14 de abril de 2007

Como se não bastasse a derrota

Fazia um tempo que não ia na Ressacada. Hoje tem clássico, mexe com a cidade, é gostoso. Cabulo a aula de latim e pouco depois das seis e meia estou indo para o estádio. A fila, que sempre é terrível, hoje é pior, com o carro parando o tempo todo. Mesmo assim chego uma hora antes do jogo, pronto para comprar o ingresso e entrar. Aí começa o problema. A Ressacada passou por reformas, agora a bilheteria tem oito guichês. Quatro estavam funcionando. Espero chegar e minha vez, e... surpresa. Com a reforma ingresso mais barato custa R$ 20, para ficar atrás do gol. Uma área pequena, não passa de 3 mil lugares. Todos vendidos.

Tudo, penso, compro a meia entrada da cadeira. As antigas sociais custam R$ 60, as novas cadeiras – onde era a geral – R$ 30. Porém, o vendedor fala que não tem meia entrada, simplesmente não existe. Apesar da lei, e com muita reclamação, sem chance. Tudo que ouço é “quer reclamar vai na secretaria”. Vou, só que o segurança não me deixa entrar, diz que reclamações são em outro local. Local esse com uma fila para quem é sócio pegar a entrada. Assim eles mandam o torcedor otário de um lado para outro, e o jogo prestes a começar.

Estamos em cinco, ninguém tem dinheiro para custear a inteira. Os cambistas querem vender o ingresso da descoberta ao preço da cadeira. Vão todos se fuder, por isso que esgota. Começa a garoar, uma equipe da tv Record passa por nós. A repórter se dirige a mim; não fala nada, apenas segura o microfone para que eu diga algo. E eu falo. Digo que é um absurdo, que chegamos cedo, todos com carteirinha de estudante na mão e eles não venderam, que fazem o torcedor de idiota. Enquanto falo ela mexe a cabeça, como quem quer dizer “é isso aí, pode falar”. Ela então pergunta “e o Avaí?” Respondo rápido, “o que Avaí se arrombe, quero é minha meia entrada”.

O jogo começou e estamos na rua. Num lance de sorte, um que estava conosco encontra o pai, e empresta dinheiro para que compremos o bilhete. Mais fila. Quando vamos para o portão, a fileira de torcedores quase dá a volta no estádio. Como disse Fernando Morais, mandei minha consciência e para as cucuias e entrei lá na frente, numa furada magistral. Dentro, há uma escada de três metros de largura, por onde sobe-se às arquibancadas. É muita, muita gente, não duvido que tenham vendido ingressos a além do permitido.

Com as cadeiras é preciso cuidado para não tropeçar – alem de não sobrar espaço para ficar em pé tranquilamente – enquanto procuramos lugar para ficar. Transformaram o estádio, ficou uma bosta. Além do ingresso caríssimo, não há lugar para a “geral” além de minúsculo espaço atrás do gol. Será que pensam que aqui é a Europa, onde quem vai ao estádio paga, por baixo, uns 50 euros? Se pensam, faltou a organização impecável dos campos do velho mundo.

Na saída uma meia hora parado fora do carro, esperando a montoeira de carros andarem. Quando saímos, não perdemos o privilégio de ficar trancado nos entornos da Ressacada. Chego em casa passa da meia noite.

Ah, o Avaí perdeu o jogo.

Ironia – No último jogo que fui, ano passado, perdi meu celular. Ele custava cem reais. Ontem, entrando no portão B, achei um, moderno, daqueles que abrem e tem um tecladinho. Deve valer uma nota. Já está nas mãos do dono

Um comentário:

Li...! disse...

E é capaz de cortarem na edição a parte em que você contestou o problema dos ingressos...mas você tem que ver que o Avaí (...)


Peeeeeeeedro, bom texto! e ótima atitude para com o celular :)



beijo, aspirante blogueiro persistente!

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