A Fórmula da Reportagem
Quem passasse pelo hall do espaço hipermídia na noite da última sexta-feira poderia pensar que ali acontecia apenas mais uma reunião de alunos. Acadêmicos de jornalismo e cinema saboreavam os acepipes feitos pelos também acadêmicos da gastronomia. Um olhar mais atento, todavia, indicaria o motivo do ágape: entre os jovens, um senhor de cabelos brancos, olhos profundos e pesado casaco belisca alguns dos petiscos enquanto toma guaraná. Aproveito para ter meu O Gosto da Guerra autografado. José Hamilton Ribeiro, o repórter do século, preparava-se para sua palestra no encerramento da Semana da Comunicação da Unisul.
Passava pouco das sete e meia quando Zé entrou no auditório do bloco C. Após as formalidades, foi-lhe entregue um prêmio da Massey Ferguson, ao qual o repórter não pode comparecer. Sentado à mesa, Zé começa a falar sobre grande reportagem. Cita frases de Joel Silveira e Rubem Braga, dizendo que “um bom texto começa com letra maiúscula e termina com ponto final”. Levanta, vai até o cavalete e escreve a sua fórmula para feitura de boa grande reportagem: GR=(BC+BF)X(T.T’)n.
Senta novamente, deixa a equação de lado e aponta alguns fatores que considera fundamentais: cuidado com superlativos, usá-los com provavelmente ou possivelmente. Tentar dar uma alma feminina ao texto. Sobre isso, brinca que a notícia é uma fofoca confirmada, e comenta o avanço das mulheres nas redações: “daqui a pouco elas dominam se deixar”. Na questão imparcialidade, “é uma quimera” afirma. Lembra da cobertura de guerra, onde dificilmente se diferencia o que deixa de ser informação e vira traição.
Sua incrível simplicidade pode fazer com que algum desavisado não pense que é este cidadão o maior ganhador da história do Prêmio Esso, vencedor em sete edições. 72 anos de vida, sendo 52 dedicados ao jornalismo – a carreira, aliás, começou na Faculdade Cásper Libero, ao contrário de muitos colegas de profissão que exerceram a carreira apenas “na prática”. Além de jornalista, é também bacharel em direito. Dentre seus livros estão O Gosto da Guerra, sobre a experiência no Vietnã; Os Tropeiros, no qual conta a história da reportagem feita pelo Globo Rural que refez os 1.760km percorridos nos séculos 18 e 19 entre pampas e sudeste; e Música Caipira – As 270 Maiores Modas de Todos os Tempo.
Zé diz ter aprendido três coisas em sua vida, “azeitona preta é tingida, as torneiras quentes geralmente são as da esquerda e de ovo de cobra não nasce passarinho. O resto, tem que aprender todo dia”. Explica, então, sua fórmula da seguinte forma: GR significa grande reportagem; BC é um bom começo; BF um bom final; T representa o talento e T’ o trabalho; elevados a n, ou seja, o quanto for preciso. Por fim, dita a lei de Newton do jornalismo – não aquele Newton, mas Nilton Pelegrini, câmera da Globo: “matéria atrai matéria na razão direta da pauta e no inverso ao quadrado da preguiça”. Não é a toa que Zé Hamilton chegou onde chegou.
Quem passasse pelo hall do espaço hipermídia na noite da última sexta-feira poderia pensar que ali acontecia apenas mais uma reunião de alunos. Acadêmicos de jornalismo e cinema saboreavam os acepipes feitos pelos também acadêmicos da gastronomia. Um olhar mais atento, todavia, indicaria o motivo do ágape: entre os jovens, um senhor de cabelos brancos, olhos profundos e pesado casaco belisca alguns dos petiscos enquanto toma guaraná. Aproveito para ter meu O Gosto da Guerra autografado. José Hamilton Ribeiro, o repórter do século, preparava-se para sua palestra no encerramento da Semana da Comunicação da Unisul.
Passava pouco das sete e meia quando Zé entrou no auditório do bloco C. Após as formalidades, foi-lhe entregue um prêmio da Massey Ferguson, ao qual o repórter não pode comparecer. Sentado à mesa, Zé começa a falar sobre grande reportagem. Cita frases de Joel Silveira e Rubem Braga, dizendo que “um bom texto começa com letra maiúscula e termina com ponto final”. Levanta, vai até o cavalete e escreve a sua fórmula para feitura de boa grande reportagem: GR=(BC+BF)X(T.T’)n.
Senta novamente, deixa a equação de lado e aponta alguns fatores que considera fundamentais: cuidado com superlativos, usá-los com provavelmente ou possivelmente. Tentar dar uma alma feminina ao texto. Sobre isso, brinca que a notícia é uma fofoca confirmada, e comenta o avanço das mulheres nas redações: “daqui a pouco elas dominam se deixar”. Na questão imparcialidade, “é uma quimera” afirma. Lembra da cobertura de guerra, onde dificilmente se diferencia o que deixa de ser informação e vira traição.
Sua incrível simplicidade pode fazer com que algum desavisado não pense que é este cidadão o maior ganhador da história do Prêmio Esso, vencedor em sete edições. 72 anos de vida, sendo 52 dedicados ao jornalismo – a carreira, aliás, começou na Faculdade Cásper Libero, ao contrário de muitos colegas de profissão que exerceram a carreira apenas “na prática”. Além de jornalista, é também bacharel em direito. Dentre seus livros estão O Gosto da Guerra, sobre a experiência no Vietnã; Os Tropeiros, no qual conta a história da reportagem feita pelo Globo Rural que refez os 1.760km percorridos nos séculos 18 e 19 entre pampas e sudeste; e Música Caipira – As 270 Maiores Modas de Todos os Tempo.
Zé diz ter aprendido três coisas em sua vida, “azeitona preta é tingida, as torneiras quentes geralmente são as da esquerda e de ovo de cobra não nasce passarinho. O resto, tem que aprender todo dia”. Explica, então, sua fórmula da seguinte forma: GR significa grande reportagem; BC é um bom começo; BF um bom final; T representa o talento e T’ o trabalho; elevados a n, ou seja, o quanto for preciso. Por fim, dita a lei de Newton do jornalismo – não aquele Newton, mas Nilton Pelegrini, câmera da Globo: “matéria atrai matéria na razão direta da pauta e no inverso ao quadrado da preguiça”. Não é a toa que Zé Hamilton chegou onde chegou.