31 de julho de 2009

Ainda não são seis horas, todavia as luzes dos postes estão acesas. Chove, está frio, típico dia de inverno. Pergunto se há mesas no andar superior. Sim, peço um expresso pequeno com bastante leite e subo. Dentro do café não está tão frio, tiro o casaco e ligo o computador.

As quatro mesas ficam dispostas como um quadrado: à minha esquerda quatro senhoras jogam canastra, inclusive com um tampo extra com forro de tecido verde; à direita três mulheres que não me parecem ter muito o que fazer; na diagonal uma garota.

Sozinha, tem à frente uma pasta, folhas, desenha. Usa casaco preto sobre blusa listrada em preto e verde. Um case de violão encostado na parede, de certo ela toca também. Diria que faz faculdade de moda, porém quiçá plásticas. Tem all-star vermelho e brincos distintos em cada orelha. Seu telefone toca. Ela fala inglês, qualquer coisa que não entendo e não escuto, se arruma e sai. Despede-se de umas das três moças, em português. Pena que saiu, outrora poderia até pedir-lhe para ocupar a mesa. Entendo a mulher dizer para as amigas que ela chama-se tiffany e vive aqui. Tiffany. Não seu se é assim que se escreve, só sei que é seu nome e que mora aqui. Já é alguma coisa.
Acaba a partida das senhoras, que contam os pontos sob alguma polêmica. Conversam animadamente durante a jogatina, uma diz que precisa comprar leite, está em promoção por um e quarenta. As três da mesa ao lado vão embora. Não demora dez minutos chegam um homem e uma menina, deve ter seu 13 ou 14 anos, com calça skinny cinza xadrez parecida coa minha. Pai e filha, suponho. Cada um com um laptop, falam inglês. Interessante. Ele também utiliza um palmtop, pelo menos acho que é. Não entendo dessas tecnologias. Toca o telefone dele, atende em portugês e passa para a filha, é filha mesmo. Ela conversa com o outro lado num português fluente. Pergunta ao pai, em inglês, se pode levá-la ao shopping, pede para avisá-la não sei o que via msn.
As senhoras seguem empolgadas na jogatina. A menina chegou com um cd, não enxerguei o que era. A capa lembrou-me soda stereo. Está sentada com as pernas cruzadas, fones de arco no ouvido e tem expressão de divertimento, com alguns sorrisinhos. Seu dad fica mais com o palm do que com o pc sobre a mesa, não sei porque o trouxe.
Olhando bem para o rosto dela, até pode ser parente da outra. O pai vai embora, pelo que entendo dá aula ou algo do tipo. Combinaram que enquanto ele faz seu compromisso ela fica no shopping. Ela fica ali, se encontrarão mais tarde. Continua chovendo. Volta e meia uma garçonete sobe, olha, leva ou trás uma cadeira. Voltou, o pai. Entrega um creme para a menina, que o passa nas mãos. O cheiro é agradável. Deve estar frio lá fora.


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