Para quem gosta de design, como eu, ótimo blog. Várias peças - e algumas tranqueiras - mostram que, até o que você nunca pensou que existisse, alguém fez. E o que você pensou que era idiota demais para se inventar, também.
Três repórteres, um blog e poucas postagens... =D
24 de abril de 2008
22 de abril de 2008
Isabella, por Balzac
Desde que Balzac escreveu o clássico livro Ilusões Perdidas, até os dias de hoje, já se passaram quase 200 anos. De lá para cá, o jornalismo, até então incipiente, cresceu e cobriu grandes tragédias humanas. Na sua trajetória, estiveram duas guerras mundiais, uma guerra fria, revoluções socialistas, independência de vários países.
No Brasil, não foi diferente. Também passamos por monarquia, república, revoluções, ditadura. Tudo com os olhos quase sempre atentos da mídia. Nas últimas semanas, O caso da morte da menina Isabella Nardoni levou repórteres, fotógrafos e curiosos a fazerem vigília nos locais onde o casal suspeito de ter cometido o crime passaram.
Em entrevista, o professor de literatura José Miguel Wisnik trata do tema sob a ótica deste livro de Balzac, que mostra as relações entre jornalismo e literatura e de que forma esta e aquela estão intimamente ligadas ao discurso jornalístico.
Repórter: Por que a mídia se interessa tanto com este caso?
José Miguel Wisnik: Toda a imagem é um recorte da realidade, desta forma, se pensarmos na representação literária e no jornalismo, veremos que no primeiro caso, o contexto é dado pela própria história, enquanto que no jornalismo há uma ligação direta do discurso com a realidade. A reportagem nos dá a representação de algo que parece real, próximo.
Repórter: E por que as pessoas compram esse discurso com tanta facilidade?
José Miguel Wisnik: Balzac mostra em Ilusões Perdidas que, a partir da criação dos jornais, os jornalistas tomaram o lugar dos escritores, se tornando intérpretes diários do mundo. No mais, os dois estão muito próximos no sentido de que são baseados, de certa forma, na realidade. Só que o jornalismo acontece todos os dias, aumentando a verossimilhança no discurso, trazendo os leitores para perto do tema.
Repórter: E com relação ao fato de que a mídia pré-condenou e julgou o casal suspeito de cometer o crime, o que o senhor pensa a respeito?
José Miguel Wisnik: Analisando novamente sob a ótica de Balzac, basta lembrar que no mesmo livro há uma passagem em que o autor escreve que, para os jornalistas, “tudo que é provável é verdadeiro”. O jornal é uma máquina de montar e desmontar contextos. A partir do momento em que um fato sai de seu tempo “real”, e vai às páginas do jornal, há uma mudança drástica desse primeiro contexto a partir de pequenos recortes da realidade. Desta forma, fica mais fácil de mudar as idéias ao se transcrever uma fala, por exemplo.
Repórter: Portanto seria possível dizer que o jornalismo e a arte, de certa maneira, explicam todo esse interesse?
José Miguel Wisnik: Só nos sustentamos de ilusões. Os jornalistas também trabalham com ilusão, ficção. Tanto a arte quanto o jornalismo produzem versões que são recortes do mundo.
P.s.: Essa foi mais uma matéria da séria série Entrevistas que não fiz, matérias que inventei, produzida na aula de Redação. As falas de Wisnik são o mais próximo possível do real, baseado em um documentário que já assistimos 32165465170 vezes na faculdade e versa sobre a ética no jornalismo.
No Brasil, não foi diferente. Também passamos por monarquia, república, revoluções, ditadura. Tudo com os olhos quase sempre atentos da mídia. Nas últimas semanas, O caso da morte da menina Isabella Nardoni levou repórteres, fotógrafos e curiosos a fazerem vigília nos locais onde o casal suspeito de ter cometido o crime passaram.
Em entrevista, o professor de literatura José Miguel Wisnik trata do tema sob a ótica deste livro de Balzac, que mostra as relações entre jornalismo e literatura e de que forma esta e aquela estão intimamente ligadas ao discurso jornalístico.
Repórter: Por que a mídia se interessa tanto com este caso?
José Miguel Wisnik: Toda a imagem é um recorte da realidade, desta forma, se pensarmos na representação literária e no jornalismo, veremos que no primeiro caso, o contexto é dado pela própria história, enquanto que no jornalismo há uma ligação direta do discurso com a realidade. A reportagem nos dá a representação de algo que parece real, próximo.
Repórter: E por que as pessoas compram esse discurso com tanta facilidade?
José Miguel Wisnik: Balzac mostra em Ilusões Perdidas que, a partir da criação dos jornais, os jornalistas tomaram o lugar dos escritores, se tornando intérpretes diários do mundo. No mais, os dois estão muito próximos no sentido de que são baseados, de certa forma, na realidade. Só que o jornalismo acontece todos os dias, aumentando a verossimilhança no discurso, trazendo os leitores para perto do tema.
Repórter: E com relação ao fato de que a mídia pré-condenou e julgou o casal suspeito de cometer o crime, o que o senhor pensa a respeito?
José Miguel Wisnik: Analisando novamente sob a ótica de Balzac, basta lembrar que no mesmo livro há uma passagem em que o autor escreve que, para os jornalistas, “tudo que é provável é verdadeiro”. O jornal é uma máquina de montar e desmontar contextos. A partir do momento em que um fato sai de seu tempo “real”, e vai às páginas do jornal, há uma mudança drástica desse primeiro contexto a partir de pequenos recortes da realidade. Desta forma, fica mais fácil de mudar as idéias ao se transcrever uma fala, por exemplo.
Repórter: Portanto seria possível dizer que o jornalismo e a arte, de certa maneira, explicam todo esse interesse?
José Miguel Wisnik: Só nos sustentamos de ilusões. Os jornalistas também trabalham com ilusão, ficção. Tanto a arte quanto o jornalismo produzem versões que são recortes do mundo.
P.s.: Essa foi mais uma matéria da séria série Entrevistas que não fiz, matérias que inventei, produzida na aula de Redação. As falas de Wisnik são o mais próximo possível do real, baseado em um documentário que já assistimos 32165465170 vezes na faculdade e versa sobre a ética no jornalismo.
11 de abril de 2008
7 de abril de 2008
a 7 de abril.
No dia do jornalista, uma crítica que pode soar como algo negativo, como uma súplica ou simplesmente as coisas como elas são.
Minha atenção centrou-se na banca de jornal do outro lado da rua enquanto eu ainda me permitia apreciar o perfume exalado da xícara; o café estava quente. Foi quando um mendigo entrou em cena. Sua condição não o tornava menos digno: sorridente, ele se propôs a ajudar um homem cujos papéis foram repentinamente levados pelo vento até a calçada próxima à banca. O cenário constituía-se, tudo de forma muito natural. O meu tempo teimava em não esperar e aproximava-se do limite.
O homem pobre pôs-se diante das capas dos jornais do dia. Estavam todos expostos na parede da banca, de forma a constituir uma diversidade dentro de uma mesmice. Salvo casos raros, as manchetes eram parecidas, as tragédias postas em letras desmedidas e a vida transformada em confusão. Logo me acometeu o pensamento o texto de um escritor que tenho como um de meus preferidos; por coincidência, levava-o em minha pasta para a aula a que assistiria dentro de alguns instantes. Diante do fortalecimento do jornalismo, Machado de Assis afirma essa prática sob uma perspectiva positiva no artigo O Jornal e o Livro. O autor escreve que o jornal é a liberdade, é o povo, é a consciência, é a esperança, é o trabalho, é a civilização.
Ora, de que maneira – perguntaram a mim os meus botões – uma vitrine de tristeza pode representar uma "reprodução diária do espírito do povo"? Por que um impresso dedica um espaço para descrever mortes e não faz o mesmo para noticiar nascimentos? É de se pensar. É o que me fez pensar.
Mas, voltando à cena da manhã ausente de brilho. O mendigo continuava parado, com o olhar fixo que pude perceber pela inclinação de sua cabeça, partilhando das informações de todas as capas ali dispostas. Imaginei-me, pois, na condição dele. O que moveria meu espírito ao perceber o mundo de forma tão negativa? Dizem estar estampada na entrada do prédio em que funciona o jornal New York Times (aquele dos colegas estadounidenses) a expressão
Bad News Good News. Quer dizer: más notícias são boas notícias. Isso explica a concepção difundida entre as redações espalhadas pelo mundo. É claro que não se podem negar as exceções, assim como não é preciso muito esforço para notar que o predomínio no cardápio de notícias de cada dia é de sangue, de ódio, de tragédias.
O sorriso do mendigo já não compunha sua expressão quando ele se voltou em minha direção. No balcão, o café já cumpria com sua função de afugentar meu sono e a xícara estava vazia. O relógio alertava para a escassez do tempo – os cinco minutos eram agora dez. Atravessei a rua. Reconheci verso de Vinicius: tristeza não tem fim, felicidade sim...
O assobio e o canto vinham do personagem dos dez minutos daquela minha manhã.
Jornal-esmo
A caminho do meu mesmo destino de todos os dias, desviei meus passos para tomar um café. Os ponteiros do meu relógio acusavam um intervalo de cinco minutos que me possibilitaram tal ousadia. Eu mal sabia que tão pouco tempo seria mais do que o necessário. O meu dia inteiro estaria, a partir de então, sujeito a uma cadeia de devaneios inconformados.
A caminho do meu mesmo destino de todos os dias, desviei meus passos para tomar um café. Os ponteiros do meu relógio acusavam um intervalo de cinco minutos que me possibilitaram tal ousadia. Eu mal sabia que tão pouco tempo seria mais do que o necessário. O meu dia inteiro estaria, a partir de então, sujeito a uma cadeia de devaneios inconformados.
Minha atenção centrou-se na banca de jornal do outro lado da rua enquanto eu ainda me permitia apreciar o perfume exalado da xícara; o café estava quente. Foi quando um mendigo entrou em cena. Sua condição não o tornava menos digno: sorridente, ele se propôs a ajudar um homem cujos papéis foram repentinamente levados pelo vento até a calçada próxima à banca. O cenário constituía-se, tudo de forma muito natural. O meu tempo teimava em não esperar e aproximava-se do limite.
O homem pobre pôs-se diante das capas dos jornais do dia. Estavam todos expostos na parede da banca, de forma a constituir uma diversidade dentro de uma mesmice. Salvo casos raros, as manchetes eram parecidas, as tragédias postas em letras desmedidas e a vida transformada em confusão. Logo me acometeu o pensamento o texto de um escritor que tenho como um de meus preferidos; por coincidência, levava-o em minha pasta para a aula a que assistiria dentro de alguns instantes. Diante do fortalecimento do jornalismo, Machado de Assis afirma essa prática sob uma perspectiva positiva no artigo O Jornal e o Livro. O autor escreve que o jornal é a liberdade, é o povo, é a consciência, é a esperança, é o trabalho, é a civilização.
Ora, de que maneira – perguntaram a mim os meus botões – uma vitrine de tristeza pode representar uma "reprodução diária do espírito do povo"? Por que um impresso dedica um espaço para descrever mortes e não faz o mesmo para noticiar nascimentos? É de se pensar. É o que me fez pensar.
Mas, voltando à cena da manhã ausente de brilho. O mendigo continuava parado, com o olhar fixo que pude perceber pela inclinação de sua cabeça, partilhando das informações de todas as capas ali dispostas. Imaginei-me, pois, na condição dele. O que moveria meu espírito ao perceber o mundo de forma tão negativa? Dizem estar estampada na entrada do prédio em que funciona o jornal New York Times (aquele dos colegas estadounidenses) a expressão
Bad News Good News. Quer dizer: más notícias são boas notícias. Isso explica a concepção difundida entre as redações espalhadas pelo mundo. É claro que não se podem negar as exceções, assim como não é preciso muito esforço para notar que o predomínio no cardápio de notícias de cada dia é de sangue, de ódio, de tragédias.
O sorriso do mendigo já não compunha sua expressão quando ele se voltou em minha direção. No balcão, o café já cumpria com sua função de afugentar meu sono e a xícara estava vazia. O relógio alertava para a escassez do tempo – os cinco minutos eram agora dez. Atravessei a rua. Reconheci verso de Vinicius: tristeza não tem fim, felicidade sim...
O assobio e o canto vinham do personagem dos dez minutos daquela minha manhã.
Arielli Secco
3 de abril de 2008
Era uma vez um jornal...
As portas do prédio sempre foram abertas a todos. Assim que se entrava, já era possível enxergar, ao fundo, uma sala imensa, cheia de máquinas de escrever nas mesas. Todavia, poucos as usavam ao mesmo tempo. Diriam, em um futuro próximo, que tanta tecnologia assim não deveria ser desperdiçada. Telefones tocavam incessantemente. O ritmo frenético e desordenado das campainhas formava uma desconexa orquestra.
Fumaça de cigarros, pilhas de copos de café, estojos com centenas de canetas e lápis, tudo isso brigava por espaço entre uma imensidão de folhas de papéis espalhados pelas mesas existentes na sala. Aparentemente, não havia a menor organização naquilo. Quem lia o jornal todos os dias jamais poderia imaginar que aquela balbúrdia era o embrião das páginas de diagramação reta e organizada, que iam às ruas todos os dias.
Nas ruas em torno do edifício, vários carros estavam sempre chegando e saindo. Pessoas saíam apressadas deles, corriam para as maquininhas de escrever e só saíam de lá horas depois. Entretanto, apesar da pressa, os homens e mulheres, aparentemente estressados, não hesitavam em cumprimentar quem quer que fosse pela rua.
Em frente ao prédio de arquitetura bucólica, havia um bar. Era lá que todos se reuniam. Diferente de outros profissionais, suas bebedeiras só começavam depois das 10 da noite. Nem todos gostavam daqueles caras, principalmente os poderosos daquela metrópole. Eles eram, todos, contestadores da realidade em que viviam. Não aceitavam que alguém com dinheiro pudesse destruir a vida de outro só por causa de sua classe social.
Só que esse dinheiro dos poderosos financiava a publicação do jornal. De início, as moedas de cobre vinham com singelos anúncios de produtos sem grande importância. A maioria, sequer dava para ser notado, pois vinham escondidos no meio de reportagens com belos textos, que prendiam os leitores até o último ponto final. Um dia, porém, alguém perguntou ao dono do jornal se ele venderia um espaço de meia página. Inicialmente, ele relutou, mas não conseguiu resistir à oferta. Pouco tempo depois, foi uma página inteira, duas, três... Certo dia, a publicação, que nunca havia saído com mais de 20 páginas, chegou a 60.
Pela falta de espaço nas páginas, os textos, que antes eram bem trabalhados, se transformaram em pequenas notas, sendo que a maioria delas era feita por telefone. Como não precisavam mais sair às ruas, as mesinhas começaram a se encher diariamente. O dono do jornal percebeu o fato de que não era mais necessário haver tantas pessoas na redação. A conta era simples: se uma pessoa era capaz de escrever uma matéria de 30 linhas sobre um mesmo assunto, estaria apta a fazer, sozinha, seis notas de cinco linhas.
E assim, as dezenas de mesas viraram uma dúzia. O prédio também deixou de ser necessário. Mudaram-se para uma sala, em um edifício comercial. Os vários carros foram vendidos. Só sobraram dois: um para fazer as poucas reportagens que ainda persistiam – quando faltavam anúncios – e outro para um profissional, que havia sido contratado para vender espaço publicitário.
Ao contrário do que possa parecer, o dono do jornal passou a ganhar mais dinheiro ainda. Deixou de ser apenas alguém que vivia bem e virou milionário. Os populares, que antes defendiam os repórteres, passaram a ignorá-los. Por outro lado, os poderosos chegavam a oferecer presentes constantemente.
Mas a vida continuou na Ilha da Magia Perdida...
Fumaça de cigarros, pilhas de copos de café, estojos com centenas de canetas e lápis, tudo isso brigava por espaço entre uma imensidão de folhas de papéis espalhados pelas mesas existentes na sala. Aparentemente, não havia a menor organização naquilo. Quem lia o jornal todos os dias jamais poderia imaginar que aquela balbúrdia era o embrião das páginas de diagramação reta e organizada, que iam às ruas todos os dias.
Nas ruas em torno do edifício, vários carros estavam sempre chegando e saindo. Pessoas saíam apressadas deles, corriam para as maquininhas de escrever e só saíam de lá horas depois. Entretanto, apesar da pressa, os homens e mulheres, aparentemente estressados, não hesitavam em cumprimentar quem quer que fosse pela rua.
Em frente ao prédio de arquitetura bucólica, havia um bar. Era lá que todos se reuniam. Diferente de outros profissionais, suas bebedeiras só começavam depois das 10 da noite. Nem todos gostavam daqueles caras, principalmente os poderosos daquela metrópole. Eles eram, todos, contestadores da realidade em que viviam. Não aceitavam que alguém com dinheiro pudesse destruir a vida de outro só por causa de sua classe social.
Só que esse dinheiro dos poderosos financiava a publicação do jornal. De início, as moedas de cobre vinham com singelos anúncios de produtos sem grande importância. A maioria, sequer dava para ser notado, pois vinham escondidos no meio de reportagens com belos textos, que prendiam os leitores até o último ponto final. Um dia, porém, alguém perguntou ao dono do jornal se ele venderia um espaço de meia página. Inicialmente, ele relutou, mas não conseguiu resistir à oferta. Pouco tempo depois, foi uma página inteira, duas, três... Certo dia, a publicação, que nunca havia saído com mais de 20 páginas, chegou a 60.
Pela falta de espaço nas páginas, os textos, que antes eram bem trabalhados, se transformaram em pequenas notas, sendo que a maioria delas era feita por telefone. Como não precisavam mais sair às ruas, as mesinhas começaram a se encher diariamente. O dono do jornal percebeu o fato de que não era mais necessário haver tantas pessoas na redação. A conta era simples: se uma pessoa era capaz de escrever uma matéria de 30 linhas sobre um mesmo assunto, estaria apta a fazer, sozinha, seis notas de cinco linhas.
E assim, as dezenas de mesas viraram uma dúzia. O prédio também deixou de ser necessário. Mudaram-se para uma sala, em um edifício comercial. Os vários carros foram vendidos. Só sobraram dois: um para fazer as poucas reportagens que ainda persistiam – quando faltavam anúncios – e outro para um profissional, que havia sido contratado para vender espaço publicitário.
Ao contrário do que possa parecer, o dono do jornal passou a ganhar mais dinheiro ainda. Deixou de ser apenas alguém que vivia bem e virou milionário. Os populares, que antes defendiam os repórteres, passaram a ignorá-los. Por outro lado, os poderosos chegavam a oferecer presentes constantemente.
Mas a vida continuou na Ilha da Magia Perdida...
2 de abril de 2008
crônica jornaleira
Qualquer um que vá a uma banca hoje em dia terá uma infinidade de jornais à disposição. Os de fora já vieram mais para cá. Hoje, quiçá pelo enfraquecimento enfrentado por tal meio, não são mais vistos – caso dos jornais do Rio, O Globo e Jornal do Brasil.
De qualquer forma, temos aqui opções deveras distintas: Os “tradicionais” são o Diário Catarinense e A Notícia. Este, até pouco tempo, era a única voz alternativa à RBS (conglomerado midiático que manda nos estados de SC e RS), era um bom jornal. Todavia, no último ano, as sucessivas investidas dos gaúchos surtiram efeito, e o periódico foi incorporado. No começo nada mudou, porém é natural que suaves mudanças aos poucos afetem sua linha editorial.
Com a maior tiragem do estado, o Diário cumpre seu papel de jornalão local. Sem muitas denúncias, uma reportagemzinha aqui, outra coluna ali. Até que serve para saber o que está acontecendo. Surgiu em 2006 o Notícias do Dia, primeiro jornal “popular” da cidade de Florianópolis. Sua aceitação foi boa, o preço de R$ 0,50 era chamativo e o DC sentiu o baque. Pouco tempo depois apareceu o Hora de Santa Catarina, concorrente lançado pela RBS que, além de custar a metade do Notícias, dava jogos de panelas. No viés do escracho vem o Diarinho, que publica tudo como comédia. As manchetes dispensam comentários: “esposa pega marido com outra na saída do fodódromo”. Impossível não falar no tradicionalíssimo O Estado. Seu fim, com mais de 80 anos, levou boa parte da graça de ler jornal em Florianópolis.
Em cidades grandes, como São Paulo, o cenário é diferente. Uma banca simples, na rua, oferece mais jornais do que se possa imaginar. Uma infinidade de títulos, cores, idiomas. É possível comprar a edição latina do Granma, por exemplo, ou o Corriere della Sera. Claro, os preços não são muito atrativos, mas sem dúvida é bom poder ler notícias do outro lado do mundo compradas na banca da Teodoro Sampaio.
Muitos acreditam que o jornal está fadado ao fracasso, que a internet irá derrubá-lo, etc. Sempre surgem comentários desse tipo, mas o cinema não acabou, o rádio não acabou, a televisão não acabou. Eles mudam, adaptam-se, acompanham a evolução das comunicações. O fato é que o bom e velho jornal está aí, na banca ao lado da sua casa, pronto para quem quiser vê-lo. Então. Que tal aproveitar que o texto acabou e dar uma olhada nas manchetes do dia?
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