19 de fevereiro de 2009

Caminhavam juntos. Tenho certeza que não me viram passar. Graças a um capricho do acaso, pouco depois completo a distância que sempre ando, logo que faço a volta já os enxergo. Por um instante pensei vê-los de mãos dadas, porém é apenas um engano. Ela não passearia de mãos dadas com outro tão cedo, não aqui; não depois de tudo que passamos. Ele também trabalha no canal, já nos falamos algumas vezes em festas.

A parte de cima do biquíni é preta e branca, numa espécie de xadrez no qual os quadrados se misturam de forma desordenada. Provavelmente a de baixo também, contudo a canga preta enrolada esconde-a de olhares alheios. Era sempre assim, em todos esses anos ela nunca foi até a praia sem um short ou canga. Eu achava engraçado, provocava-a dizendo que com tantas garotas de corpos esculpidos pela academia durante o ano ninguém se preocuparia com ela. Claro que era mentira, para mim não havia nada mais belo que seu corpo magro e pele bastante clara; a frase logo abaixo do pescoço; a oriental tebori no tornozelo.
Daqui não consigo ver se em suas costas ainda estão as seis minúsculas marcas da única vez em que passou um laço. Fora inclusive num dia de festa da emissora, numa fábrica de confecções abandonada no bom retiro. Não lhe presenteei com aquela blusa pensando nisso, foi inclusive a menina da loja que sugeriu a peça com longo decote nas costas. O contraste entre o tecido negro, sua pele branca e a fita vermelha foi umas das composições mais belas que vi. Tudo perfeito, da entrada no táxi até o despertar do dia seguinte com ela debruçada na janela, envolvida pela fumaça, segurando a flûte vazia; a elegante blusa ainda no chão. Quiçá a melhor noite de minha vida.
Conversam animadamente, não acho que discutam pautas. Nunca foi com esse sujeito, deve estar contente agora. A maré está baixa, não tem sol – mesmo assim mantenho os óculos escuros. Há considerável movimento na praia, muitos jogam frescobol ou um jogo argentino similar à bocha. Não sei se quero encontrá-la, na verdade quero; todavia sei que não será bom para nenhum dos dois. Chegam ao hotel, vou mais devagar. É preferível deixar as coisas como estão. Lavam os pés e entram. De qualquer forma, ela está no 405.

5 comentários:

Raphaela Cavalheiro disse...

Vai láaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa
rsrsrs

A carreira? História é o curso.. agora que li seu comentário do outro post q vi rsrsrs. Mas a carreira mesmo, vai saber?!

Tocar sempre foi um projeto frustrado, minha paciência fica mais com meus textos na internet e manuscritos.. me entendo melhor com eles.

Caraaa.. pago mó pau pras tuas narrativas.. ainda hj tava comentando sobre elas..
Bjus

Anônimo disse...

pow legal otexto
legal mesmo
sim esperar sempre é uma merda mas fazer o ke neh!
espero mt passar no vestibular
XD

Youko Watanabe disse...

Pedro,

estou sem palavras para comentar algo que esteja a altura do que li, gostei.

Um ótimo carnaval a ti..

beeijos

Anônimo disse...

Nossa, que exemplo de texto jornalístico... Fiquei admirado com o quão aspirantes vocês são, Parabéns

Nandinha Martins disse...

Pedroooo
eu leio o q c escreve e me vem a cena na cabeça...
perfect a maneira q vc escreve...
e ai aproveitou o carnaval?
Bjo bjooo Moço

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