5 de junho de 2011

terra de contrastes

Almoço de domingo, provo um arroz temperado com frango feito por minha anfitriã. Ela diz que é um pouquinho temperado. É um prato muito gostoso, mas preciso tomar uns quatro pints para rebater a pimenta. Enquanto como ela pergunta sobre o que estou achando de Londres. Respondo que estou gostando muito da cidade, muitos lugares, muitas pessoas. Ela começa então a me contar um pouco sobre sua vivência aqui. Não gosta muito da cidade, pois acha as pessoas muito frias. Esteve em nova York e achou-a melhor, pois as pessoas são mais receptivas.


Pergunto se a cidade estadunidense não é como aqui, e ela cita uma diferença significativa. Lá, a cidade foi formada pelos imigrantes, todos então sentem-se locais, ao passo que a capital britânica sempre teve seus habitantes e apenas foi recebendo levas de imigrantes. Ou seja, você nunca deixará de ser um estrangeiro, e eles fazem questão de deixar isto claro. Pelo que ela conta, o sistema aqui é baseado nesta balança de imigrantes/locais, pois os trabalhos mais simples nunca são feitos por um inglês. De fato as milhares de lojinhas que estão em todas as ruas são tocadas por indianos, os motoristas de ônibus, atendentes de supermercado... raramente é dada oportunidade a uma ocupação melhor. Ao passo que não há inglês servindo lanche no pret-a-mange, porém, segundo ela, muito mais oportunidades de carreira serão oferecidas. Diferente de nova York, aonde africanos, asiáticos, italianos, todos tem chances de alçar uma carreira de sucesso.


Quando falo sobre os indianos, ela diz serem um caso a parte. A Índia foi colonizado por ingleses, e os primeiros indianos começaram a vir para cá nos anos 60. Foram eles que escavaram e construíram o famoso metrô londrino, os grandes prédios comerciais. Muitos são descendentes, cidadãos ingleses. Ela compara a uma via de mão dupla; muitos dos vindos das ex-colônias, tão exploradas e saqueadas nos séculos passados vem agora buscar sua chance de vida. Ela reconhece vários pontos positivos do sistema inglês, como sistema de saúde gratuito, ajuda aos desempregados. Porém isto acabou gerando uma margem na qual milhares de pessoas vivem às custas governo. O que não é nada certo, ela afirma; mas uma vez abertas as portas para imigração, não se pode distinguir quem vem para trabalhar ou para aproveitar.


A conversa termina com um “oh God, preciso organizar as coisas”. Termino o arroz com frango e mais uns três copos de água.

2 comentários:

Brandão disse...

Já tax entendendo tudinho? Ô istepô!

Pedro disse...

masômeno, mas tem que se virar né.

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