24 de setembro de 2006

Arte é Humanidade

Durante a última semana, a nossa turma teve de fazer um trabalho de Ética e Legislação Jornalística, uma das cadeiras que precisamos cursar em nossa faculdade. Enfim, quando lia um dos textos (escrito pelo nosso professor Jaci Rocha), deparei-me com a seguinte frase: "Melhor um homem morto que uma obra de arte destruída!". Segundo Jaci, esta frase foi uma citação do arcebispo de Milão, Martini, em uma entrevista à televisão italiana.

Pois bem, logo abaixo esta citação, nosso professor diz: "Este é um exemplo de uma sentença moral, de um modo de pensar que nenhum homem e mulher bons da cabeça poderiam jamais aprovar. É claro, todos apreciamos obras de arte, porque são tesouros da humanidade, mas a humanidade é bem maior do que seus tesouros. Assim, toda doutrina ética ensina a refutar tais aberrações morais que são afins com todo tipo de preconceito racial, ou outros, contrários a todo sentimento de humanidade”.

Sou obrigado a ir contra o que ele diz. Especialmente no sentido de que as obras de arte são "tesouros da humanidade". Desde que li isso fiquei analisando tanto a citação de Martini, quanto o comentário de Jaci e cheguei à conclusão de que a arte não é um tesouro, mas sim a própria humanidade. Sempre pensei que não passávamos de animais, e a única diferença que possuíamos em relação aos outros seres deste planeta era o fato de podermos mudar completamente a natureza, de acordo com as nossas pretensões, na proporção em que julgássemos necessárias. Percebi então, que temos algo de concreto, que realmente nos difere e nos dá algo de especial nessa breve existência a qual somos submetidos aqui na Terra. E esta diferença é a arte.

Desde o início das civilizações ela sempre esteve presente. Na Idade da Pedra, os homens desenhavam nas paredes os seus medos, as suas conquistas e as suas derrotas. Na religião, desde o símbolo do Yin-Yang da cultura oriental, até os afrescos de Michelangelo na capela sistina, a arte se faz presente. A música nos dá uma dimensão de como se deram as mudanças sociais bastante claras. Basta ouvir músicas barrocas e a música eletrônica, por exemplo. A literatura, então, serviu como base para todas as pesquisas sobre as civilizações antigas.
Jaci diz que a frase que me fez pensar durante toda a semana foi dita por um colecionador de arte durante a Segunda Guerra Mundial. Ainda que para o colecionador a obra de arte fosse importante apenas como objeto estético, eu analiso esta frase sob uma outra ótica. Para mim, a frase do colecionador tem sentido, pois aquele que mata em um momento adverso sem dó nem piedade, ao salvar a obra mostra que no fundo de sua mente, ainda há um resto de humanidade que restou após meses vendo a morte diante de seus olhos. Digo isto baseado em fatos colhidos de um outro livro que acabo de ler: "Lúcio Flavio, o Passageiro da Agonia", de José Louzeiro. Lúcio Flávio foi um assaltante de bancos que se tornou famoso na década de 70, tendo feito 20 fugas, uma mais espetacular que a outra. Ele era uma pessoa extremamente violenta, que matava sem compaixão, todos aqueles que o causassem algum mal, ou a qualquer pessoa de que ele gostasse. Entretanto, durante uma das vezes em que ficou preso, teve contato com as artes plásticas. Louzeiro disse em uma entrevista à revista Caros Amigos "O Lúcio Flávio tinha tudo para ser um grande pintor. Ele queria ser pintor, político ou padre. Só para vocês terem idéia, quando ele morreu, me deixou um livro do Fernando Pessoa todo anotado. Chegou a pintar uns cinqüenta quadros. (...) Com muita influência do Modigliani (...) Uma pessoa doce transformada num bicho". Se uma pessoa doce pode ser transformada num bicho, por que não o contrário?

Arte é indagação, mas também é esperança. É só com a arte e com a cultura que uma civilização prospera. Recuperemos, portanto, quantas obras de arte forem possíveis. E criemos novas obras. Obras que deixem para a posteridade a noção de que uma sociedade melhor é possível. Obras que libertem as mentes. Obras que nos traduzam e que inspirem aqueles que serão traduzidos depois de nós.

21 de setembro de 2006


Céu azul, pássaros voando alto. Clima seco. Uma mistura de cotidiano e ritual. Vida que nasce na copa das árvores e que morre na caça. Sensação de movimento e cena congelada na fração do segundo representado. Contraste. A terra e a pedra. O cinza, o verde e as roupas coloridas que ressaltam o dourado na soberania. Árvores altas de tronco longilíneo deixando a paisagem esguia e imponente. Pessoas e cavalos se confundem no cortejo, disputam espaço no aglomerado. Rostos apáticos aos que seguem o único que procura interagir com o observador, que pede clemência com o olhar.
Depois de um longo caminho, exausto dos seguidores, o recém apossado Rei do Império austro-húngaro, Baltazar VI, deixa seu reino para encontrar aquela que será por imposição sua esposa Manoela, a Tarada. Mal sabe Manoela, a Tarada, que o nobre senhor deixa em seu castelo aquela que será para sempre o seu grande e único amor, a serviçal Frida, a Serelepe.
Bataltazar VI, vulgo Baltinho pensa na amada a qual ficará meses sem desfrutar do amor livre julgado pecaminoso. As sombras da torre acobertavam aqueles encontros proibidos, regados pelo desejo selvagem de quem dá-se ao seu amado.
Enquanto isso, os vassalos seguem seu Rei, acreditando em sua idoneidade, julgando-o um louvor dos costumes e dos valores familiares. Alguém em quem se inspiravam para um dia chegar ao reino dos céus e quiçá atingir riqueza e sabedoria semelhantes ao de seu líder.
Já passa da 1h e, portanto, dia 20 se fez ontem. Ainda assim, uma nota:

" A Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ) completa hoje 60 anos. Neste período a entidade vêm se destacando pela defesa dos interesses dos jornalistas - e de todos os - brasileiros. Bandeiras como a qualidade do jornalismo, a dignidade dos jornalistas, a liberdade de expressão e de imprensa, a consolidação da democracia e justiça social têm dado a tônica das atividades nestas seis décadas.A FENAJ entrou para a história do sindicalismo brasileiro ao ser a primeira federação de trabalhadores a realizar eleições diretas para a diretoria. Não menos importante foi também o engajamento com as principais causas da sociedade civil brasileira, da luta contra a ditadura e do movimento pela anistia ao impeachment de Collor, mostrando a vocação e o destemor diante das grandes batalhas. Sem jamais perder a coragem, a FENAJ também foi a primeira entidade brasileira a assumir a luta pela democratização da comunicação, contra o monopólio dos grandes grupos empresariais e em favor da criação de políticas públicas para o setor."

Assumo o Ctrl+C Ctrl+V acima realizado por conseqüência de um sono incontrolável que barra minha criatividade no momento! Mas, fica registrada a 'velinha a mais' no bolo da FENAJ.



Interessante a quem interesse tiver [a redundância foi proposital!!!]:

"Carlos Castilho vêm à UFSC falar sobre tendências do jornalismo online
19/09 - O jornalista Carlos Castilho estará ministrando a aula inaugural das disciplinas de Webdesign, Redação para Internet e Jornalismo Online da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) na próxima segunda-feira, 25 de setembro. A palestra, que terá como foco a questão da mudança de valores e rotinas no jornalismo através da Internet, ocorre a partir das 14 horas no Auditório do Centro de Comunicação e Expressão (CCE).O evento, aberto ao público, é promovido pelo Núcleo de TV Digital e pelo Núcleo de Produção editorial do Curso de Jornalismo da UFSC.Castilho, que já foi - entre outros - editor internacional do JB, correspondente do jornal português Público, chefe do escritório da TV Globo em Londres, mantém atualmente o blog Código Aberto no site Observatório da Imprensa."

Foi outro Ctrl+C Ctrl+V assumido! Não façam isso em casa!





Beijos aos aspirantes e a quem mais por aqui passar! :)

18 de setembro de 2006

Nunca entendi muito de política. Assim como quase todas as pessoas que conheço não gosto de falar do assunto, sou alheia ao que acontece e geralmente me sinto ignorante ao que se refere ao tema. E – vergonhosamente – admito ter preconceito com campanha eleitoral.
Este ano, entretanto, de alguma forma vi-me interessada nas eleições. Lembro que a primeira vez que votei, fiquei muito emocionada por poder exercer minha cidadania, senti o quão participativa da democracia seria naquele momento tão simplório da votação. E é essa sensação que tenho agora.
Na história do Brasil, aparecem em diversos momentos, personagens lutando pela possibilidade de votar. Basta pensar nos muitos casos de pensadores que foram violentamente agredidos e algumas vezes exilados em prol dessa busca pela liberdade de se expressar e participar da democracia, no período da ditadura militar.
Lutava-se incessantemente pelo direito de votar e nós brasileiros privilegiados que somos – ironicamente - distorcemos nossa visão. Não votamos pelo DIREITO de votar, e sim pelo DEVER. Reclamamos constantemente que estamos insatisfeitos com o que acontece no meio político, ao mesmo tempo em que nos colocamos de fora da situação. Concedemos aos poucos interessados no assunto o nosso direito de participar.
Sou contra a obrigatoriedade do voto, totalmente a favor do voto livre, espontâneo. Creio que nesse caso, pensaríamos melhor em quem votar. E dificultaria a manipulação daqueles que ainda compram votos. Mas já que, por enquanto, não temos opção, então que no dia 30 façamos de forma consciente e responsável. Assim, teremos feito nossa parte. Cabe aos eleitos fazer o quê se propuseram a fazer.

16 de setembro de 2006

Cheio de dedos

Três cadeiras estão no palco do Teatro Álvaro de Carvalho,aguardando a chegada dos músicos.É noite de sexta-feira,15 de setembro.
O projeto Floripa Instrumental trouxe à cidade bons nomes da música brasileira, quarta foi o gaúcho Renato Borghetti,quinta o mineiro Toninho Horta.O último dia reservou-se a Guinga,violonista e compositor de Madureira,RJ.Marcado para as 20h30,começa com pouco mais de 15 minutos de atraso.Com um moletom azul-marinho escrito ‘ST2’,sobe ao palco sob intensos aplausos.À sua direita Jessé Sadoc,a cargo dos metais.Retira o violão do case,engata o cabo,dá uma pequena saudação à platéia.Inicia-se então o espetáculo.
Os dedos da mão direita acariciam as cordas,os da esquerda precionam-nas firmemente,deslizando entre as casas.As luzes do palco incidem sobre os instrumentos,produzindo reflexos difusos nas paredes históricas do TAC.Violão e trompete fundem-se em fluxos e devaneios acompanhados de perto pelo público que lota a casa.Após duas canções Guinga fica só –Jessé sairia e voltaria algumas vezes– demonstrando sua maestria,seu dom para tocar violão.
O banco da esquerda é finalmente ocupado;vem ao palco Marcus Tardelli,apresentado por Guinga como maior violonista do Brasil.O elogio não é a toa.É “obrigado” pelo dono do show a tocar duas músicas,o instrumento apenas com microfone,como João.Depois um duo de violões,Jessé volta ao palco.A voz rouca –e padecendo de alguma tosse– de Guinga canta ‘Noturno Copacabana’,parceria com Francisco Bosco,filho de outro João.Também ‘Senhorinha’,homenagem à filha,feita com Paulo César Pinheiro.
Retiram-se do palco já sabendo que voltam para o bis.Tocam mais uma música,o show termina por volta das 22h.A extrema competência é recompensada com aplausos deveras entusiasmados.Fica,tanto nos músicos quanto no público,a certeza de uma ótima noite.

14 de setembro de 2006



Esse é um blog sério!
...tá, nem tanto assim.

Esse é um blog crítico!
...sim, aceitamos críticas também.

Esse é um blog correto!
...não, ainda somos humanos.

Esse é...um blog!


O intuito é ter um espaço em que uma turma de estudantes de jornalismo possam publicar seus devaneios, seus medos, seus anseios, seus primeiros trabalhos e até uma piada. Enquanto não temos nenhum superior azucrinando nossas orelhas e predeterminando o que temos ou não que falar, escrever, fotografar ou gravar, exploramos uma tal de liberdade [sem aprofundar muito o conceito] e não poupamos pensamentos.
E por que não pensar em uma revolução? Uma retomada de princípios que foram deixados no acostamento do jornalismo que é posto em prática [ou que deixa de ser praticado, e esse é o problema] atualmente. Matérias revestidas de publicidade, de política, de interesses, de qualquer coisa, menos de informação. O olho nem tudo vê!

Não só aspirantes a jornalistas. Somos aspirantes a mudanças! Aspirantes e atuantes! Porque não adianta só ficar se perguntando 'e agora, José?' e sair correndo quando apagarem a luz!



Importante ressaltar que somos uma turma unida que permanece unida e segue unida desde o começo do começo da união, no primeiro semestre de 2005. Como sempre escrevemos nos cabeçalhos: CJM/Unisul.





Por Arielli Secco
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