Desde que Balzac escreveu o clássico livro Ilusões Perdidas, até os dias de hoje, já se passaram quase 200 anos. De lá para cá, o jornalismo, até então incipiente, cresceu e cobriu grandes tragédias humanas. Na sua trajetória, estiveram duas guerras mundiais, uma guerra fria, revoluções socialistas, independência de vários países.
No Brasil, não foi diferente. Também passamos por monarquia, república, revoluções, ditadura. Tudo com os olhos quase sempre atentos da mídia. Nas últimas semanas, O caso da morte da menina Isabella Nardoni levou repórteres, fotógrafos e curiosos a fazerem vigília nos locais onde o casal suspeito de ter cometido o crime passaram.
Em entrevista, o professor de literatura José Miguel Wisnik trata do tema sob a ótica deste livro de Balzac, que mostra as relações entre jornalismo e literatura e de que forma esta e aquela estão intimamente ligadas ao discurso jornalístico.
Repórter: Por que a mídia se interessa tanto com este caso?
José Miguel Wisnik: Toda a imagem é um recorte da realidade, desta forma, se pensarmos na representação literária e no jornalismo, veremos que no primeiro caso, o contexto é dado pela própria história, enquanto que no jornalismo há uma ligação direta do discurso com a realidade. A reportagem nos dá a representação de algo que parece real, próximo.
Repórter: E por que as pessoas compram esse discurso com tanta facilidade?
José Miguel Wisnik: Balzac mostra em Ilusões Perdidas que, a partir da criação dos jornais, os jornalistas tomaram o lugar dos escritores, se tornando intérpretes diários do mundo. No mais, os dois estão muito próximos no sentido de que são baseados, de certa forma, na realidade. Só que o jornalismo acontece todos os dias, aumentando a verossimilhança no discurso, trazendo os leitores para perto do tema.
Repórter: E com relação ao fato de que a mídia pré-condenou e julgou o casal suspeito de cometer o crime, o que o senhor pensa a respeito?
José Miguel Wisnik: Analisando novamente sob a ótica de Balzac, basta lembrar que no mesmo livro há uma passagem em que o autor escreve que, para os jornalistas, “tudo que é provável é verdadeiro”. O jornal é uma máquina de montar e desmontar contextos. A partir do momento em que um fato sai de seu tempo “real”, e vai às páginas do jornal, há uma mudança drástica desse primeiro contexto a partir de pequenos recortes da realidade. Desta forma, fica mais fácil de mudar as idéias ao se transcrever uma fala, por exemplo.
Repórter: Portanto seria possível dizer que o jornalismo e a arte, de certa maneira, explicam todo esse interesse?
José Miguel Wisnik: Só nos sustentamos de ilusões. Os jornalistas também trabalham com ilusão, ficção. Tanto a arte quanto o jornalismo produzem versões que são recortes do mundo.
P.s.: Essa foi mais uma matéria da séria série Entrevistas que não fiz, matérias que inventei, produzida na aula de Redação. As falas de Wisnik são o mais próximo possível do real, baseado em um documentário que já assistimos 32165465170 vezes na faculdade e versa sobre a ética no jornalismo.
No Brasil, não foi diferente. Também passamos por monarquia, república, revoluções, ditadura. Tudo com os olhos quase sempre atentos da mídia. Nas últimas semanas, O caso da morte da menina Isabella Nardoni levou repórteres, fotógrafos e curiosos a fazerem vigília nos locais onde o casal suspeito de ter cometido o crime passaram.
Em entrevista, o professor de literatura José Miguel Wisnik trata do tema sob a ótica deste livro de Balzac, que mostra as relações entre jornalismo e literatura e de que forma esta e aquela estão intimamente ligadas ao discurso jornalístico.
Repórter: Por que a mídia se interessa tanto com este caso?
José Miguel Wisnik: Toda a imagem é um recorte da realidade, desta forma, se pensarmos na representação literária e no jornalismo, veremos que no primeiro caso, o contexto é dado pela própria história, enquanto que no jornalismo há uma ligação direta do discurso com a realidade. A reportagem nos dá a representação de algo que parece real, próximo.
Repórter: E por que as pessoas compram esse discurso com tanta facilidade?
José Miguel Wisnik: Balzac mostra em Ilusões Perdidas que, a partir da criação dos jornais, os jornalistas tomaram o lugar dos escritores, se tornando intérpretes diários do mundo. No mais, os dois estão muito próximos no sentido de que são baseados, de certa forma, na realidade. Só que o jornalismo acontece todos os dias, aumentando a verossimilhança no discurso, trazendo os leitores para perto do tema.
Repórter: E com relação ao fato de que a mídia pré-condenou e julgou o casal suspeito de cometer o crime, o que o senhor pensa a respeito?
José Miguel Wisnik: Analisando novamente sob a ótica de Balzac, basta lembrar que no mesmo livro há uma passagem em que o autor escreve que, para os jornalistas, “tudo que é provável é verdadeiro”. O jornal é uma máquina de montar e desmontar contextos. A partir do momento em que um fato sai de seu tempo “real”, e vai às páginas do jornal, há uma mudança drástica desse primeiro contexto a partir de pequenos recortes da realidade. Desta forma, fica mais fácil de mudar as idéias ao se transcrever uma fala, por exemplo.
Repórter: Portanto seria possível dizer que o jornalismo e a arte, de certa maneira, explicam todo esse interesse?
José Miguel Wisnik: Só nos sustentamos de ilusões. Os jornalistas também trabalham com ilusão, ficção. Tanto a arte quanto o jornalismo produzem versões que são recortes do mundo.
P.s.: Essa foi mais uma matéria da séria série Entrevistas que não fiz, matérias que inventei, produzida na aula de Redação. As falas de Wisnik são o mais próximo possível do real, baseado em um documentário que já assistimos 32165465170 vezes na faculdade e versa sobre a ética no jornalismo.
Um comentário:
Não li, mas gostei, principalmente do PS.
Inacreditável
Mauro
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