Três repórteres, um blog e poucas postagens... =D
19 de fevereiro de 2009
A parte de cima do biquíni é preta e branca, numa espécie de xadrez no qual os quadrados se misturam de forma desordenada. Provavelmente a de baixo também, contudo a canga preta enrolada esconde-a de olhares alheios. Era sempre assim, em todos esses anos ela nunca foi até a praia sem um short ou canga. Eu achava engraçado, provocava-a dizendo que com tantas garotas de corpos esculpidos pela academia durante o ano ninguém se preocuparia com ela. Claro que era mentira, para mim não havia nada mais belo que seu corpo magro e pele bastante clara; a frase logo abaixo do pescoço; a oriental tebori no tornozelo.
18 de fevereiro de 2009
Depois do carnaval
Que apanhe do Rei Momo quem disser que nunca ouviu ou foi autor do fragmento de expressão “depois do carnaval”!
Daí vêm as variações [sim, vêm! Porque nesse blog a reforma ortográfica vai pular carnaval o ano inteiro!] a gosto: depois do carnaval, eu...
...resolvo!
...falo!
...faço!
...procuro emprego!
...começo a dieta!
...acordo mais cedo!
...pago a dívida vencida!
Ser humano tem coisa dessas de fingir para suportar o que é, vê, vive. Seis dias são um momento epifania razoável para dar conta desse recado e dividir o mundo dito real em antes e depois. Afinal, somos muitos, somos outros, somos tantos carnavais.
Só hoje, ouvi cinco vezes esse tipo de promessa e, então, decidi escrever pela primeira vez neste ano no Aspirantes. Talvez pela razão de ter minha inspiração seguido esse legado, com aviso de retorno somente "depois do carnaval".
Enquanto isso, há o que não espera por carnavais. E os sorrisos correm o risco de se irem com as máscaras.
16 de fevereiro de 2009
O som da década
Bom, comecei a gostar de música, de verdade (daqueles que sabem tudo sobre a banda), em meados de 1998. De lá para cá, fui aprender a tocar violão, me interessei por rock e hoje acho que entendo alguma coisa disso. O problema de estudar tudo isso é que fui me interessando pelo que era velho, para entender as origens da música que se faz atualmente. Por conseqüência, acabei não dando muita bola para o que ouvia, pois convenhamos que toda a obra do NX Zero é musicalmente, digamos, um pouco inferior à qualidade de qualquer música dos Beatles.
Mesmo assim, ouvi alguma coisa desses últimos anos, por mais que eu tentasse, não consegui me isolar dentro de uma bolha ouvindo Robert Johnson, Nirvana, João Gilberto, Led Zeppelin e outros. Até o ano passado, eu tinha MTV em casa e dava até para dizer que eu gostava um pouco ainda daquilo. Sendo assim, abri a biblioteca do meu Media Player e comecei a catar os sons dos anos 2000 que eu tenho aqui. Depois disso, puxei à memória coisas das quais li ou ouvi falar nos últimos tempos sobre a música contemporânea.
Em termos nacionais, percebi que boa parte do que poderei lembrar daqui a 10 anos estará na minha cabeça mais pelo tanto de coisas que li ou ouvi a respeito do que propriamente tenha escutado com atenção. Há quem diga que Los Hermanos possa ser o grande nome da década aqui no Brasil. Porém, ainda creio que faltou muita coisa aos barbudos que acabaram e agora pretendem voltar. Os caras eram alternativos, mas adoravam aparecer na MTV e na Globo. Nunca foi uma banda de atitude. Tive a oportunidade de assisti-los duas vezes: a primeira, no Planeta Atlântida de 2004, a segunda, no último show da banda em Florianópolis, no final de 2005.
O show no Planeta Atlântida foi, musicalmente, um dos melhores da noite, que ainda teria uma performance memorável do Sepultura (eu fui lá com a intenção de assistir justamente à banda mineira), contudo, o público que esperava sobretudo pelos shows mais animados de Skank, Jota Quest e CPM 22, pouco vibrou ao ver os barbudos no palco. Na verdade, para quem estava mais afastado da pouca muvuca próxima à banda, foi possível perceber muitas pessoas sentadas, descansando para aproveitar os shows que estavam por vir. Na segunda oportunidade, a noite era deles, mas quem, na minha opinião, roubou a cena foi a banda local Samambaia Sound Club, com uma performance muito superior à dos cariocas, que na última hora recusaram dividir o palco principal com as bandas daqui que abririam o show para eles, relegando os locais a um cantinho minúsculo no Lagoa Iate Clube.
Outro nome que vi, também nacional, citado nesse fórum, foi a banda Cansei de Ser Sexy. Sei que o Pedro adora, mas, sinceramente, acho uma cópia barata do rock alternativo feito por bandas como Elastica e até mesmo The Breeders, a qual à um clipe postado aqui no blog. Claro, a opinião é de alguém que ouviu uma única música deles, isso na época que tinha MTV e que odiou o som.
Já no campo internacional, a banda que foi citada como inesquecível para esta década foi o Coldplay. O grupo inglês também nunca foi dos meus preferidos, mas eu até os respeitava. Contudo, isso acabou quando soube da questão do plágio feito sobre uma música de Joe Satriani. Na minha opinião, o lendário guitarrista está com a razão. Meu destaque, porém, fica por conta de outra banda que ouço muito e realmente gosto: The White Stripes.
Eles sequer têm um baixista e a Meg White toca bateria como uma criança de seis anos. Mesmo assim, o som simples, com as guitarras distorcidas de Jack White conseguem me prender por muito tempo ouvindo o som. Às vezes, soa como algo mal feito, mas ainda assim eu gosto. Não sei porquê. Para mim, será a banda desta década que me lembrarei por muito tempo.
E para você, qual será o som que o fará lembrar desta década? Dê a sua opinião nos comentários.
P.S.: Ah, antes que falem, eu também lembrei que as duas maiores manifestações "musicais" do Brasil nesta década foram o funk carioca e o Calipso, mas meu bom senso resolveu retirá-los da discussão.
9 de fevereiro de 2009
5 de fevereiro de 2009
Um lapso
Da janela da sala, começou a ver a movimentação no céu. Ainda eram seis horas da tarde e as luzes na rua começavam a se acender aos poucos. Morava no Centro. Lugar barulhento, sobretudo naquele horário. Era possível ver, da sacada do apartamento, o trânsito absolutamente congestionado; pessoas atravessando em meio aos carros parados nas filas, eventualmente alguns atropelamentos ou abalroamentos entre os veículos.
Como ele morava no segundo andar, acabava ouvindo os xingamentos que uns motoristas faziam aos outros ou aos pedestres e vice-versa. No início, achava aquilo engraçado, até o dia em que ouviu um homem falar uma obscenidade a uma senhora de 60 anos - que por sinal estava com a razão naquele momento – e como nunca havia ouvido falar naquela palavra antes, foi ao Google pesquisar o que significava e ficou horrorizado com o que viu. Na mesma hora, proibiu seus dois filhos de ficarem na sacada naquele horário.
Neste dia, especialmente, resolveu praticar a antiga diversão que deixara há alguns meses e sentou-se na sacada. O vento nordeste ainda soprava de leve, mas ao sul as nuvens negras já não estavam sozinhas. O som dos trovões, cada vez mais alto, já se misturava ao barulho frenético da cidade. As primeiras gotas começaram a cair.
Ele era casado há seis anos. Desde que conhecera a mulher, não olhara mais para outra. A data do dia que descrevemos aqui ficará marcada para sempre na sua vida. Ela aparentava ter pouco mais de 20 anos. Com um vestido preto que começava a cobrir o corpo dela alguns dedos acima do joelho, ela caminhava calmamente. Ele ainda não havia entendido porque seus olhos agora a fitavam, ela jamais imaginaria que havia alguém olhando, então num lance súbito, quase um espasmo, olhou para cima e o viu. Parou.
Ele sabia que amava sua mulher. Era o que seu coração lhe dizia há quase oito anos, quando se beijaram pela primeira vez. Só que agora algo não deixava que ele parasse de olhar. Ela era morena, olhos castanhos. Um clichê diria que seu corpo havia sido moldado por Deus, mas nem a perfeição Dele poderia atingir aquele nível. Os cabelos longos desciam até a metade de suas costas. Ela usava uma pulseira de ouro bastante fina, da qual, estando longe, ele só conseguiu ver o brilho.
Estaria apaixonado? Como, se ele jamais a vira antes? Amor à primeira vista não poderia ser. Nunca acreditou nisso. Antes que pudesse ter qualquer reação, ela se refez, como quem leva um susto e em alguns instantes retorna à realidade, e voltou a caminhar. Aquela imagem o paralisou
Eu estava na janela em frente ao apartamento dele. Vi tudo. Inclusive o momento em que ela entrou na portaria do meu prédio. Em alguns instantes subiu, bateu a porta do meu apartamento e, como se nada tivesse acontecido, disse:
- Meu amor! Quanta saudade! Não agüentava mais ficar longe de você. Eu te amo mais que a qualquer outro.
No outro apartamento, mesmo sem conseguir ouvir, vi a mesma cena acontecendo, enquanto a abraçava forte e esperava um beijo, do mesmo jeito que fazíamos todos os dias. Em seguida, a tempestade caiu com força e a única coisa que ouvíamos era o barulho da chuva.