1 de junho de 2011

A final e o futebol

Muita gente. É a primeira coisa que se pensa ao chegar no estádio de Wembley, palco da final da liga dos campeões 10-11. O jogo entre Barcelona e Manchester United será transmitido ao vivo para centenas de países e, possivelmente, é o evento esportivo mais esperado após a final da copa do mundo. A partida marca também o duelo entre o futebol alegre e ofensivo do barça, comandado por Messi e Cia, contra a retranca inglesa do Manchester.


O belo estádio está decorado com inúmeros emblemas da Uefa, da final e dos clubes. Nas redondezas existem banquinhas aonde podem ser adquiridas camisetas (dos clubes e do torneio), guia oficial, cachecóis, bonés, bandeiras. Compro um cachecol, de um lado os nomes e emblemas dos finalistas, do outro dizeres da final, data e estádio. Os preços variam: uma camisa oficial por exemplo sai por 50 libras. O boné 20, cachecol de 15 ou 20, o guia 10. Isto dá oportunidade de todos adquirirem alguma lembrança, e a preferida sem dúvida é o adereço para o pescoço, em diversos modelos. Outros espaços reproduzem vestiários, para quem quizer tirar uma foto, painéis coa altura dos jogadores, e lanches. Ou seja, tudo é pensado para gerar receita e entreter o torcedor. Quem entra no estádio é bem tratado, são várias entradas (nas minhas contas 14), cada uma com umas 10 catracas. Com isto as filas são bem reduzidas.


Caminhar por ali faz-me pensar como estamos atrasados futebolisticamente falando. E, não refiro-me aqui a construir estádios megalomaníacos com rios de dinheiro público. Falta, aos nossos cartolas e poder público, entender que futebol pode ser altamente lucrativo. Contudo, é preciso respeitar o torcedor. Aqui cheguei ao estádio rapidamente, de ônibus. Na Ressacada, no mínimo tenho de sair de casa duas horas antes do jogo. Lembrei das notícias sobre confusões para venda de ingressos nas finais de Libertadores, a organização pífia de nossos estádios. Sobretudo, como seria bom se agora estivesse jogando meu time, com toda essa estrutura. Enfim...


Circulam pessoas do mundo todo, e muitos vestem camisas de seus países ou clubes. Do Brasil, vejo palmeiras, flamengo, atlético-mg, fluminense entre outros. Há também argentinos, portugueses e muitos, muitos mexicanos. Para eles o jovem atacante Chicharito Hernández é um ídolo nacional. Torcedores de ambos times caminham lado a lado sem problemas – e o esquema de segurança é fortíssimo. Ouço várias sirenes, porém não vejo qualquer indício de tumulto. Muito lixo é jogado no chão, todavia garis andam para lá e para cá com “pinças” para juntar o que é indevidamente largado. A provocação, porém, é inevitável, e os ingleses chacoteiam bastante os espanhóis.


Há uma certa diferença entra os fans e os inchas. Estes trazem bandeiras da Catalunha, cartazes em seu dialeto; há várias e belas catalãs; em sua maioria são tranqüilos. Aqueles em sua maioria vestem apenas camisetas, alguns também cachecol. Nos bares em volta o estereótipo dos hooligans, rapazes carecas, quase rosados, que cinco horas antes da partida estão bebendo e gritando cantos. Impressiona a quantidade de cerveja que ingerem, e mais ainda como conseguem ficar de pé até o inicio do jogo. Como bom brasileiro, achava que em meu país os torcedores eram os mais fanáticos, depois dos argentinos. Quiçá esteja enganado. De qualquer forma, acho que os ingleses tem uma forma diferente de torcer.


Faltando 20 minutos para o pontapé inicial, avisos são transmitidos pelo alto falante em inglês e espanhol alertando o publico para tomarem seus lugares. Um deles também sobre a proibição de fumar no interior de Wembley. Às 7:45 são poucos que, como eu, ainda perambulam. Minha idéia era assistir o embate em algum bar ali perto, mas para meu espanto todos estão fechados. Sou obrigado a tomar um ônibus e saltar em frente ao bar ox and gate. Ali, num autêntico pub inglês, presencio o baile azul-grená. No gol de Messi meio bar levanta; claro, secar o adversário é atividade universal.


Vou-me ouvindo a algazarra dos rivais do Manchester – ali ninguém era de fato torcedor do Barça. E feliz, pela vitória do futebol bonito e por estar em plena final do maior torneio de clubes do planeta.

***

FICHA TÉCNICA

BARCELONA 3 x 1 MANCHESTER UNITED

Local: Estádio de Wembley, em Londres (Inglaterra)

Data: 28 de maio de 2011, sábado

Horário: 15h45 (horário de Brasília)

Público: 87.695 presentes

Árbitro: Viktor Kassai (Hungria)

Assistentes: Gabor Eros e Gyorgy Ring (ambos da Hungria) Cartões amarelos: Daniel Alves e Valdés (Barcelona); Carrick e Valencia (Manchester United)

GOLS:

BARCELONA: Pedro, aos 27 minutos do primeiro tempo

MANCHESTER UNITED: Rooney, aos 33 minutos do primeiro tempo; Messi, aos nove, e Villa, aos 24 minutos do segundo tempo

BARCELONA: Valdés; Daniel Alves (Puyol), Piqué, Mascherano e Abidal; Busquets, Xavi e Iniesta; Pedro (Afellay), Messi e David Villa (Keita)

Técnico: Pep Guardiola

MANCHESTER UNITED: Van der Sar; Fábio (Nani), Vidic, Ferdinand e Evra; Carrick (Scholes), Park Ji-Sung, Giggs e Valencia; Rooney e Chicharito

Técnico: Alex Ferguson

Um comentário:

Anônimo disse...

Já dá para pedir trabalho no sport tv.
Abs
Brandão

Locations of visitors to this page