".
Meus palpites para 09, aqueles que devem garantir libertadores, são:
palmeiras - apesar de instável, inegável a qualidade de diego souza, pierre, cleiton xavier. Caso resolva jogar, keirrison ajuda. São marcos no gol e alguns reservas competentes, luxemburgo (que pode ser um cara de pau mas é muito bom treinador), ajudado pela parceria com a traffic.
cruzeiro - elenco muito bom, kleber em ótima fase e meio campo bem arrumado com ramires, wágner, marquinhos paraná e fabrício. Repatriou sorín, cuja idade não atrapalha em nada, e apostou em athirson (tenho minhas dúvidas nesse).
corinthians - manteve o time campeão da segundona, com andré santos, chicão, alessandro, dentinho, todos bem entrosados; e trouxe o reforço de ronaldo, que jogou demais no paulista. Também a competência de mano menezes.
inter - novamente com um monte de estrelas, como nilmar, d'alessandro, kleber mais coadjuvantes competentes. Ano passado, porém, deu essa mesma pinta e não teve um final interessante.
Um degrau abaixo, porém com boas chances:
flamengo - talvez os melhores alas do país, juan e léo moura, mais ibson que quando resolve jogar é problema aos adversários. Se adriano estourar como se espera, jogar ele sabe.
fluminense - bastante dependente de parreira, thiago neves e fred, três nomes de respeito. Ainda conta com conca, bom jogador, e forte patrocínio da unimed.
são paulo - não creio que esse ano chegue, todavia pelo retrospecto não há como tirá-lo desse grupo. Bons atacantes, bons zagueiros, porém até agora todos um pouco aquém do que podem fazer. Mas... murici já mostrou como sabe trabalhar.
Ano passado, modéstia a parte, mandei muito bem nos palpites às primeiras colocações. Espero este ano manter a média, e no final do ano escrever a história do penta de um desses aí em cima...

7 de maio de 2009

Esses dias vi uma entrevista com o chef alex atala, do restaurante dom e apresentador do "mesa para dois" no canal gnt. Entre outras coisas, falava da importância do atendimento, da qualidade dos ingredientes, "se eu cobro caro tenho que servir os melhores produtos".


Me fez lembrar um ocorrido num requintado café de floripa, relativ Logo na entrada, uma vitrine com diversos doces, e em todos há uma plaquinha descrevendo do que é feito. Menos um, onde lê-se "promoção do dia". Perguntado sobre o que é a promoção do dia, o atendente responde: "é uma promoção que todo dia é um doce diferente". Acho engraçado, falo que gostaria de saber do que ele é feito. Isso ele não sabe, pergunta a outro garçom, ambos olham bem para o docinho quadrado. "Café... isso, é de café", um fala. Bem, gosto de café, peço o doce.
O ambiente é bem decorado, cheio de televisores modernos que passam filme do elvis. As louças são desenhadas por um artista-publicitário bastante conhecido na ilha. Já à mesa, o casal que me acompanha olha o cardápio. O rapaz pede um doce, a garota um sanduíche croq monsieur, com peito de peru. Os doces chegam antes, porém o rapaz precisa pedir que sua colher seja trocada - eu não descobri se foi mal lavada ou simplesmente esqueceram tal ato. Meu café está muito bom, já ao doce não posso tecer os mesmos elogios. Chegado o sanduba, bonito, a surpresa: não é de peito de peru, mas de presunto. O casal chama o garçom e explica que não foi esse o pedido.
Percebemos certo agito na cozinha. Passados uns minutos, volta outro moço, que pela roupa imagino ser gerente ou algo do gênero. Explica: "bom, é que não temos peito de peru no restaurante, esse é um pequeno erro do nosso cardápio, a senhora não aceita o com presunto?". Mesmo coa explicação, o croq monsieur volta para a cozinha, não sei que saboreou-o. Nesse momento duas perguntas não me saem da cabeça: se não tem peito de peru, porque não arrumaram o cardápio ainda?; mesmo com o cardápio como está, ninguém no restaurante poderia "lembrar" do erro e avisar o cliente antes do pedido? Com preços que, na minha opinião, estão dentro do padrão para o que tal estabelecimento pretende ser - ou seja, não são baratos - creio que tais acontecimentos poderiam ser evitados.
Ao ir embora, apenas um gaçom fala baixinho com a moça do caixa, "cancela o croq". O homem que está ao seu lado nem levanta os olhos quando as reclamações são feitas. A moça, educada, pega um papelzinho para que ele preencha suas reclamações. Postura equivocada, na minha visão. Além de tudo o cliente tem que preencher fichinha? Com tudo isso, e pelo nível do local, esperava que o dono-chef-gerente ou figura equivalente presente no momento nos acompanhasse até a porta e não cobrasse a fatura.
Saí do local com a indagação na cabeça: adianta ter mais tvs de plasma que as casas bahia e não servir o que o cardápio oferece?

6 de maio de 2009

Transporte Público?

Nas duas últimas semanas, temos presenciado uma nova etapa da guerra pelo preço das passagens de ônibus em Florianópolis. No primeiro momento, a prefeitura envia à Câmara de Vereadores, um projeto de lei para a licitação do transporte coletivo da Capital, abrindo a possibilidade de qualquer empresa do país explorar o serviço. Em seguida, o Sindicato das Empresas de Transporte Urbano de Florianópolis (Setuf) entra na mídia com uma campanha publicitária defendendo o preço das passagens e o serviço prestado por elas, alegando que nos últimos anos o valor subiu muito menos do que a inflação do período. Agora é a vez dos funcionários reivindicarem aumento e ameaçarem uma paralisação a qualquer momento, deixando milhares de usuários a pé, muitos morando a mais de 30 km do Centro da cidade.

Poderia ser uma simples coincidência do destino tudo isso ocorrer ao mesmo tempo? Duvido. Trabalhadores, empresas e prefeitura mais parecem estar outra vez articulando um novo aumento de tarifa. E quem sairá ganhando com isso certamente não será o usuário.

Talvez sejam as empresas, que desligaram o ar-condicionado dos poucos veículos que possuem o equipamento, alegando corte de custos, mas que ainda dizem que o transporte é de qualidade, mesmo custando R$ 2,70 para quem não usa o cartão; quem sabe os trabalhadores do setor, que em sua maioria, sem possuir grande grau de instrução, têm um piso salarial maior que o dos professores da rede pública estadual; ou ainda a administração municipal, que nas próximas eleições poderá usar novamente a promessa de “abrir a caixa preta do transporte coletivo”, visto que até agora nada mudou (exceto pelos “corredores” de ônibus que só atravancaram um pouco mais o trânsito da Capital).

O que se percebe é que está na hora do povo tomar uma atitude. Minha utopia é de que todos pudessem se unir e criar a semana da carona coletiva enchendo as ruas de veículos lotados de pessoas e esvaziando o transporte coletivo. Para quem não lembra, esse serviço é público e depende de concessão para existir. Quem deve mandar na política são os cidadãos e não os que estão no poder.

5 de maio de 2009

3+3

Fila, claro. Mesmo saindo de casa uma e meia da tarde, nada como uma filinha indo para a ressacada. Normal, é assim em qualquer jogo do avaí, hoje contra a chapecoense só é um pouco pior. Final do estadual, lotação máxima no estádio, tudo que pede uma decisão. Após a liberação das duas pistas, três e meia, é possível ir além da segunda marcha e seguimos o percurso. (Para quem não mora em floripa, convém lembrar que "liberar a pista" significa que ninguém que vem do aeroporto pode seguir em direção ao centro). Em seguida, hora de estacionar o auto, cinco reais para parar num local que eu sinceramente até agora não descobri se é rua, terreno baldio, área pública... Para animar um pouco, uma moça deveras atraente com uma roupa igualmente atraente, oferece uma heineken, de graça. Pois o prezado leitor pode pensar que sou um tratante, mas é verdade, bem como é verdade que passamos reto e rindo, "ah, só se a cerveja fosse azul, verde não dá". Bando de otários, claro, percebemos que não era nenhuma zoação e voltamos quietinhos para pegar um copo com a cerveja estalando.

Ingresso para o setor f, ao lado do visitante, no qual nunca fomos. Vendo a fila, qualquer um pensaria "não pode ser tudo isso". Porém, perguntando um por um, descobrimos que é aquilo mesmo, uma enormidade que dá a volta em quase metade do estádio. Tudo bem, não fossem os inúmeros furões não levaríamos metade do tempo até entrar. Nessas horas que o cara pensa, em qualquer local civilizado as pessoas ficariam numa boa na fila e todo mundo entra. Mas, o brasileiro precisa fazer valer a máxima do "jeitinho". Enquanto o sol nos faz passar calor, alguém é detido pela polícia. Não entendo se jogou alguma coisa nos torcedores da chapecoense, o fato é que é levado - outro que discute com os pms tentando soltá-lo quase vai também.

Por sinal, policiamento não faltou. Acho que desde a revolta da catraca não via tantos; do grt, bope, canil, cavalaria. Não sei se tem outras prioridades, todavia acho que seria interessante que ficasse um policial - ou segurança do clube - a cada 15, 20 metros, organizando a fila. Facilitaria muito o acesso. Quase no portão, ouço de um garoto que a partida não só começão como está um a zero para os visitantes. O avaí precisa de vitória no tempo normal para forçar a prorrogação, visto que perdeu em chapecó por 3x1. Entrando, mais paciência para encontrar onde ficar, o estádio está completamente lotado e certamente foram vendidos mais ingressos do que a carga normal. Acabo exatamente atrás da trave, no patamar mais baixo - enfim, péssimo lugar. Bem, foda-se, o importante é torcer pela virada.

E ela vem, como nem os mais otimistas esperavam. Ainda no primeiro tempo, o empate, com evando, e a expulsão de marcus winícius, do avaí - no segundo willian amaral deixaria 10 contra 10. No começo do segundo, a virada, léo gago, e mais tarde o capitão marquinhos deixa seu tento. A torcida avaiana alterna momentos de cantoria com silêncios; a turma do oeste fez bonita festa, porém a esta altura era difícil acreditar que a taça sairia da ilha. Jogo tem todo tipo de figura, e o torcedor bêbado nunca falta. Se ter um ao lado pode ser chato, imagine três. Falam o tempo todo, outro chora. Ali, contudo todos são cúmplices - o rapaz que assistia enrolado numa bandeira é o amigo da hora, que abraço a cada gol - além dos que foram comigo e eventualmente alguém que passasse por ali.

Na prorrogação o placar torna ao 0x0. Que se torna três, novamente com marquinhos, lima e ferdinando. Ainda havia tempo para o goleiro edurdo martini chutar por cima do travessão o sétimo golo azurra, em cobrança de pênalti, após ser "indicado" pela torcida para o chute. 6x1 no final, todo mundo é amigo, grita "é campeão", após 11 anos a taça estadual volta ao sul da ilha. Foguetório, volta olímpica, a festa é maravilhosa. Saio do estádio apenas quando o policial nos pede, não sem antes espiar, do alto do estádio, os torcedores do oeste se preparando para a longa viagem de volta - tadinhas daquelas duas garotas tão bonitinhas, espero que pelo menos tenham curtido uma praia. Acho que não.

Chegando no carro, estômago já acalmado com o melhor churrasquinho de gato da cidade, mais meia hora de espera. Para ligar o carro. Sair do estacionamento, outra tarefa árdua, mas agora tudo é festa. Buzinasso no caminho de volta, vidros abertos, garganta que não pára de berrar. Engraçado, os outros carros voltam como se estivessem vindo da praia, cadê o agito? "é campeão porra!" faço todos escutarem. Alguns outros acompanham, também buzinam. A festa na beira-mar seria grande, mas após um lanche volvemos ao prédio. Com a certeza que a melhor festa estava consumada. 3+3=avaí campeão.
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