8 de abril de 2007

Programa Dominical

Não costumo assistir o programa do Raul Gil. Contudo, o “homenagem ao artista” de hoje recebia um dos maiores violonistas de nosso país, Toquinho. De prima pensei “pô, Toquinho no Raul Gil, como é que pode”. Acusam-me muitas vezes de radical, talvez de fato seja. O fato é que, a priori, não engoli ver o Toquinho num programa dominical da Bandeirantes. E aposto que uma porção de gente deve ter pensado a mesma coisa. A nata da pseudo-intelectualidade que não aceita ver um bom artista na grande mídia. Que acha que programa popular só deve receber pagodeiros, sertanejos e outros tipos não muito sofisticados.

Depois pensei um pouco. Que atitude mais reaça poderia eu ter? Queixo-me tanto que o brasileiro é um povo sem cultura, que só gosta de música ruim. E o que fazer para mudar isso? Hoje vi um exemplo. Certamente milhares que viram o programa conheceram mais da vida e obra do compositor. Talvez alguém que conhecia-o “por cima” queira saber mais, e quem desconhecia teve o prazer de ouvi-lo cantar “Tarde em Itapoã”.

Não quero dizer que o programa Raul Gil seja o salvador da pátria. O formato do programa mistura depoimentos com novos artistas que cantam musicas do homenageado da vez. Tais artistas devem ser ex-calouros do próprio Raul, imagino. Não gosto deles cantando, é deveras forçado. Como no Faustão, alguns depoimentos são carregados no quesito dramalhão. Ainda assim, deram seu recado Carlinhos Lyra, Francis Hime e outras figuras da Bossa Nova. E não faltou o próprio Toquinho tocando seu finíssimo violão, ao vivo.

Que a programação brasileira tem muita porcaria, indiscutível. E que televisão no domingo é um monte de merda que culmina no Fantástico, idem.Se tivéssemos a chance, entretanto, de por pelo menos uma hora ver Chico, Bethânia, ou especiais sobre Tomzinho e outros nomes da genial música brasileira, nosso povo estaria melhor assistido.

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